28.5 C
Franca
maio 18, 2024
Agricultura

Publicação mostra a dinâmica da produção canavieira brasileira nos últimos 30 anos

Pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP) compilaram informações sobre históricos da produção e ocupação de áreas com cana-de-açúcar no Brasil entre 1990 e 2018. O resultado do trabalho foi a publicação “Dinâmica do Cultivo de Cana-de-açucar no Brasil – 1990 a 2018”.

O documento apresenta uma análise sucinta dos fatores que contribuíram para mudanças nessa dinâmica de produção, retratando ciclos de retração e expansão, tanto em escala nacional como em macrorregiões.

O levantamento de dados da cana-de-açúcar foi priorizado frente a outras culturas devido à alta relevância no setor agropecuário. De acordo com a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), a cana-de-açúcar é o 6º produto que mais contribuiu com o valor bruto da produção (VBP) do agronegócio brasileiro, respondendo por 7,4% dos R$ 614 bilhões gerados em 2018. Para isto, ocupou 8,6 milhões de hectares na última safra (2018-19), atrás apenas da soja e do milho, com 35,6 e 17,5 milhões de hectares plantados, respectivamente.

De acordo com a pesquisadora Nilza Patrícia Ramos, “o conhecimento da dinâmica de produção é essencial no planejamento de ações futuras para o setor sucroenergético. Isto, porque as informações de expansão e retração de áreas e da produção embasam as decisões a respeito de investimentos das iniciativas pública e privada em tecnologia, mão de obra e infraestrutura. Inclusive orientam os gestores públicos quanto à necessidade de políticas públicas regionais”, afirma.

Como resultado, a pesquisa mostrou que houve grande expansão de áreas no Sudeste, que, historicamente, é a maior região canavieira do Brasil, além da região Centro-Oeste, onde quase não havia histórico de cultivo. A área nacional colhida passou de 4,27 milhões de hectares em 1990 para 10,04 milhões de hectares em 2018, um aumento de 135%.

Uma das autoras da publicação, a pesquisadora Paula Packer informa que “neste horizonte longo de tempo, a produtividade nacional aumentou significativamente. No entanto, nos últimos anos foram observadas oscilações que favoreceram quedas de rendimento de colmos, mesmo no Centro-Sul, o que fez soar um alerta dentro do setor sucroenergético para a necessidade de se identificar e sanar as causas que levaram a estas perdas”.

Um dos fatores decisivos para as quedas de produtividade na cultura, segundo os autores, foi o processo acelerado de mecanização da colheita. Porém, “o benefício obtido com a redução da queima foi tão ou mais significativo em termos de saúde humana e qualidade ambiental, que justificou a extensa adoção desta tecnologia”, salienta Paula. Inclusive, os autores reforçam que esta foi a tecnologia que permitiu a diminuição significativa nas emissões de gases de efeito estufa (GEE) decorrentes de queima de resíduos dentro do “4º Inventário Nacional de Emissões Antrópicas por Fontes e Remoções por Sumidouros de Gases de Efeito Estufa não Controlados pelo Protocolo de Montreal”.

O levantamento enfatiza ainda que o aumento da diversificação de produtos gerados a partir da cana-de-açúcar, associado ao intenso esforço do setor produtivo em expandir áreas e incrementar a produtividade foram e continuam sendo os principais fatores responsáveis pela posição de destaque que a cultura ocupa no agronegócio brasileiro. “Entretanto, a caminhada até a atual situação foi longa e árdua desde a sua entrada no Brasil, em 1532. Nestes quase 500 anos, ocorreram períodos de grande expansão e de retrações, influenciados por crises econômicas, programas de governo, condições climáticas, entre outros”, destaca Paula.

Segundo os pesquisadores “com o cenário atual e crescente da colheita crua e possível encerramento total da queima dentro do setor canavieiro, outras práticas que contribuem para emissões de GEE possivelmente passarão a ter maior destaque, como por exemplo a emissão de N2O derivado do fertilizante nitrogenado, utilizado na adubação da cana-de-açúcar e sua associação com a palha mantida pós-colheita crua”, explicam.

Cabe destacar que o setor canavieiro é um dos que estão inseridos mais fortemente na Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio), que premiará os produtores de biocombustíveis com melhor desempenho energético-ambiental. Com isto estima-se uma nova mudança na dinâmica da produção canavieira, com aumento significativo de produtividade e até uma expansão, mesmo que pouco significativa, para novas áreas e sem afetar o meio ambiente.

Esta política passará a contabilizar as emissões de GEE envolvidas no ciclo de vida do biocombustível produzido, incentivando os produtores na adoção de práticas e insumos com menor pegada de carbono e que levem à maior produtividade e ao mesmo tempo apresentem as menores emissões. Os autores afirmam que “este será um importante passo para a implementação de práticas de manejo conservacionista que propiciem a queda das emissões de GEE provenientes da queima de resíduos agrícolas”. Estas práticas têm impulsionado a produção de biocombustíveis, baseada na previsibilidade e na sustentabilidade ambiental, econômica e social.

Documentos 124 tem como autores Danilo Francisco Trovo Garofalo (bolsista da Faped – Fundação Apoio à Pesquisa e ao Desenvolvimento) e os pesquisadores Ana Paula Contador Packer, Nilza Patrícia Ramos, Vitor Yukio Kondo, Marília Ieda da Silveira Folegatti e Osvaldo Machado R. Cabral.

 

Eliana Lima (MTb 22.047/SP)
Embrapa Meio Ambiente

Contatos para a imprensa

Telefone: (19) 99764-7175

Related posts

Produtores rurais são atendidos por Agentes de Inovação Local (ALI) em Minas Gerais

Fabrício Guimarães

Capina elétrica é opção para orgânicos

Fabrício Guimarães

Relator da Lei Kandir diz que agronegócio continuará isento de ICMS

Fabrício Guimarães

Deixe um comentário

Usamos cookies para melhorar sua experiência no site. Aceitar Leia Mais