Produtores rurais pessoa física fizeram 214 solicitações de proteção contra credores no segundo trimestre, diz Serasa Experian
O número de pedidos de recuperação judicial entre produtores rurais que trabalham como pessoa física dobrou entre o primeiro e o segundo trimestre deste ano e alcançou 214 solicitações, segundo levantamento da Serasa Experian. Na comparação com o segundo trimestre de 2023, quando 34 pessoas tinham feito a solicitação, a quantidade é seis vezes maior.
Para o chefe de agronegócio da Serasa Experian, Marcelo Pimenta, “os eventos climáticos, a elevação da taxa de juros, o preço baixo das commodities e a alta dos custos de produção foram agentes que impactaram negativamente a estabilidade financeira no campo, principalmente para produtores que já estavam muito alavancados”.
Apesar da alta nos pedidos, o executivo pondera que é preciso levar em consideração que o número absoluto de solicitações é pequeno no universo de 1,4 milhão de produtores que tomaram crédito rural durante os últimos dois anos no país.
Em relação ao porte, os dados mostraram que, aqueles que não possuem propriedades no campo, ou seja, arrendatários de terras, registraram 99 pedidos de recuperação judicial. “Os produtores que lidam com mais essa modalidade de comprometimento financeiro tem um desafio ainda maior”, disse Pimenta.
Os dados da Serasa também mostram que os pequenos proprietários rurais apresentaram 44 solicitações, seguidos pelos grandes, com 36, e médios, que realizaram 35 requerimentos.
Considerando o recorte por Estado, Mato Grosso registrou 57 pedidos, e Goiás, 54. Em seguida ficou Minas Gerais, com 35 pedidos; Mato Grosso do Sul, com 23; e Paraná, com 12. Os demais foram distribuídos em outras unidades da federação.
Entre os produtores que atuam como pessoa jurídica, as solicitações aumentaram 40,6% e chegaram a 121 no segundo trimestre. Na comparação com o mesmo período de 2023, o número é 256% maior.
A maior parte dos pedidos de pessoa jurídica veio de produtores de soja, com 53 solicitações, seguido por pecuaristas, com 25 pedidos, e produtores de cereais, com 23. Em sequência ficaram produtores de café, com sete solicitações; e horticultores, com três.
Outro recorte do levantamento revela que, além dos produtores rurais, as empresas que atuam com atividades ligadas ao agronegócio também aumentaram sua demanda por recuperação judicial. No segundo trimestre, foram registrados 94 pedidos de empresas, um aumento de 22% comparado aos três primeiros meses do ano.
Dentre os setores de atuação das empresas que apresentaram os pedidos, as agroindústrias de transformação primária foram as que mais necessitaram do recurso, com 34 solicitações. Depois delas, aparecem as companhias de serviços de apoio à agropecuária (16), as indústria de processamento de agroderivados (13), o comércio atacadista de produtos agroprimários (12) e comércio atacadista de produtos agro processados (9).
O levantamento da Serasa Experian considera processos de recuperação judicial registrados mensalmente em sua base de dados, provenientes dos tribunais de Justiça de todos os Estados.