Produtores de leite e de queijo Minas Artesanal da agricultura familiar de Medeiros, no Centro-Oeste mineiro, estão cada vez mais satisfeitos com os resultados das ações do Programa de Gestão e Administração de Fazendas Leiteiras e de Produção do Queijo Minas Artesanal. Entre eles, o clima é de motivação e agradecimento pela oportunidade e benefícios da empreitada. O trabalho consiste principalmente no acompanhamento e controle dos custos na produção do leite, usado na fabricação da iguaria da região produtora da Canastra.
Mas não para por aí. O programa vai além da gestão financeira propriamente dita. O produtor ainda recebe orientações na gestão reprodutiva e produtiva do rebanho, no manejo de pastagens, manejo alimentar e sanitário das vacas leiteiras, além dos cuidados com as questões social e do meio ambiente, entre outros elementos que estão diretamente relacionados com a boa saúde financeira do empreendimento. O que permeia o trabalho é a certeza de que, se todos estes itens estiverem com seus índices dentro dos padrões recomendados ou próximos deles, a gestão financeira no final será positiva.
A iniciativa é da Emater-MG, vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). São usadas ferramentas de gestão para munir o produtor de argumentos, no momento de negociar o preço da venda do queijo com os compradores. A meta é obter mais rentabilidade nos negócios. No momento, 13 propriedades rurais do município, fabricantes de queijo, são acompanhadas pelo programa.
Segundo o zootecnista do escritório local da Emater-MG, Alberto Schwaiger Paciulli, que idealizou o projeto, em parceria com os próprios produtores, os participantes recebem uma caderneta de campo para anotar mensalmente todas as despesas. Alguns, que dominam melhor a informática, utilizam diretamente as planilhas particulares, mas todos são monitorados pela empresa de extensão rural.
Nada escapa nas anotações dos itens que entram e saem da propriedade. São considerados gastos com ordenha, inseminação artificial, mão de obra, alimentação, vacinas e medicamentos do gado e impostos, entre outros. As receitas provenientes da atividade leiteira como a venda de queijo, leite, bezerros, novilhas e esterco também são contabilizadas.
“Uma vez a cada dois meses, ou até mesmo uma vez por mês, dependendo do caso, o técnico da Emater vai nas propriedades e se reúne com os produtores e seus familiares para conferir os dados da caderneta de campo ou planilhas e ajudar os produtores a anotar outros que, eventualmente ficaram de fora”, explica o zootecnista. De acordo Adalberto, em alguns casos, os dados são digitalizados no computador do técnico, onde um programa de cálculo de custos já dá o resultado de quanto ficou a produção do leite e do queijo no mês, trimestre, semestre ou no ano.
O extensionista chama a atenção para o fato de que muitos produtores gastam para produzir, mas nem sempre conseguem agregar um valor rentável que possa cobrir os seus custos e ter um lucro em cima do produto. Então, segundo Schwaiger, o objetivo da planilha do programa é mostrar ao produtor quanto fica produzir o leite ou o queijo e por quanto terá de vender seu produto para ter lucro. “Na maioria das vezes, ele desconhece estes custos e acha que está tendo lucro, mas na verdade está tendo é prejuízo. E não sabe porque não faz o controle deles”, constata.
Produtores comemoram experiência
O produtor Cleniudo Alves Teixeira, um dos primeiros a aderir ao programa há cerca de dez anos, é só elogios à iniciativa da empresa pública mineira de extensão rural e não tem do que se queixar. “Antes a gente não tinha muita noção dos gastos e lucro, com a prática de anotar num caderninho tudo foi ficando mais visível, mas o uso da planilha deu outra dinâmica à nossa produção. Melhorou muito, pois agora dá pra mostrar ao comprador: meu custo é este e preciso vender nesse valor. Dá para poder barganhar”, afirma.
Dono de uma queijaria em sua propriedade, na comunidade rural Fazenda Prata e Cravo, Cleniudo diz anotar tudo que entra na fazenda, desde vacinas, medicamentos e silagem, até outras despesas. Mas destaca o controle leiteiro como uma das mais importantes medidas do programa para dimensionar a alimentação das vacas e evitar desperdício da ração. “É um dos principais cuidados, pois é onde acontece o maior gasto. A gente pesa o leite produzido por cada vaca e usamos uma tabela de alimentos para dar só a quantidade de silagem necessária. Muitas vezes a pessoa pode estar oferecendo mais ração e não está aumentando a produção de leite”, argumenta.
Ele produz 33 peças de queijo Minas Artesanal da Canastra por dia. O produto cadastrado no IMA, desde 2011, é vendido para Alfenas, no Sul de Minas e para um entreposto em Araxá, que tem selo federal, que permite a comercialização em todo o país, o SISBI (Sistema Brasileiro de Inspeção de Produto de Origem Animal). Toda a mão de obra da propriedade é familiar, sendo dividida entre ele, a esposa e o filho Gabriel Alves Vieira, parceiro na criação do gado leiteiro e no controle das planilhas com os gastos. Sobre a Emater-MG, o produtor é enfático. “Incentiva muito a gente. Não temos formação que eles (técnicos) têm para passar pra gente. Fazemos tudo em parceria com a Emater”, garante.
Também produtor de leite e queijo Minas Artesanal da Canastra, na região da Fazenda Cravo e Prata, Marcos José de Souza está no programa há três anos e afirma que está aprendendo muito com as ações do projeto. “Antes do programa eu não tinha uma noção tão clara da minha realidade financeira. Com a ajuda da Emater, que mostrou nas planilhas os acertos e erros que a gente cometia, em relação aos custos e produção, consegui ver onde melhoramos e onde perdemos”, explica.
Como o vizinho de propriedade, Cleniudo, o produtor Marcos passou a pesar, quinzenalmente o leite de cada vaca, para ajustar a ração oferecida ao animal. Passou ainda, a contabilizar gastos com mão de obra eventual e até a doação e consumo próprio de queijo e leite. “Hoje sei quando e onde posso ou não investir”, pontua. Sua queijaria também é registrada no IMA e produz em torno de 50 queijos diariamente. Toda a produção é comercializada em Uberlândia e Sul de Minas, segundo ele.Nesses últimos três últimos anos, quando aderiu às orientações do programa de gestão e administração da Emater, outro produtor de leite e queijo Minas Artesanal, Flávio Bernardes, passou a anotar os custos, para corrigir o rumo das atividades que, segundo ele, ainda não rende o lucro esperado, mas já começa a sinalizar uma melhora. “Teve ano que gastei R$ 16,00 para produzir um queijo, vendido a cerca de R$ 11,50, em média. Esse ano, até agora, com o controle dos custos gastei R$ 11,50 na produção e vendi a R$ 12,00. Estamos aprendendo, agora vamos pegar firme pra ter lucro”, avisa.
Flávio Bernardes revela que, “se não fosse o programa já teria parado de tirar o leite”, usado para fazer 15 queijos diários, produzidos pela esposa Josiane Bernardes, com a ajuda do filho do casal. De acordo o produtor, o erro descoberto, a partir das avaliações do projeto, estava na quantidade de ração oferecida às vacas. “A gente tirava o leite, pagava a ração e não tinha controle da alimentação dos animais, oferecendo às vezes mais ou às vezes menos. Agora passamos a pesar o leite de cada vaca, duas vezes ao mês, e seguimos uma tabela, fornecida pelo Alberto, na hora de alimentar a vaca”, informa.
De acordo Bernardes, sua queijaria já está nos padrões do IMA e está em fase de cadastramento. Segundo ele, se tivesse de falar algo útil para quem está começando na atividade, aconselharia buscar a orientação da Emater-MG. “Disse para o meu cunhado, que está começando a tirar leite, para controlar os custos e procurar a empresa. Lá tem um excelente profissional”, pontuou.
Como participar
Para o zootecnista da Emater-MG, existem duas maneiras de aumentar os lucros e rentabilidade do produtor na produção de leite e queijo. Uma seria a negociação de preços mais atrativos com os compradores, ou então oferecer algum produto diferenciado, de valor agregado, como por exemplo algum selo, certificação e assim por diante.
A outra alternativa, conforme Alberto Schwaiger, seria diminuir os custos de produção. “E isso só seria possível com uma boa gestão e administração, o que poderia acontecer com a ajuda de uma empresa de extensão para dar suporte, já que muitas vezes o produtor não tem tempo disponível para dar atenção às anotações de custo. A ideia é que o produtor enxergue sua propriedade como uma empresa, já que é dela que ele retira o sustento da família”, justifica.
Schwaiger defende ainda que, se o produtor unir as alternativas, ou seja, agregar valor, através de alguma prática diferenciada, como por exemplo, ter o registro de habilitação sanitária e acompanhar os custos de produção, os resultados serão promissores no presente e futuro. “Com certeza terá um retorno desejável da atividade leiteira, garantindo a própria permanência e as das novas gerações no campo, com qualidade de vida digna e satisfatória”, prevê.
Para mais informações, orientações e inclusão no programa, os produtores podem entrar em contato com o técnico do escritório local da Emater-MG de Medeiros, na Praça Clodovel Leite de Faria, nº 149, Centro. Ou pelo telefone (37) 3434-5299 e e-mail: medeiros@emater.mg.gov.br .
Assessoria de Comunicação – Emater-MG
Jornalista responsável: Terezinha Leite
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