No inicio da maturação do café, nessa safra de 2019, verificou-se, em diversas regiões, de forma bem frequente, a ocorrência de frutos ainda verdes apresentando manchas escuras na casca e, depois, toda ela ficando escura, passando de verdes a secos, sem ficarem com a casca amarela ou avermelhada como se conhece em frutos maduros ou cerejas normais..
Muitos técnicos noticiaram isso, os frutos mudaram do estádio verde-cana direto para o seco. Alguns suspeitaram, até, que o problema estava sendo causado por um fungo, como o Colletotrichum, pois nos frutos, já secos, aparece uma camada de micélio e de esporos, como um pó branco.
Ao analisar as condições de ocorrência dessa anormalidade, visando chegar à sua causa, observou-se que o problema estava correlacionado com – plantas com carga alta, com plantas fracas ou estressadas, com ramos mais carregados, amarelados e desfolhados e, principalmente, com ramos que apresentavam seca de ponteiros. Dentro do ramo produtivo a ocorrência estava mais concentrada na sua parte terminal, havendo maturação normal na base do ramo, perto do tronco. Verificou-se, ainda, que, na mesma planta, a parte mais enfolhada apresentava frutos maduros normais, em contraste com a parte desfolhada. As plantas de variedades de maturação mais precoce apresentam mais problemas do que as de maturação tardia.
Ao se verificar as ocorrências climáticas, nessas regiões com problema, observa-se que entre dezembro e fevereiro houve altas temperaturas e baixo índices pluviométricos, com maior stress principalmente em regiões de altitudes mais baixas.
As conclusões a que se chega são – As plantas que apresentam problemas de maturação forçada estão sentindo falta de energia, ou seja, não conseguiram acumular reservas suficientes pra completar a maturação dos seus frutos. O período de stress hídrico, no inicio da granação, debilitou as plantas, que não tiveram tempo de recuperar reservas em bom nível. Os frutos, com tecidos fracos, facilitam a entrada de fungos diversos, mas estes fungos não são primários, são oportunistas. A maior produção de etileno, por eles conterem tecidos mortos na casca, aceleram o processo de maturação forçada. A florada muito cedo, a partir de agosto/18, também ajudou, pois a maturação vem coincidindo com um período mais quente, este ano com temperaturas acima do normal. Mais calor ativa e acelera o processo de maturação.
Fonte: Fundação Procafé