De acordo com analista, apesar de chamar atenção, momento não é de euforia e produtor é cauteloso já que safra prevista não está se confirmando no ES
Os preços do robusta continuam avançando de forma expressiva no terminal de Londres e refletem também nas cotações de conilon no mercado interno no Brasil. Com suporte na baixa disponibilidade do Vietnã, os preços no mercado internacional até a manhã desta segunda-feira (3) continuavam acima de US$ 4000 a tonelada e os preços também avançam bem no mercado físico, mas os produtores conseguem aproveitar o bom momento?
Segundo Marcus Magalhães, apesar dos preços atingindo valores históricos, o momento não é tão favorável assim para o produtor brasileiro. A colheita do conilon está a pleno vapor e o estado do Espírito Santo vive um momento de frustração na produção.
“O mercado é muito volátil e o produtor tem uma frustração muito grande no secador de café. A safra vista visualmente não está se confirmando, além da queda dos frutos nas lavouras”, afirma. De acordo com o analista, há produtores que esperavam a colheita de aproxidamente 120 sacas por hectare, mas que devem colher entre 50 e 60. Neste momento, o setor aposta em uma quebra entre 15 e 20% nas lavouras de conilon do Espírito Santo.
Apesar da alta, nas últimas semanas o mercado foi marcado apenas com o produtor capixaba mantendo os contratos e entregando os cafés já vendidos posteriomente. “O momento não é de euforia, é de sangue frio. Apesar de ser um preço interessante, a situação atual não traz um bom sentimento ao produtor”, afirma.
Para o analista, o mercado ainda precifica apenas com dados no Vietnã. Na última semana o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), trouxe a previsão de uma colheita de 27.8 milhões de sacas de robusta para o Vietnã na próxima temporada. “É natural do mercado precificar primeiro outras origens, mas esse problema de frustração da safra brasileira ainda não está nessa conta. O mercado continuará forte, mas a que preço para o produtor”, questiona.
Magalhães ressalta ainda que problemas também estão sendo relatados nas áreas de arábica de todo o Brasil. Com as altas temperaturas e chuvas irregulares, o café não atingiu a peneira esperado e o rendimento do arábica também deverá ser prejudicado, apesar de ainda não ser possível falar em números, segundo o especialista.
Nos últimos meses o Brasil vem batendo recorde na exportação de café tipo conilon. Com o Vietnã “fora de jogo”, o país encontrou espaço e se consolidou no mercado internacional. Para o analista, pela primeira vez na história o maior produtor e exportador de café do mundo vai começar a exportar durante a safra sem estoque remanescente do ciclos anteriores.