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novembro 7, 2024
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A agricultura familiar tem papel essencial na garantia da segurança alimentar

A agricultura familiar, que consiste no cultivo realizado por pequenos produtores rurais e, na maioria das vezes, do mesmo grupo familiar, tem ganhado cada vez mais espaço no cenário econômico, climático e científico. É responsável pela renda de 40% da população economicamente ativa do país e por mais de 70% da renda dos brasileiros ocupados no campo.

Historicamente, esse tipo de cultivo acompanhou o crescimento do país. Segundo levantamento feito pelo Governo Federal em 2018, a agricultura familiar brasileira configurou-se como a oitava maior produtora de alimentos do mundo e a maior do Brasil. Hoje, 87% da mandioca, 70% do feijão, 60% da produção nacional de leite, 59% do rebanho suíno, 50% das aves e 46% do milho consumidos pela população brasileira vêm desse tipo de cultivo.

De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), o setor movimenta US$ 55,2 bilhões por ano. A representatividade é tanta que envolve aproximadamente 4,4 milhões de famílias agricultoras, ou seja, 84% dos estabelecimentos rurais brasileiros.

No mundo, os números não são menos expressivos. Os agricultores familiares são responsáveis pela produção de mais de 80% de toda a comida do planeta, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), que, inclusive, lançou recentemente a “Década da Agricultura Familiar”, com o objetivo de fomentar, entre 2019 e 2028, políticas que permitam o desenvolvimento e o progresso desta área de atuação.

Os debates sobre o tema estão mais intensos porque estudos apontam para um aumento de consumo de alimentos para os próximos vinte anos. O Brasil está entre os países que terão que dobrar sua produção para atender a esta demanda. E no mundo, segundo a ONU, mais de 90% das 570 milhões de propriedades agrícolas são administradas por um indivíduo ou por uma família e dependem, principalmente, da mão de obra familiar — dados que reforçam a necessidade de estímulo contínuo ao tema que pode mudar uma realidade global.

A atividade está exposta a fragilidades que podem prejudicar o seu desenvolvimento sustentável e que envolvem questões como segurança alimentar e desafios no escoamento dos alimentos. O desperdício, por exemplo, é um dos principais problemas a serem enfrentados. O modelo agrícola já chegou a desperdiçar 35% da produção brasileira. Com o uso racional deste tipo de serviço, poderíamos alimentar mais de um terço dos habitantes apenas com o que desperdiçamos no país, atualmente.

O consumo consciente do alimento em qualquer esfera da sociedade é um assunto que deve sempre ser discutido. Aliada à agricultura familiar, a educação alimentar e nutricional é uma importante ferramenta de empoderamento individual para melhorias das condições de saúde e hábitos alimentares. Embora a alta demanda de alimentos industrializados se faz cada vez mais presente, é de suma importância a implementação de intervenções educativas capazes de capacitar os indivíduos a realizarem escolhas mais saudáveis.

E como não conectar a educação alimentar com a produção e consumo de alimentos vindo da agricultura familiar? Com este pensamento, em 2014, a II Conferência Internacional sobre Nutrição, em Roma (Itália), discutiu possíveis estratégias com as quais a educação alimentar e nutricional poderia contribuir para a geração de oportunidades de desenvolvimento da agricultura familiar e como a população poderia se beneficiar desses produtos.

É levando em conta o debate acerca da agricultura familiar no Brasil, cuja atividade está na base da economia de 90% dos municípios brasileiros com até 20 mil habitantes, que o Prêmio Fundação Bunge traz o tema para uma de suas áreas homenageadas neste ano. Com o propósito de incentivar a inovação e disseminar conhecimento, o Prêmio reconhece há mais de 60 anos profissionais que contribuem para o desenvolvimento da cultura e das ciências no Brasil.

Fonte: Destaque Rural

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