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novembro 25, 2024
Agricultura

Preço em queda põe em xeque aumento da área de algodão

Durante congresso do setor, empresas admitiram incertezas em relação ao tamanho do plantio da próxima safra

Após resultados robustos na safra 2023/24 de algodão, a queda nos preços da pluma no mercado internacional faz com que grandes produtores do setor considerem reduzir a área de plantio no próximo ciclo, o 2024/25, que será semeado a partir de dezembro em algumas regiões do Brasil.

Durante o Congresso Brasileiro do Algodão, em Fortaleza, empresas admitiram incertezas em relação ao tamanho da área de plantio da próxima safra, diante desvalorização da pluma na bolsa de Nova York, que chega a 15% este ano, segundo o Valor Data.

As cotações do algodão estão em queda no mercado internacional em função da ampla oferta e da demanda enfraquecida.

Nesse cenário, a Amaggi irá rever sua estratégia nos negócios do algodão. “Temos que olhar com paciência para o mercado, pois as contas para os produtores não são boas devido à queda nos preços. Na Amaggi, vamos fazer redução em algumas áreas de algodão marginais, que não compensam pelo baixo rendimento”, disse Blairo Maggi, acionista da Amaggi.

Aurélio Pavinato, diretor-presidente da SLC Agrícola, afirmou que neste momento os produtores estão avaliando se vão investir na pluma ou não. “Os preços [do algodão] caíram muito recentemente, e os produtores ainda vão aguardar para tomar a decisão de semear. Além disso tem a questão do plantio de soja. É preciso aguardar para ver como será o comportamento da chuvas nesta temporada”, afirmou Pavinato.

Na safra 2023/24, a queda dos preços do milho levou a SLC a priorizar o algodão na segunda safra, quando semeou 188,7 mil hectares. Segundo Pavinato, as projeções para a safra 2024/25 serão divulgadas em outubro.

Estratégia

No Grupo Ceolin Grãos e Fibras, com sede em São Desidério, no oeste baiano, a área de plantio, que alcançou 1.860 hectares em 2023/24, não deve ser ampliada, segundo o sócio Fernando Ceolin.

“É uma das coisas mais complicadas para se dizer agora [sobre aumento de área]. Estamos há muitos anos com quedas de preços, e o consumo em baixa reforça essa tendência”, observou.

Alexandre Schenkel, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), reconheceu que a queda nas cotações deixa os cotonicultores mais cautelosos para o novo ciclo. Ele vê espaço para elevação de área, mas fez ponderações.

“Não teremos um aumento significativo de área como nos últimos anos. Talvez um crescimento em torno de 8%, com o produtor concentrando esforços em áreas que ele sabe que tem um maior rendimento”.

O Brasil plantou 1,94 milhão de hectares de algodão na safra 2023/24, com crescimento de 17% em relação ao ciclo anterior, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

O efeito do cenário macroeconômico sobre a demanda é outra incógnita, disse Schenkel. “O algodão não responde de maneira tão rápida às oscilações do mercado financeiro como outras commodities. Temos que aguardar uma melhora consistente da economia para resultar em eventual aumento da demanda, que pode dar algum sinais de elevação no próximo ano”, acrescentou o dirigente da Abrapa.

*O jornalista viajou a convite da Bayer

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