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setembro 7, 2024
Agricultura

Participação, assertividade e foco: a importância da ação integrada na gestão dos pequenos negócios rurais

Gestão é uma palavra ampla, complexa e que pode ser percebida por diferentes perspectivas. No caso dos empreendimentos rurais, “a necessidade de buscar sinergia entre as atividades que são praticadas desde a propriedade rural até os consumidores finais, exigem do administrador rural o conhecimento profundo para que efetive a tomada de decisão adequada. ”


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Participação, assertividade e foco: a importância da ação integrada na gestão dos pequenos negócios rurais

Gestão é uma palavra ampla, complexa e que pode ser percebida por diferentes perspectivas. No caso dos empreendimentos rurais, “a necessidade de buscar sinergia entre as atividades que são praticadas desde a propriedade rural até os consumidores finais, exigem do administrador rural o conhecimento profundo para que efetive a tomada de decisão adequada. ” (Grehs e Baumhardt, 2017)[1]. Por conseguinte, a atenção a aspectos tanto estruturais quanto conjunturais deve guiar a atenção ao empresário e, ainda mais particularmente, no caso daquelas propriedades cujo tamanho[2], dimensão e suscetibilidade, concedem pouca margem de reconfiguração.

Esse é, aliás, um aspecto importante a ser considerado. Em muitas situações associa-se, equivocadamente, propriedades maiores ou mais pujantes como necessariamente mais eficientes, bem geridas e sustentáveis. Isso não é verdade. A pequena propriedade pode ser – e o é, em muitos dos casos – capaz de possuir uma gestão assertiva e eficiente, focada em processos sustentáveis, na visão adequada de mercado e em tomadas de decisão conscientes e balizadas em informação de qualidade. Para isso, entretanto, é importante que o empresário rural reconheça a importância das boas práticas de gestão e, também, das ações coordenadas, seja em redes associativas ou cooperadas, seja na construção de parcerias de menor custo de transação.

Leia na edição de fevereiro da Revista Coopercitrus 

É interessante observar, nesse sentido, que, apesar de existirem especificidades relacionadas ao tamanho das propriedades, seu perfil de gestão ou mesmo o setor de atividade, há aspectos em comum no direcionamento do agro, que, se bem compreendidas, podem favorecer a compreensão do mercado no qual se está inserido, ampliando as chances de sucesso ou antecipando ações que favorecem o acesso a mercados novos e, ou, mais rentáveis. De fato, muitas ‘ondas’ ou formas de concentração de interesse e pesquisa permearam a compreensão e o direcionamento da gestão das propriedades do agro, em termos de indicação de relevância e da concentração de esforços[3]. Nessa análise, o direcionamento principal de cada uma dessas ‘ondas’ não cancela a importância dos demais segmentos, mas destaca onde se encontram ensejo principal de atenção.

A primeira dessas ondas direcionou-se para a produção em si, ou seja, os esforços concentravam-se no produtor e na produção, no que ocorria dentro da propriedade rural. Na sequência, a segunda deslocou o foco para a indústria, para o processamento e a ampliação da diversidade de usos associados aos produtos básicos. A ‘terceira onda’, mais recente, caminhou em direção à distribuição, principalmente o varejo, com o fortalecimento das grandes redes e no destaque ao papel do consumidor. A ‘quarta onda’, cujos contornos estão se tornando cada vez mais evidenciados, se assenta em três princípios básicos: (a) na importância dos contratos e integração vertical (ou seja, destaca o poder associado à coordenação do agro), (b) na formação de parcerias para a agregação de valor e, (c) no uso de tecnologias (de produção, de processo e de informação), orientadas para o mercado.

Essa nova visão incorpora aspectos integrados de coordenação de cadeias produtivas e exige, de todos os atores envolvidos, a compreensão de que ‘azem parte de algo maior, mais complexo que as já desafiadoras atividades que desenvolvem e que, portanto, cada ação individual pesa no sucesso coletivo. Mais que gerir com base nas práticas tradicionais que olham ‘para dentro’ das propriedades – práticas essas sempre importantes -, a participação consciente em ações coordenadas de participação múltipla, a atenção aos detalhes e à qualidade de processos e produtos, o zelo às questões sociais e ambientais, passam a ser fundamentais na gestão das propriedades rurais. Mais desafiador? Certamente. Mas igualmente mais positivo, já que cria redes, conecta pessoas a ações, amplia o conhecimento e o fluxo de informações e, acima de tudo, estabelece compromissos entre as partes de um grande sistema, o agronegócio brasileiro em suas diferentes cadeias de produção.

Viviani Silva Lirio é professora Titular do Departamento de Economia Rural (DER) da Universidade Federal de Viçosa (UFV).

[1] GREHS, Humberto e BAUMHARDT, Jorge Alberto. Gestão sustentável da pequena propriedade rural. 2017. https://domalberto.edu.br/wp-content/uploads/sites/4/2017/11/GEST%C3%83O-SUSTENT%C3%81VEL-DA-PEQUENA-PROPRIEDADE-RURAL.pdf

[2] Tamanho e dimensão não dizem respeito apenas à extensão territorial ou classificação. Há parâmetros técnicos e econômicos que são utilizados para estas classificações.

[3] Uma apresentação didática de muitos aspectos da gestão em pequenas propriedades, e particularmente na itemização das ‘ondas’ do agronegócio, pode ser encontrada no documento a seguir: QUEIROZ, Rodrigo Souza. Gestão da Pequena Propriedade Rural. / NT Editora. Brasília: 2014. 85p. https://www.bibliotecaagptea.org.br/agricultura/agricultura_geral/livros/GESTAO%20DE%20PEQUENA%20PROPRIEDADE%20RURAL.pdf

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