Em entrevista, Tereza Cristina demonstrou otimismo também para mais habilitações de plantas exportadoras de carne pelos chineses
A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse, nesta sexta-feira (26/7), que os embarques de produtos lácteos brasileiros para a China devem começar já no mês de agosto. Depois da liberação de 24 plantas industriais, anunciada nesta semana, falta apenas o credenciamento dos veterinários responsáveis por assinar as liberações das cargas, o que deve ocorrer até a hoje segunda-feira (29/7).
“Tem um mercado pela frente. O Brasil não é um grande exportador de lácteos, mas vai passar a ser. Vai ser muito bom para o mercado interno, onde estamos vivendo uma crise enorme de preços para o produtor”, disse a ministra, em entrevista ao Bom dia MS, exibido pela TV Morena, afiliada da TV Globo no Estado de Mato Grosso do Sul.
Tereza Cristina destacou que não é possível conter as importações de leite da Argentina e do Uruguai, feitas pelo Brasil. Como são parceiros no Mercosul, o trânsito de mercadorias é livre e o mercado brasileiro é atrativo. Assim, em momentos de escassez, em que o preço interno poderia subir, o aumento das importações pela indústria nacional mantém o produto depreciado.
“A indústria brasileira importa mais e o preço baixa. Essa abertura de mercado pode dar esse equilíbrio que o mercado precisa”, analisou. Segundo ela, a China importa cerca de 800 mil toneladas de lácteos por ano, 200 mil a mais do que o Brasil produz. E aceita mais os produtos de fora, especialmente depois de um caso grave de contaminação de leite ocorrido no país anos atrás.
A ministra da Agricultura tem viagem prevista para a China em agosto, a segunda desde que assumiu o cargo. A anterior foi em maio. Tereza Cristina disse ainda esperar uma abertura maior dos chineses para as carnes do Brasil. A produção do país asiático vive uma grave epidemia de peste suína africana, que tem provocado severas perdas e gerado uma expectativa de maior demanda pelo produto importado.
Na entrevista, ela disse que o Brasil tem 30 plantas habilitadas, nove de suínos e aves. E acrescentou que o governo aguarda os resultados das avaliações de outras quatro, que, pela primeira vez, foram auditados por videoconferência, sem a necessidade de uma missão sanitária in loco. A ministra garantiu que, na próxima viagem à China, pretende apresentar mais unidades industriais que considera aptas a exportar.
“Estamos exportando, mas há um potencial muito maior. Exportamos mais aves, suínos. Carne bovina tem um espaço enorme”, afirmou.
Outra oportunidade, segundo a ministra, está no Vietnã, que hoje, segunda-feira (29), inicia uma missão para avaliar a produção brasileira. Tereza Cristina destacou que país com cerca de 100 milhões de habitantes e uma economia que tem crescido 7% ao ano pelo menos nos últimos cinco anos. E explicou que os vietnamitas procuram, inicialmente, gado em pé. Mas vê isso como uma porta para exportar, posteriormente, a carne.
Tereza Cristina avalia que, assim como no leite, aumentar as vendas externas de carne é importante também para trazer um equilíbrio maior nos preços internos. Especialmente da carne bovina, cuja produção é bastante concentrada no Brasil e cerca de 80% do volume processado são consumidos no país.
“Se conseguirmos abrir mercados, vamos equilibrar esse preço. Precisamos ter bois de maior qualidade. Não é que nossos bois sejam ruins, mas temos que ver o que o freguês lá fora quer”, argumentou.
Agrotóxicos
Questionada sobre o atual ritmo de liberação de agrotóxicos por parte do governo federal, a ministra da Agricultura disse que há uma certa “esquizofrenia” no trato do assunto. Citou que o Brasil assinou e segue protocolos internacionais e lembrou que, aqui, a análise é feita pelos Ministérios da Agricultura, do Meio Ambiente e da Saúde.
“Não houve mudança nenhuma. No passado, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) tinha falta de pessoal e não tinha boa vontade de liberar produtos”, disse.
Tereza Cristina destaco também que o governo está trabalhando para acelerar a aprovação dos chamado bioinsumos, usados na agricultura orgânica. “Queremos que a agricultura orgânica cresça cada vez mais. Agora, ela é uma pequena agricultura. Precisa de assistência técnica e dos bioinsumos para produzir”, afirmou.
Fonte: Globo Rural