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novembro 25, 2024
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A prioritária atenção à saúde do agricultor na luta pela vida

As medidas adotadas pelo Governo Federal para atenuar o abalo econômico provocados pela Covid-19 são bem-vindas, pois socorrem minimamente empresas e trabalhadores. Parcela expressiva dos setores produtivos e seus recursos humanos será abrangida, podendo, portanto, negociar suspensão dos contratos de trabalho ou redução dos salários e jornadas. São relevantes, ainda, o auxílio mensal de seiscentos reais aos informais e linha de crédito com juros baixos para empresas pagarem seus funcionários.

Espera-se que tudo seja colocado em prática com agilidade e eficácia, de modo que tenhamos condições de manter a economia respirando durante o necessário isolamento. Esse cuidado, como afirmam autoridades da saúde e especialistas do Brasil e de todo o mundo, é fundamental para conter a pandemia e evitar picos de pessoas infectadas, cujo atendimento não seria suportado pelos sistemas público e particular. É hora, portanto, de proatividade, resiliência, solidariedade e sinergia dos Três Poderes e de toda a sociedade.

A vida é prioritária! Exatamente para garantir esse direito original dos seres humanos, há setores que não têm o direito de parar ou atuar em home office. Refiro-me aos profissionais e empresas da saúde, da coleta do lixo, da infraestrutura, da segurança pública, da indústria de equipamentos médico-hospitalares e artigos essenciais e, em especial, à cadeia produtiva do agronegócio e abastecimento, desde o produtor rural, de todos os portes, passando pelos transportadores, distribuidores, supermercados, feirantes, varejistas de alimentos em geral, entrepostos de hortifrutigranjeiros e os serviços de apoio para que continuem operando.

Nunca é demais aplaudir e reverenciar esses heróis brasileiros, contingente anônimo das pessoas físicas e jurídicas que estão lutando de modo corajoso por todos nós na guerra da humanidade contra o novo coronavírus. Cabe, também, uma reflexão sobre o apoio que o Estado está dando a essas atividades. Infelizmente, é pouco ante a gravidade da situação. No caso da cadeia de suprimentos do agronegócio, é verdade que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento instituiu um comitê de crise para monitorar impactos da pandemia e propor estratégias, conforme decisão publicada na edição de 31 de março do Diário Oficial da União. Entretanto, é preciso ação assertiva. Uma sugestão seria linha de crédito específica, com juros próximos de zero, para que a produção agropecuária e toda a rede de abastecimento tivessem acesso a capital rápido, se necessário.

Nosso setor não fará acordos de redução de jornada e suspensão de contratos de trabalho. Afinal, não podemos, não queremos e não vamos parar, pois temos imenso compromisso com os brasileiros. Nossa força de trabalho está mobilizada. Entretanto, em situação grave como a que vivemos, podem faltar recursos para manter as operações. Sabemos que estamos numa economia de guerra e continuaremos travando o bom combate, a qualquer custo, mas um apoio mais efetivo seria importante. Incluo aqui organizações também “sem direito” à paralisação, citadas anteriormente.

Questões financeiras à parte, há um aspecto muito relevante que está sendo desconsiderado em todas as análises até agora: assim como os profissionais da saúde, embora em proporção menor, os trabalhadores do campo, de toda a cadeia de abastecimento e os que lhes dão apoio, como transportadores, por exemplo, são hoje o contingente de brasileiros mais expostos ao contágio. Assim, essa infantaria constitui segmento prioritário na realização de testes rápidos eficazes destinados ao diagnóstico e tratamento precoce. Para quem está na linha de frente, são essenciais exames capazes de identificar se a pessoa está com a doença ou se já teve, apresentando-se imune e/ou curada e portanto, apta a retornar ao trabalho. Proteger sua família e a sociedade.

A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp) produziu e encaminhou à rede sindical, para que chegue ao campo e à cadeia de suprimentos, um material consistente sobre prevenção e cuidados no trabalho, visando reduzir o risco de contágio. Porém, considerada a assustadora capacidade de contaminação do novo coronavírus, é prioritário garantir a saúde de todas as pessoas que estão trabalhando, nos campos, nas estradas, na rede de abastecimento e nas ruas, para que os brasileiros tenham o direito à vida, cuja essência é o alimento.

Fábio de Salles Meirelles é empresário do setor agrícola e presidente do Sistema FAESP-SENAR A.R./SP (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo / Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, em São Paulo)

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