30.3 C
Franca
outubro 29, 2025
Agricultura

Empresa inova ao utilizar borra de café como matéria-prima para produção de biomassa em forma de pellets.

Fonte: Revista Agricultura

A preocupação com o meio ambiente se tornou pauta global a partir da década de 1970. Desde então, diversas ações têm sido empregadas, em um esforço mundial para combater as mudanças climáticas. Em 1997, por exemplo, foi criado um sistema de incentivos para que países e empresas adotassem práticas mais sustentáveis: a geração de crédito de carbono.

No Brasil, existem vários projetos voltados para a geração de crédito de carbono, muitos focados em reflorestamento. De acordo com o Painel de Carbono Florestal (Idesam), 99% dos créditos têm emissão na Amazônia Legal. Porém, mesmo que a Amazônia detenha a maior parte desses projetos, há muitos deles sendo desenvolvidos no país. Entre eles, destaque para um projeto criado no Paraná, em 2019, no início da pandemia da covid-19.

O corretor de proteína animal, Luiz Zolet, com o isolamento imposto pela covid-19, começou a pensar em uma outra forma de renda. Ao recolher o lixo de uma vizinha, que havia sido revirado por um cachorro, ele deixou pra trás um filtro de café com a borra, pois o mesmo estava úmido. Vários dias depois, incomodado com aquele resíduo exposto, o corretor resolveu recolhê-lo, e reparou que a borra havia secado. Foi nesse momento que bateu um insight: e se essa borra de café pudesse ser reaproveitada de alguma forma?

A partir dessa ideia, Zolet começou, por conta própria, a fazer pesquisas que pudessem ajudá-lo a descobrir como esse resíduo poderia ser reaproveitado. Afinal, cerca de 8 mil toneladas de borra de café são descartadas por dia no Brasil. Um volume muito grande para ter como destino apenas o aterro sanitário.

Com a ajuda de um laboratório, realizou a caracterização da borra de café e viu que poderia separar um óleo. Mas o processo para a separação de misturas tornou-se economicamente inviável. Mas Zolet não desistiu e continuou com as pesquisas. Dessa forma, ele chegou ao desenvolvimento de pellets a partir da borra de café. A ideia prosperou e Zolet conseguiu que a ideia se tornasse parte, por um período de seis meses, de uma incubadora de empresas no Paraná, como startup de inovação. Com o incentivo financeiro do governo do Paraná, começou a produzir biomassa em forma de pellets, utilizando como matéria-prima a borra de café instantâneo. Estava criada, oficialmente, a empresa Bricoffee, em março de 2022.

“A decomposição de borra de café leva de 50 a 60 dias. Com o desenvolvimento de pellets, a Bricoffee tira do meio ambiente um passivo ambiental muito grande e transforma esse resíduo em biocombustível para que possa ser utilizado por pequenas, médias e grandes indústrias”, explica o empresário.

Em agosto de 2024, no entanto, o empresário resolveu, mais uma vez inovar ao transferir a sede da empresa para Varginha, no sul de Minas Gerais. De acordo com Zolet, o volume de matéria-prima necessário para transformar o resíduo em pellet é muito grande e a cidade possui grandes empresas fornecedoras.

Patente requerida

Ainda em 2022, outro passo importante foi dado com o pedido de patente junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). De acordo com Zolet, a solicitação foi baseada na inovação ao se utilizar a borra de café como matéria-prima. “O processo de peletização e extrusão utilizado com base no reaproveitamento de subprodutos, especificamente a borra de café, resíduos agrícolas, agroindustriais e florestais, além de permitir uma redução no impacto ambiental, gera um combustível sólido com alto poder calorífico, superior aos de pinus e eucalipto, sendo uma fonte de energia limpa”.

Os pellets são chamados de lenhas ecológicas, pois são queimados em substituição à lenha, evitando dessa forma o desmatamento. Podem ser aplicados em vários tipos de atividades industriais, comerciais e até residenciais, como aquecimento de aviários, aquecimento de água em hotéis e clubes, fornos industriais e comerciais, bem como aquecimento de ambientes residenciais.

“Atualmente, a Bricoffee tem capacidade de produção de 12 toneladas/dia de pellets. Mas já estamos com um projeto para ampliar a empresa com mais uma linha de produção e aumentar nossa capacidade produtiva para algo em torno de 20 a 25 toneladas/dia. Nossa expectativa é que essa nova linha esteja pronta até junho de 2026 e, assim, possamos reduzir de forma gigante esses resíduos de café”, finaliza Zolet.

Related posts

Evolução Tecnológica, Rede de Apoio e Perfil do Cafeicultor do EDR de Franca, Estado de São Paulo

Fabrício Guimarães

Agricultores familiares da FAESP aplaudem Cadastro no Programa de Aquisição de Alimentos Cadastramento vai até 3 de julho

Fabrício Guimarães

Fazenda Experimental do Procafé recebe Dia de Campo em Varginha

Fabrício Guimarães

Deixe um comentário

Usamos cookies para melhorar sua experiência no site. Aceitar Leia Mais