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setembro 18, 2024
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Neosporose bovina, um inimigo oculto da pecuária leiteira

Para um sistema eficiente de produção, torna-se cada vez mais necessário o entendimento das patologias que interferem na saúde e na produção do animal, pois, juntamente com elas, o impacto econômico negativo é realçado, comprometendo o capital do produtor.

A neosporose bovina, talvez seja uma doença pouco abordada no âmbito da pecuária leiteira. Constantemente encontramos produtores e técnicos com alto embasamento em diversas causas de aborto como rinotraqueíte infecciosa bovina (IBR), diarréia viral bovina (BVD), Trueperella pyogenes, brucelose e até mesmo causas extrínsecas relacionadas à sazonalidade e a agentes tóxicos, entretanto o controle da neosporose é de difícil visualização em propriedades leiteiras.

O que é a neosporose?

A neosporose é causada por um parasita chamado Neospora caninum (N. caninum), que não apenas acomete bovinos, mas também ovinos, caprinos, equinos, felinos, cervídeos e bubalinos. Entretanto, estes não são caracterizados como hospedeiros definitivos, ou seja, o parasita não completa seu desenvolvimento nos animais citados, necessitando então de um hospedeiro completo para seu fechamento cíclico. Este hospedeiro definitivo são os canídeos, principalmente o cão doméstico, que é facilmente encontrado nas propriedades rurais com livre acesso ao rebanho.

Quais os prejuízos dessa doença?

Em cenário mundial, a neosporose é considerada uma das principais doenças causadoras de aborto em ruminantes, ocasionando assim, falhas reprodutivas significativas. Economicamente, torna-se necessário maior aporte literário para mensurar um valor causado apenas pelo parasita, porém, qualquer perda gestacional é vista como prejuízo para os produtores.

Além de aborto, outros prejuízos são associados à doença, como mortalidade de embriões, perda na produtividade leiteira e nascimento de animais com anomalias. Importante ressaltar que nem sempre o aborto está presente, e em alguns casos pode estar presente apenas na primeira gestação, o que torna ainda menos visível a presença do parasita.

Como é a transmissão?

Na literatura são citadas duas formas de transmissão, sendo uma pelo contato com oocistos esporulados no ambiente, fômites, alimentos e restos fetais. Outra forma de transmissão seria a vertical, ou seja, transplacentária, onde o animal ao nascer, já é hospedeiro do parasita, provocando perdas zootécnicas e falhas reprodutivas.

A transmissão vertical então é descrita como uma característica da doença que torna difícil o controle no rebanho. Alguns fatores como imunidade da fêmea, e período gestacional, ocasionalmente podem interferir no grau de infecção fetal.

Como diagnosticar?

Para diagnóstico da neosporose em fetos abortados, é necessário a coleta de amostras específicas, como restos placentários, líquidos fetais, cérebro, coração e fígado. Já em animais adultos é necessária uma pesquisa de anticorpos no sangue, leite, colostro, fluidos vaginais e saliva. Testes sorológicos são comumente usados como Ensaio de imunoabsorção enzimática (ELISA), Reação da polimerase em cadeia (PCR) e exame de antiglobulina direto (NAT) em amostras de soro.

O que fazer se meu rebanho for diagnosticado?

Ao conhecer a doença em seu rebanho, assim como várias outras, é necessário iniciar medidas de controle de infecção para que os animais presentes não venham a contribuir para a disseminação da doença. Se possível, o descarte voluntário de animais que possuem a doença é visto como uma solução plausível a longo prazo para controle.

Como controlar?

O controle da doença consiste primariamente na identificação dos animais que possuem o parasita, e na quebra do ciclo do parasita. Para evitar que ele seja transmitido, controle de canídeos na propriedade, controle de receptoras, controle sanitário de venda e compra e medidas higiênicas, são o caminho para o controle da neosporose.

Atualmente não existem vacinas disponíveis no mercado, o que seria uma ótima alternativa para o controle. Existem estudos que visam o desenvolvimento da mesma, e, uma vacina comercial existiu no mercado recente, porém foi retirada devido à sua baixa eficácia em ensaios no campo.

Fonte: Destaque Rural

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