Em painel na BioBrazilFair, especialista do Sebrae comenta os desafios da produção sem agrotóxicos no Brasil
Aconteceu nesta quarta (5), na BioBrazilFair – Feira Internacional de Produtos Orgânicos e Agroecologia – em São Paulo, o Fórum Internacional da Produção Orgânica e Sustentável. O evento contou com a presença de Luiz Rebelatto, Analista Técnico da Unidade de Competitividade do Sebrae Nacional e de Virgínia Lira, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. O painel debateu sobre os desafios da produção orgânica no Brasil.
Virgínia falou sobre a importância de os produtores orgânicos se enquadrarem na lei do Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos, que emite a certificação de produto. Ela ressalta que há apenas 19 mil registros, enquanto uma pesquisa mostrou que mais de 68 mil produtores no Brasil se consideram orgânicos. De acordo com a especialista, um dos principais entraves de não buscar a certificação é o desconhecimento da legislação. Desse modo, trazer os produtores para a visibilidade é um dos pontos focais de seu trabalho. Para o futuro, ela conta que há projetos ainda em desenvolvimento que devem promover regras sobre insumos apropriados para a agricultura orgânica.
O analista técnico do Sebrae reforçou que a agricultura orgânica no Brasil é essencial, mas que, de acordo com uma pesquisa do Sebrae de 2018, o preço alto dos produtos é ainda o maior fator limitante para que o consumo aumente. No entanto, ele ressaltou que vários fatores induzem a esse preço mais elevado, uma vez que o produtor orgânico precisa ser melhor remunerado, pois a técnica de cultivo é mais custosa, mais difícil de manejar, exige mais conhecimento, além de o produtor ter de arcar com custos com certificação, menor produtividade por tipo de cultivo e maior necessidade de mão-de-obra.
No entanto, o analista técnico do Sebrae mostrou que os desafios podem ser superados. Entre eles estão o aumento da oferta para que a diversidade e o preço melhorem, a estruturação da cadeia produtiva e cadeias de valor, a qualificação e socialização da pesquisa e desenvolvimento tecnológico, bem como o desenvolvimento de novos insumos para a produção orgânica. Outro desafio que deve ser enfrentado, na opinião de Rebelatto, é a ampliação e inserção dos produtos orgânicos na gastronomia e nas compras públicas, com o fortalecimento das conexões com os consumidores.
“O pequeno negócio tem um papel fundamental nesse cenário, porque é ele que tem a condição de fazer o processo de transição da produção convencional para a produção orgânica da melhor maneira, bem como o processo de mercado. As pequenas lojas e os pequenos locais de comercialização também podem atuar em cooperação com os grandes. O Sebrae tem um programa de encadeamento produtivo que, quem sabe, pode facilitar a integração desses pequenos fornecedores com grandes empresas para gerar escala”, analisou Rebelatto.
De acordo com ele, o potencial empresário de orgânicos pode buscar o Sebrae para entender o que a instituição tem para oferecer para seu negócio. “É recomendado buscar o escritório regional mais próximo para entender se aquele estado ou região possui ações específicas nessa área”, disse. “Nós temos ações tanto de cursos para a propriedade rural, elaboração de planos de negócio, orientação para gestão produtiva, como ainda orientação técnica para que o produtor rural conheça as normas de orgânicos e como fazer o processo de conversão, além de apoiar a realização da certificação orgânica”, finaliza.
Fonte: Revista Cafeicultura