Produto obtido apresenta uma capacidade antioxidante superior, informa pesquisa da Embrapa
O mel produzido a partir da florada do açaizeiro possui elevados níveis de compostos bioativos com potenciais benefícios à saúde incluindo propriedades antioxidantes, revelou um estudo realizado pela Embrapa, em parceria com a Universidade Federal do Pará (UFPA) e a Universidade Federal do Maranhão (UFMA).
A pesquisa analisou e comparou amostras de mel produzido a partir do néctar da florada de açaí com outros de diferentes regiões do Brasil, incluindo mel de aroeira de Minas Gerais, de cipó-uva do Distrito Federal, de timbó do Rio Grande do Sul e do mangue do Pará. Os pesquisadores escolheram esses produtos devido às suas reconhecidas propriedades funcionais e à presença de compostos bioativos.
Os resultados mostraram que o mel de açaí apresenta uma capacidade antioxidante superior, superando em quatro vezes o mel de aroeira, um dos mais valorizados do país. Essa alta capacidade antioxidante é atribuída às maiores concentrações de polifenóis e outros compostos bioativos presentes no mel de açaí.
Os compostos bioativos, como os polifenóis, têm efeitos benéficos para a saúde, atuando como antioxidantes que neutralizam os radicais livres e possuem propriedades anti-inflamatórias, anticancerígenas e cardioprotetoras. A pesquisa confirmou a presença desses compostos no mel de açaí, que também apresenta coloração escura, variando de âmbar a quase negro, uma característica frequentemente associada a maiores concentrações de compostos bioativos.
Além disso, a pesquisa avaliou o sabor do mel de açaí, que recebeu notas positivas de voluntários e analistas sensoriais. Seu sabor é descrito como menos doce do que outros meles, apresentando notas de café, o que pode torná-lo atrativo para o consumidor e facilmente incorporável à gastronomia.
O aumento da demanda pelo fruto do açaí tem incentivado a expansão dos plantios no Pará, com produtores buscando aumentar a produtividade através da polinização dirigida. Nesse processo, as abelhas são introduzidas nas áreas de cultivo para polinizar as flores.
As abelhas sem ferrão, nativas da região, são as mais eficazes para polinizar o açaizeiro, mas a falta de um mercado consolidado para a venda de colmeias dessa espécie dificulta o acesso para muitos agricultores.
Como alternativa, os produtores têm utilizado abelhas africanizadas (Apis mellifera), que, apesar de suas desvantagens em termos de polinização, possuem um raio de ação maior, permitindo que sejam colocadas nas bordas dos cultivos. No entanto, ainda não existem dados científicos que comprovem a eficácia da polinização com abelhas africanizadas para o cultivo do açaí.