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novembro 25, 2024
Hortifrúti

Alface roxa

A alface (Lactuca sativa L.) é a hortaliça folhosa de maior importância econômica e está comumente presente na alimentação dos brasileiros. De acordo com o levantamento do Cenário Hortifrúti Brasil, a produção de alface, repolho, couve e brócolis envolvem cerca de 1,5 milhão de produtores, com cultivo em 174 mil hectares e área média em torno de 0,3 hectare por produtor. 

Dentre os agricultores, em sua grande maioria o cultivo é realizado pela agricultura familiar. A alface corresponde a 49,9% da área total, seguida do repolho, com 15,3%, e da couve, com 6,1%, enquanto as demais culturas deste segmento ocupariam os restantes 28,7%.

O volume produzido por alface é de 575,5 mil toneladas e os maiores polos produtores da cultura, conforme registra o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Universidade de São Paulo (USP), são Ibiúna e Mogi das Cruzes, em São Paulo, seguidos de Teresópolis, no Rio de Janeiro, Mário Campos e Caeté, em Minas Gerais. 

No Estado de Minas Gerais, cerca de 80% da alface é comercializada diretamente pelo produtor em feiras livres e nas redes varejistas. Tal cenário garante maior lucratividade aos alfacicultores com a venda direta ao consumidor. 

Variedades de alface

No mercado nacional, a alface possui diferentes tipos cultivados e consumidos. Em ordem de importância econômica, os principais segmentos são: alface crespa, americana, lisa, romana e mimosa, além de segmentos pouco conhecidos, como o tipo crocante e o tipo frisée. 

Até meados da década de 80, o mercado consumidor deu preferência ao segmento de alface lisa, tipo ‘White Boston’. Ocorreu uma mudança do segmento de alface lisa para a crespa, tipo ‘Grand Rapids’, que corresponde atualmente a 70% do mercado nacional. Em seguida, o segmento do tipo americana 15%, a alface lisa 10%, enquanto outros tipos (vermelha, mimosa, romana, etc.) correspondem a 5% do mercado. 

Alface roxa

Cor, sabor e textura são os principais diferenciais desse novo segmento que vem ganhando cada vez mais espaço na mesa dos consumidores. Suas folhas podem ter diferentes tonalidades de roxo, variando desde plantas mescladas a plantas com coloração intensa e uniforme. Apesar de ainda pouco consumida, a alface roxa já é bastante conhecida no mercado de hortaliças. 

A coloração diferenciada garante maior atração entre os consumidores em relação à cor verde, garantindo uma alimentação mais atrativa e diversificada. Estima-se que a área cultivada com alface roxa no Brasil seja de 900 ha, com tendência de crescimento.

A alface roxa existe para todos os grupos varietais, sendo mais comum encontrá-la do tipo crespa. A coloração arroxeada é devido à presença de antocianina, substância que além de ser responsável pela pigmentação arroxeada da folha, ainda possui ação antioxidante. 

A quantidade de antioxidantes na alface roxa é maior do que a alface verde. Impedir o envelhecimento precoce, prevenir alguns tipos de câncer e o fortalecimento do sistema cardiovascular são alguns dos benefícios para a saúde com o consumo da alface roxa. Além disso, a alface é rica em vitaminas A e C, além de ser uma boa fonte de fósforo e cálcio. 

Nos Estados Unidos, a alface roxa é considerada uma especialidade no segmento de folhosas. Ultimamente, o maior consumo de saladas prontas, composta pela mistura de diferentes espécies folhosas, proporciona o acréscimo da demanda da alface roxa, inclusive no Brasil. O uso da alface roxa na composição de saladas aumenta a sua atratividade, sendo excelente para estimular seu consumo, especialmente no público infantil.

Clima

A temperatura ideal para cultivar alface se situa entre 10 e 24°C, embora existam cultivares que toleram temperaturas mais altas e outras que toleram temperaturas mais baixas. Alta temperatura pode induzir um florescimento precoce (pendoamento), impedindo a formação de uma cabeça, o que não é desejável no cultivo. 

Época de cultivo

A produção de alface pode ser realizada durante todo o ano, utilizando-se cultivares que se adequem à época de plantio e ao sistema de produção empregado. Além disso, deve-se atentar ao mercado a ser atendido e o seu comportamento, para que a escolha da variedade seja feita de forma eficiente. 

Durante o período chuvoso, com temperaturas e pluviosidade elevadas, deverão ser escolhidas cultivares com resistência a doenças foliares e ao pendoamento precoce, enquanto para o período seco, com temperaturas baixas e baixa pluviosidade, deve-se escolher cultivares de alface resistentes ao vírus LMV.

Luminosidade

A alface necessita de boa luminosidade, preferencialmente com luz solar direta, mas é tolerante à sombra parcial. Assim, em regiões de clima quente a alface pode se beneficiar se plantada de forma a receber sombra parcial durante as horas mais quentes do dia.

Solo

As plantas precisam de solo bem drenado, rico em matéria orgânica, fértil, com boa disponibilidade de nitrogênio. A faixa de pH ideal para o solo é de 6 a 7.

Irrigação

A cultura da alface é extremamente exigente em água em todo seu ciclo produtivo, para o aumento da produtividade e melhoria na qualidade da produção. No Brasil, utilizam-se diferentes sistemas de irrigação. No entanto, os sistemas de aspersão e de gotejamento são os mais utilizados e a irrigação deve ser de forma frequente para manter o solo úmido, mas sem que o solo permaneça encharcado.

Formação de mudas

A utilização de mudas de boa qualidade é fundamental para se obter sucesso no processo produtivo. Dessa forma, deve-se dar preferência à produção de mudas utilizando bandejas de isopor ou polietileno. 

As bandejas devem ser preenchidas de preferência com substrato, que pode ser adquirido pronto para uso ou produzido na propriedade. A produção de mudas em sementeiras é recomendada apenas para cultivos domésticos.

Plantio

É importante escolher cultivares adaptadas à temperatura da estação em que ocorrerá o cultivo. Há cultivares de inverno, para cultivo em temperaturas amenas ou frias, e cultivares de verão, para cultivo com temperaturas mais altas. 

O transplantio deve ser feito quando as mudas estiverem com 20 a 25 dias após a semeadura ou entre quatro a cinco folhas definitivas. O ideal é que seja realizado nas horas mais frias do dia, com solo úmido, de forma que a terra cubra apenas o torrão formado pelo substrato.

O espaçamento entre as plantas pode ser de 20 a 35 cm para a maioria das cultivares, geralmente usando 20 ou 25 cm para cultivares de menor tamanho ou que serão colhidas precocemente, e 30 ou 35 cm para as cultivares de maior tamanho.

Colheita

A colheita se inicia a partir de 45 dias após a semeadura, podendo variar de acordo com a cultivar, a época e o sistema de plantio. Dessa forma, para se obter produtos de excelente qualidade para o mercado, deve-se fazer o semeio de talhões semanalmente. 

As plantas são cortadas rente ao solo. Em seguida, eliminam-se as folhas baixeiras que normalmente encontram-se danificadas. Após o corte, deve-se transportar os produtos do campo ao galpão de pós-colheita em carrinhos de mão higienizados.

Rendimentos de alface

Rendimentos de alface podem chegar a até 50 – 70 toneladas por hectare, dependendo da variedade, número de ciclos de plantio e condições do solo. A duração do ciclo plantio/colheita em solo é de 60-90 dias no outono e no verão 21 a 30 dias.

Tendências

As empresas priorizam a criação e o desenvolvimento de variedades cada vez mais diferenciadas, com as características mais apreciadas pelo consumidor. Além disso, deve-se acompanhar a demanda do mercado e buscar por variedades que atendam as preferências da população, a fim de ampliar o consumo, bem como o lucro do produtor rural. 

Entre as características mais apreciadas atualmente estão textura, sabor agradável, coloração, formato de folhas, durabilidade e tamanho reduzido, o que vai de encontro às baby leafs

Baby leaf       

Folhas baby ou baby leaf são plantas em que ocorreu a colheita antecipada em relação ao ciclo de desenvolvimento completo de uma planta para ser consumida, de modo que as folhas ainda são jovens e não estão expandidas completamente. 

As folhas são macias, saborosas e podem apresentar diferentes cores e formatos, dependendo da espécie utilizada, despertando o interesse de consumidores e chefs de restaurantes que buscam sempre por novidades. A alface, o agrião, a beterraba e a rúcula, entre outras espécies de hortaliças, são as que possuem maior relevância para a produção de baby leaf no Brasil.

Os Estados Unidos são considerados o principal produtor e consumidor de hortaliças baby leaf. A mistura de saladas prontas para o consumo possui um acréscimo de mais de cinco vezes nas vendas em comparação às últimas duas décadas, aumentando de US$ 197 milhões em 1993 para US$ 2,7 bilhões em 2008. 

Representação econômica

Em 2014, os EUA produziram 68.800 toneladas de mix de primavera, 12.000 toneladas de espinafre e 274.000 toneladas de folhas de alface (a granel), representando um valor total de US$ 88,0 milhões, US$ 157,8 milhões e US$ 659 milhões, respectivamente. Estes dados demonstram o mercado crescente dos baby leafs, em especial da cultura da alface. 

O produto também vem despertando o interesse de produtores e da cadeia de insumos devido ao alto valor agregado. Os produtos baby leaf geralmente são comercializados em embalagens plásticas (prontas para o consumo) ou em caixas de papelão (plantas inteiras ainda jovens), contendo entre 100 a 200 gramas, individuais ou misturadas, que ao se somar com o sabor, maciez e às diferentes cores e formatos, pode agregar até 50% do valor na comercialização por quilo produzido.

Comercialização

As hortaliças podem ser comercializadas em forma de única espécie (em maço ou soltas) ou em um mix contendo espécies variadas. Esta última opção é um dos produtos mais exigidos no mercado, pois possibilita maior valor nutricional na alimentação, além de agradável aspecto visual, já que compõe cores, texturas e sabores diversos. 

Com a mescla de folhas, possibilita ao produto melhor valor nutricional, além de agradável aspecto visual. A alface roxa pode ser uma tendência devido à coloração das suas folhas, permitir maior atratividade e agregação de valor ao seu produto. 

Com isso, o mercado de baby leaf e a utilização de alface roxa podem ser uma tendência nos próximos anos, pela mistura de cores, maior atração dos produtos e benefícios à saúde do consumidor. 

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