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novembro 25, 2024
Agricultura

Alerta na safra 23 de café: Procafé afirma que seca em 2022 já é pior que no ano passado

A produção da safra 22 de café arábica do Brasil ainda gera muita incerteza ao volume da safra, mas as condições climáticas já acende alerta para a produção do ano que vem, até aqui esperada com uma possível recuperação para a produção do grão. As chuvas voltaram a ficar abaixo da média e a condição de seca já é considerado “pior que em 2021” pela Fundação Procafé. Os dados foram atualizados na manhã desta quinta-feira (14) em podcast divulgado pela Fundação.

“As notícias não são boas. No Sul de Minas as precipitações novamente estão abaixo da média história. Por exemplo, em Varginha era esperada uma chuva de 33mm, choveu apenas 9mm. Na média da região teria que chover 32mm, choveu apenas 7mm”, afirma Rodrigo Rodrigo Naves Paiva, engenheiro da Fundação Procafé.

Os mapas apresentados mostraram ainda que o armazenamento hídrico no sul mineiro também teve baixa significativa, colocando algumas cidades em déficit hídrico, como por exemplo Boa Esperança que já tem 90mm de déficit. “Esse dado já começa a nos preocupar em relação ao que vai acontecer daqui pra frente”, afirma.

Alysson Fagundes, também da Fundação Procafé, explica que quando se compara com o ano passado a diferença está na chuva que foi registrada em maio/21, mas que não aconteceu em 2022. De acordo com eles, os números na teoria são parecidos, mas na prática há muita preocupação.

“No ano passado, no dia 30 de maio foi registrada uma chuva generalizada entre 60mm e 80mm no sul de Minas. Esse ano nós tivemos maio com pouquíssima chuva, mês de junho péssimo e estamos indo para o mês de julho, que se ocorrer tudo dentro da média, não é nada demais. A situação é complicadíssima”, afirma.

Os especialistas afirmam que é preciso fazer uma avaliação de todo contexto para entender o impacto da falta de água neste momento. Segundo Alysson, chuvas com volumes baixos e em dias diferentes, no final do mês acabam não ajudando na recomposição da caixa hídrica. A falta de chuva neste momento, de acordo com a Fundação, está resultado em lavouras amareladas, queda de folhas e folhas murchas na planta. “A situação desse ano, não tenho dúvida, é pior que a do ano passado”, acrescenta Alysson.

De modo geral, apesar da colheita atrasada e de relatos de pouco café no pé, os produtores relatavam bom crescimento vegetativo para a produção de 2023, mas com as chuvas abaixo da média, Alysson afirma que se acende um novo alerta para a produção do ano que vem.

“Se não tivermos chuvas no início de agosto fica muito complicada a situação. O que todo mundo interpreta é que se não chover até meados de setembro é normal, mas é normal em anos normais. Coisa muito rara era a gente torcer para uma chuva na safra e estamos torcendo mais uma vez”, afirma.

Além do sul mineiro, os dados apresentaram precipitação abaixo da média também no Triângulo Mineiro, onde algumas cidades sofrem também com temperaturas acima do ideal. Em Araxá o déficit hídrico já está em 16mm, Araguarí em 180mm e Patrocínio em 4mm.

“O Triângulo está vivendo situação parecida com o Sul de MG, mas precisamos lembrar que a região é mais quente e a evapotransipiração é maior”, explicam. A Alta Mogiana, apesar de temperaturas mais amenas, também entrou em déficit hídrico no último mês.

Para o produtor que faz uso de sistema de irrigação a orientação é buscar suporte técnico para saber o momento ideal de fazer a ligação. “Água aplicada em excesso ou em falta, as duas situações são problemáticas. Em todos os sistemas de errar o momento vai causar problemas de atraso na florada, tem que tomar cuidado com isso, mas nas regiões quentes todas nós já soltamos irrigação”, afirma.

Reconhece ainda os riscos diante do período de inverno no Brasil. “Mas geada é dúvida, a seca está aqui, então vamos entrar com água. A maioria das situações já estamos começando a entrar com água. A orientação é que o produtor consulte seu técnico agrícola para saber o momento ideal de ligar a irrigação”, acrescenta.

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