J.B. Matiello e Lucas Bartelega – Engºs . Agrºs. Fundação Procafé e Paulo Cesar de Almeida, Tec Agr consultor Vale verde Viveiros
As mudas de café, em viveiros, podem ser afetadas pelas geadas, assim precisando de proteção adequada, para evitar perdas severas.
As geadas de julho/21 causaram prejuízos significativos a muitos viveiristas, pois o frio intenso causou a morte de mudas de café, nas diversas regiões afetadas pelo fenômeno. Prejudicaram, também, muitos produtores, que ficaram privados dessas mudas, ou, então, só poderão contar com elas mais tarde, ficando sujeitos a plantios tardios.
As mudas de café são formadas em viveiros, normalmente sob telado ou ripado superior, com meia-sombra. Essa proteção, dada pela cobertura do viveiro, embora funcione como efeito guarda-chuva, reduzindo, durante a noite, a perda de calor no ambiente, não é suficiente para evitar a queima/morte de mudas em caso de frio mais intenso, como o ocorrido nas geadas recentes. Ainda mais que, ultimamente, vem sendo usado um sombrite com menor percentual de cobertura.
Duas outras características dos viveiros de mudas de café favorecem o efeito das geadas. Primeiro os viveiros são, predominantemente, situados nas partes baixas dos terrenos, para facilidade de acesso e do suprimento de água, para rega. Nessa situação é onde o ar frio mais se acumula. Segundo porque na preparação de mudas, a época mais usada de semeio é a partir de maio, função de contar com sementes novas. Assim, no inverno, período das geadas, as mudas se encontram nos estágios iniciais, portanto mais sensíveis à queima e morte pelo frio. Existe, ainda, a particularidade de mudas preparadas em tubetes ou bandejas, as quais, quando suspensas, permitem a passagem do ar entre as células, e o frio atinge as raízes Existem relatos do passado, de mudas já maiores, formadas em tubetes, em que o frio mesmo não queimando as folhas, prejudicou e até matou as mudas, devido à mortalidade provocada em suas raízes. Tem-se observado que, em caso de morte de parte de raízes ou de lesões parciais pelo frio, pode haver recuperação das mudas.
Com relação à proteção das mudas nos viveiros existem medidas preventivas como –
a) situar o viveiro em partes mais altas do terreno, b) proteger bem as laterais, especialmente a montante em relação ao declive, para reduzir a entrada do ar frio. A jusante, eliminar qualquer barreira de vegetação. c) No caso de mudas de tubete ou de bandejas colocar os recipientes junto ao chão, ou, no caso de bancadas, tapar a parte baixa com lona, d) Em locais muito sujeitos a geadas instalar um sistema de irrigação por aspersão que possa funcionar com névoa fina, e) Não descobrir o viveiro ou canteiros no inverno, mesmo que as mudas estejam necessitando de aclimatação, f) Reduzir ao máximo as irrigações nos dias propícios a geadas.
Como medidas protetivas das mudas no viveiro, para uso nos dias (madrugadas) com risco de geada, podem ser empregadas – a) Uma irrigação com gotas bem finas, de modo a formar uma névoa, à semelhança da neblina que é usada na proteção de lavouras. Gotas grandes, de aspersão normal, não funcionam, b) Usar uma cobertura fechada em cima do viveiro, de preferencia com um plástico transparente, que deixa entrar os raios solares de dia, assim forma um ambiente quente à noite, como uma espécie de estufa. Em caso de viveiros pequenos pode-se fazer essa cobertura plástica, armada sobre os canteiros. Outras medidas, não convencionais, que podem ser efetivas, embora não tenham comprovação em pesquisas, são – a) Usar aquecedores distribuídos dentro do viveiro, b) Uso de ventiladores, com boa capacidade, para misturar o ar (quente ao frio), c) Uso de água morna na aspersão do ambiente. Logicamente, em caso de necessidade, pode-se combinar o uso dessas medidas, por exemplo, fechar a cobertura e laterais associando ao aquecimento. O uso de pulverizações, em dias anteriores, com combinação de adubos potássicos e aminoácidos, embora considerado por alguns, necessita de pesquisas comprobatórias.