Mesmo com queda em volume, exportações de tabaco faturam 9% a mais em 2024
Em 2024, as exportações de tabaco brasileiro sofreram uma queda de 11,10% em volume, alcançando 455.221 toneladas, ficando abaixo da média histórica dos últimos dez anos de 500 mil toneladas anuais. No entanto, mesmo com essa redução, a receita dos embarques cresceu 9,08%, para US$ 2,977 bilhões. Os dados são do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC/ComexStat) e foram divulgados pelo Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco).
Segundo o presidente do SindiTabaco, Valmor Thesing, o recuo no volume ficou dentro do que havia sido projetado pela consultoria Deloitte no início do ano passado (uma redução entre 15% e 10,1%).
“Apesar de todas as questões climáticas enfrentadas na safra 2023/24, primeiro com a estiagem e depois com a enchente ocorrida no Rio Grande do Sul, obtivemos um desempenho muito positivo. Não alcançamos os US$ 3 bilhões estimados pela pesquisa por um problema logístico global. A safra foi produzida, processada, comercializada e acabou não sendo totalmente embarcada dentro de 2024”, comentou Thesing.
Segundo o dirigente, os problemas logísticos são recorrentes, mas nos últimos anos tem ocorrido uma intensificação por conta de guerras e dificuldades para circulação de navios em gargalos como o Canal do Panamá e o Mar Vermelho que atrasam o fluxo de exportação.
“Tivemos muitas cargas que, por causa de problemas nas escalas de embarques, acabaram não sendo exportadas em 2024. Se tivéssemos embarcado esses volumes, teríamos passado de US$ 3,3 bilhões em exportações”, afirma.
Além disso, um dos fatores que contribuiu para o aumento da receita foi a elevação das cotações globais do tabaco, impulsionadas por problemas climáticos em outras regiões, como em diversos países africanos. “Houve uma perda de produção global, enquanto a demanda se manteve forte em nível global”, explica o dirigente.
Cenário global
O atual cenário do comércio internacional, com a possibilidade da imposição, pelo governo de Donald Trump nos Estados Unidos, de tarifas às importações de produtos brasileiros, preocupa as indústrias de tabaco nacionais. “Os EUA são nosso terceiro maior importador, mas eles também são um dos maiores produtores em nível global, e um dos maiores mercados consumidores. Caso o Trump imponha tarifas de importação aos produtos brasileiros, isso irá nos afetar”, comenta Thesing.
Por outro lado, a possível ratificação do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia iria beneficiar o setor. “A Europa ainda é nosso maior mercado, mas enquanto o tabaco brasileiro paga impostos para entrar no mercado europeu, o produto de países africanos não é tarifado. A assinatura do acordo aumentaria nossa competitividade”, afirma o dirigente.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_afe5c125c3bb42f0b5ae633b58923923/internal_photos/bs/2025/O/i/ToUgHBTJusdXeS3YlaOA/valmor-thesing-presidente-do-sinditabaco2-1-.jpg)
Expectativas
Para 2025, o executivo do SindiTabaco está otimista com os resultado do setor, mesmo que os preços globais sofram uma redução, uma vez que países que tiveram problemas climáticos que afetaram as safras estão se recuperando.
“Mesmo com dificuldades logística, 2024 foi nosso terceiro melhor nível de exportação da série histórica. E nossa safra deve ficar dentro da normalidade, entre 650 mil a 700 mil toneladas. Com a liberação dos volumes represados em 2024, devemos registrar novamente um faturamento em torno de US$ 3 bilhões”, comenta Thesing.
Destinos
O mercado europeu, que historicamente mantinha a liderança entre os principais destinos do tabaco brasileiro, teve ao seu lado, em 2024, o Extremo Oriente, ambos com 34% do total embarcado. Em seguida, aparece África/Oriente Médio (15%), América do Norte (9%) e América Latina (8%).
Bélgica (US$ 639 milhões), China (US$ 585 milhões) e Estados Unidos (US$ 255 milhões) continuam liderando o ranking de principais importadores. Egito (US$ 235 milhões), Indonésia (US$ 139 milhões) e Vietnã (US$ 136 milhões) aparecem na sequência dos maiores de 2024. O montante embarcado para os seis países representa 67% do total exportado em dólares no período.