A cultura do café emprega no Brasil grande número de pessoas, sendo relevante fonte de receita – são mais de 8,0 milhões de empregados por toda a cadeia cafeicultora. O ano de 2022 é de bienalidade positiva e as estimativas de produção são de que ocorra aumento de 16,8% em relação a 2021(Conab, 2022). (Confira nesse artigo como a correta colheita de café favorece a próxima florada)
Colheita de café influencia no resultado final
Para que o ano seguinte mantenha uma boa produção, deve-se atentar à colheita de café, que ocorre no período de março a outubro. Entretanto, o maior volume de café colhido é de maio a agosto, quando ultrapassa 90% do volume total da colheita. Esta é uma das operações mais importantes na lavoura cafeeira, o que pode influenciar diretamente na quantidade de café colhido na presente safra e na safra do ano seguinte.
O melhor momento para colher café é quando a maior parte dos frutos está no estádio de maturação cereja (coloração vermelha ou amarelada), completamente maduro, e que no pé todo de café os frutos maduros (cereja) sejam superiores a 80%.
A hora certa da colheita de café
A época da colheita de café é fundamental para produzir cafés de alta qualidade, isso porque o método a ser adotado vai influenciar na qualidade dos grãos, como tamanho, formato, defeitos e consequente classificação. Além disso, nas condições após a colheita da lavoura vai interferir no planejamento e programação de manejo do ano seguinte, como adubação, compra de herbicidas, inseticidas, fungicidas, entre outros.
O pior período para realizar a colheita é quando no pé de café se encontra a maioria dos frutos no estádio de maturação verde, no qual o fruto ainda não está fisiologicamente maduro e pronto para ser colhido.
Consequências da escolha errada
A colheita dos frutos no momento errado causa perdas de compostos importantes (fenóis, polifenoloxidase), que favorecem a qualidade dos grãos, e ainda, a colheita de frutos verdes contêm grande volume de ácido clorogênico, que é indesejada por causar grandes perdas na qualidade de bebida.
Além disso, causa estresse à planta, pois a colheita será dificultada (grãos ficam mais difíceis de serem retirados). Em um trabalho de Freire e Miguelo com a cultivar Catuaí em diferentes estágios de maturação, observou-se que o ideal é colher o fruto no ponto cereja, quando apresenta a máxima qualidade.
Quando o café possui grande proporção de grãos verdes, as perdas de rendimento final são grandes, ao passo que o tipo e a bebida são comprometidos.
O aumento da quantidade de grãos cereja colhidos está diretamente ligado {a atividade da polifenoloxidase e a outros parâmetros químicos, permitindo avaliar a qualidade do café.
Logo, com o aumento da quantidade de grãos cereja, a atividade da polifenoloxidase aumentou de forma expressiva, indicando melhoria na qualidade dos grãos, ao passo que na colheita com maior porcentagem de grãos verdes, a atividade foi bem inferior. Tal comportamento mostra claramente a existência da relação entre qualidade de bebida dos grãos e atividade dessa enzima.
Obstáculos
O grão verde é um problema para a colheita, sendo considerado um defeito para classificação. Segundo pesquisadores, a sua utilização na torração reduz a qualidade do café, pois altera sua cor, aroma e sabor.
De acordo com outro pesquisador, com a adição do defeito “verde” a um café de bebida “extremamente mole” há uma redução linear da atividade enzimática e, consequentemente, da sua qualidade. Já os grãos ‘passas’ não são classificados como defeitos, e segundo Pimenta et al., os secos/passas apresentam atividade da polifenoloxidase relativamente alta, sendo inferior somente aos grãos de frutos-cereja, propiciando assim a colheita.