A falta de chuva e as altas temperaturas vêm castigando as produções cafeeiras de Minas Gerais. Com a safra 2020/2021 de alta qualidade, as condições climáticas preocupam para a próxima safra, que será de baixa para o café arábica.
Na região mineira de Ibiraci e Claraval, já é esperada uma quebra de 30% a 40% para a próxima produção. O número faz parte do levantamento mais recentes feito pelo Sindicato Rural que atende os dois municípios. Segundo o presidente Anivair Rodrigues, a expectativa de produção para 2021/2022 fica entre 350 e 400 mil sacas, mas, com a seca prolongada e as altas temperaturas, a região já tem consolidada uma baixa de pelo menos 30%. Em um ano de bienalidade alta, como foi 2020, os dois municípios juntos produziram cerca de 700 mil sacas de 60 kg.
“No último final de semana de maio, nós tivemos 8 mm de chuva e, no dia 23 de setembro, tivemos lugares que registraram mais 7 mm. Nosso déficit hídrico está muito sério. A primeira florada abriu com essa última chuva, mas o calor intenso queimou a planta. Nossa quebra vai ser muito grande”, afirma Anivair. Ainda de acordo com ele, nem mesmo as lavouras adultas, que deveriam estar em estágio de recuperação após a alta produção, estão suportando as altas temperaturas.
O déficit hídrico no café já é considerado o mais severo dos últimos 20 anos, segundo dados da Fundação Procafé, e além de atingir a produção de Minas Gerais, também é preocupante em Franca (SP), na Alta Mogiana.
Em Muzambinho (MG), o produtor Alaor Elias da Silva também sentiu os impactos das altas temperaturas dos últimos dias. A última chuva expressiva na lavoura foi registrada em abril, mas os baixos volumes registrados no mês passado foram suficientes para abertura da florada. “Antes não estava dando para ver o tamanho do problema. Agora, com esse calor, podemos ver as condições reais da planta, está dando para ver o tamanho do estrago”, comenta.
Alaor destaca que ainda é muito cedo para quantificar as perdas, mas, com base em outros anos, o estado atual da lavoura indica que pelo menos 20% da sua produtividade no ano que vem já está comprometida. “Nós não temos irrigação aqui porque ficamos em um lugar mais alto, mas, ainda assim, estamos enfrentando esse problema de sol muito quente”, comenta.
As previsões meteorológicas mais recentes começam a indicar um retorno mais efetivo das chuvas para Minas Gerais nos próximos dias, a preocupação, no entanto, é com as altas temperaturas. “O problema é que se o sol continuar quente, o botão que ainda não abriu pode derreter e danificar a próxima florada”, comenta Alaor.
Com foco no tema Os impactos das condições climáticas e as perspectivas do café para a safra 2020-2021, a Cooxupé realiza nesta terça-feira (6), às 15h, um debate on-line com especialistas para buscar soluções para os problemas de seca. Saiba mais aqui.