A crise econômica no Brasil não impediu que a venda de café continuasse crescendo, através de inovações e diferenciações do mercado. Atualmente, a bebida está passando por um processo de gourmetização parecido com o que ocorreu com os vinhos e as cervejas. Segundo Antônio Cesa Longo, presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), os supermercados já comercializam cafés premium, mas sem perder o foco nos líderes de vendas com menor preço. Longo afirma que o gaúcho é o maior consumidor per capita de café solúvel do Brasil, por questões culturais e até mesmo climáticas.
Segundo o Euromonitor Internacional, o Brasil é o maior consumidor de café do mundo, deixando para trás os Estados Unidos e a Alemanha. O brasileiro toma, em média, 839 xícaras da bebida por ano, o que representa mais de duas por dia. Em pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o consumo de cafés em pó atingiu 81% e o de cafés expressos e em cápsulas, 19% do total da demanda nacional.
A produção mundial de café para a safra 2018/2019 está estimada em 174 milhões de sacas, o que representa um crescimento de 34% em relação às 130 milhões de sacas produzidas há uma década, na safra 2009/2010. O Brasil, maior produtor de café a nível mundial, colheu 61,66 milhões de sacas em 2018, em torno de 35% da produção mundial. Em segundo lugar está o Vietnã (30,4 milhões de sacas e 17,5% da produção mundial), e, em terceiro, a Colômbia (14,3 milhões de sacas, equivalente a 8,2% da produção do planeta).
A ligação do brasileiro com a bebida tem muitos significados. De acordo com Tiago Mello, gerente de qualidade do Café do Mercado, as pessoas têm uma relação de proximidade com o produto. “O café remete a momentos importantes da vida do brasileiro. Além disso, o produto de alta qualidade está associado à gastronomia, ou seja, momentos de união, confraternização e prazer”, afirma Mello.
Em razão da alta procura registrada, o Café do Mercado criou a Cafeoteca, uma loja virtual de seus produtos. Um dos serviços oferecidos é a assinatura da bebida. Segundo Mello, a entrega em casa possibilita que a pessoa diversifique o leque de cafés a serem consumidos. Ele conta que a assinatura cresce, no mínimo, 10% ao mês, e o perfil do cliente é eclético, formado por homens e mulheres entre 18 e 70 anos.
No Brasil, a safra 2018 de café é de 61,7 milhões de sacas, um crescimento de 37% em relação a 2017. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o ano passado registrou a maior colheita da história. A Associação da Indústria Brasileira de Café (Abic) divulgou que o Brasil é responsável por um terço da produção mundial de café, o que confirma o País como o maior produtor, posto que detém há mais de 150 anos. Entre os principais estados que plantam a bebida estão Minas Gerais (responsável por 50% da produção nacional), Espírito Santo, São Paulo, Bahia, Paraná e Rondônia.
Fonte: Jornal do Comércio