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novembro 25, 2024
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Produtores devem redobrar cuidados para a colheita do café

A colheita de café deve começar em todo o Brasil a partir da segunda quinzena de maio. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a estimativa da safra de café arábica e robusta no País deve variar de 57,15 e 62,02 milhões de sacas, o que representa um aumento de 25,8% em comparação ao volume colhido na temporada passada. Em tempos de pandemia pelo novo coronavírus (Covid-19), o cafeicultor precisa redobrar os cuidados para proteger a vida de seus colaboradores e fazer a colheita deste importante produto para o agro do País e do exterior. A colheita do café é uma das atividades mais importantes na cafeicultura e normalmente demanda bastante mão de obra e equipamentos para ser realizada em tempo hábil.

A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo produziu um manual de orientação e boas práticas contra a Covid-19, com direcionamentos que podem ser adotados nas comunidades rurais, nas propriedades e no dia a dia da produção. Sendo a colheita do café uma atividade essencial, o produtor, de acordo com o manual, deve afastar os funcionários que apresentem sintomas, como febre, tosse ou dificuldade para respirar e evitar ao máximo a presença de pessoas acima de 60 anos nos locais de trabalho.

O trabalhador deve manter as mãos limpas, as unhas cortadas e não fumar e beber durante a atividade de colheita. Além disso, deve-se evitar compartilhar ferramentas de trabalho, como pás, enxadas, rastelos e peneiras, assim como garrafas de água e de café, e lavar com desinfetante todos os utensílios e equipamentos com solução clorada (900ml de água para 100ml de água sanitária) e higienizar com álcool 70% as partes de contato direto com as mãos nas ferramentas de trabalho, antes do início e ao final da atividade. A recomendação é que ocorra o mais breve possível o recolhimento dos sacos com os frutos colhidos, que devem ser mantidos abertos na parte sombreada da planta.

No transporte dos trabalhadores, também deve-se retirar toda a sujeira e borrifar antes e depois das viagens solução de água com 1% de água sanitária ou peróxido de hidrogênio, além de disponibilizar álcool 70% para limpeza das mãos dos trabalhadores, manter as janelas dos veículos abertas e a distância de 1,5 metro entre os passageiros.

As orientações têm sido seguidas por Diogo Dias Teixeira de Macedo, da fazenda Recreio, que fez algumas adaptações para garantir a colheita do produto e a saúde de seus colaboradores. Entre as iniciativas destacas pelo cafeicultor da montanhosa região de São Sebastião da Grama está a contratação de trabalhadores da própria cidade, em vez de pessoas do Norte de Minas Gerais, como vinha ocorrendo nos últimos anos, para evitar o trânsito e a aglomeração dos trabalhadores nos alojamentos da fazenda. “No ano passado, contratamos 45 trabalhadores de Minas Gerais, que ficavam hospedados na fazenda. Optamos neste ano por contratar 30 pessoas, da própria cidade, para que eles durmam em suas casas, evitando assim a aglomeração na propriedade”, explica.

Outra providência foi reforçar a instalação de pias para lavagem das mãos dentro do ônibus e da propriedade. Os trabalhadores também recebem álcool gel 70%, além de máscaras. “Os orientamos também quando acabar o trabalho irem direto para suas casas e permanecerem por lá”, conta o produtor, que realiza 100% da sua colheita na forma manual, devido as condições de topografia da região em que está localizada sua propriedade. A expectativa do produtor é que os 150 hectares de café plantados gerem 4.500 sacas de café.

André Cunha, sócio proprietário da Fazenda Bela Época, situada em Ribeirão Corrente, na região da Alta Mogiana, também tem tomado alguns cuidados no planejamento da colheita do café. Apesar de 90% da colheita em sua propriedade ser feita de forma mecânica, o produtor tem realizado treinamento na área de segurança do trabalho e entregue cartilhas para os trabalhadores. Além disso, tem-se evitado o transporte coletivo dos funcionários. Os trabalhos na fazenda estão sendo executados de forma mais isolada possível e estão sendo disponibilizados frascos de álcool 70% para assepsia das mãos. Os veículos e tratores também estão sendo desinfetados e os trabalhadores que constam no grupo de risco foram colocados em férias.

“Esperamos não ter grandes impactos na colheita que se aproxima, pelo fato da pequena necessidade de mão de obra em função do alto nível de mecanização na Região da Alta Mogiana. Entretanto, podemos sim ter problemas no médio prazo, quanto a logística e comercialização de insumos e da própria produção, uma vez que muitos fertilizantes e defensivos agrícolas dependem de matérias-primas importadas e nosso maior volume da produção de café tem outros muitos países como destino final”, afirma.

Colheita do café

O pesquisador do Instituto Agronômico (IAC-APTA), Gerson Silva Giomo, explica que a colheita do café ocorre, normalmente, de maio a agosto, sendo que em algumas regiões paulistas, como na Alta Mogiana, há uma forte utilização de máquinas, e em outras, como na região de São Sebastião da Grama e Divinolândia, a utilização é menos frequente, devido as condições de topografia, que dificultam o uso de colheitadeiras. “O Estado de São Paulo tem migrado nos últimos anos para uma colheita mecânica do café, com aumento expressivo do uso de colheitadeiras em todas as regiões com topografia favorável à mecanização. Isso é bastante interessante, principalmente neste momento, para os produtores de algumas regiões paulistas, que acabam não sendo tão afetados por conta da pandemia”, afirma.

A informação é confirmada pelo pesquisador do Instituto de Economia Agrícola (IEA-APTA), Celso Vegro, que afirma não haver estatísticas sobre a mecanização do café em todos os estados brasileiros. “Mas arrisco em dizer que as lavouras submetidas a colheita mecânica atingem percentual majoritário em São Paulo, sendo que no cerrado e na região da Mogiana, esse índice deva estar em praticamente 100% das propriedades”, analisa.

Giomo explica que no mês de maio, nem todos os grãos de café estão prontos para serem colhidos, por isso, não deverá haver maiores problemas, do ponto de vista da maturação dos grãos, o atraso da colheita em algumas semanas, caso esta seja a estratégia adotada pelo cafeicultor. “O atraso curto pode ser até positivo em determinadas regiões, pois os grãos estarão em melhor grau de maturação e, consequentemente, terão mais qualidade. Ocorre que a colheita é demorada, por isso, ainda mais com a restrição de aglomeração, deve ser uma estratégia bastante pensada pelo produtor, para que o café não passe do ponto lá no final, caindo no chão, o que reduz o preço do produto”, explica.

Segundo o pesquisador do IAC, em abril começa a preparação do cafezal para a colheita, por isso, as recomendações de higiene e segurança, também devem ser respeitadas. “A partir de abril, o produtor que faz a colheita manual já começa o processo de “arruação” do cafezal, retirando o mato da lavoura, para que no momento da colheita, não haja perda de café que caiu no chão. Essas atividades também contam com a mão de obra de trabalhadores, que devem seguir as recomendações da propriedade para evitar a contaminação e disseminação da Covid-19”, afirma Giomo.

Para Vegro, o momento é de planejamento e preparação, com a manutenção das máquinas e preparo do terreiro. “A Covid-19 traz uma importante mudança para os cinturões produtores paulistas”, afirma.

Giomo lembra que o produtor também deve ter atenção no processamento pós-colheita do café, principalmente durante a secagem, para preservar a qualidade do produto, estando sempre atento quanto às recomendações que visam minimizar provável disseminação da Covid-19.

Café é um dos principais produtos agropecuários do Brasil

O café é um dos principais produtos da agropecuária paulista e brasileira. “Cerca de 35% do café consumido no mundo é produzido no Brasil. Temos mais de 350 torrefadoras”, diz Vegro. Dados do IEA mostram que o café beneficiado está na nona colocação no ranking do valor total da produção agropecuária em 2019, tendo sido produzido no estado 4.4 milhões de sacas no ano.

Por Fernanda Domiciano/Governo do Estado de São Paulo

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