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novembro 25, 2024
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O fim da CATI !

Por:João Brunelli Junior, ex-coordenador da CATI

A Coordenadoria de Assistência Técnica Integral – CATI, o órgão oficial de assistência técnica e extensão rural do governo do estado de São Paulo, vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento, deixa de existir com esse nome. Estranhamente, de maneira totalmente impositiva, passa a se chamar Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável.
Nos últimos anos, a CATI nunca esteve tão presente e atuante junto ao setor rural paulista. Não há como negar as inúmeras evidências e os excepcionais resultados do Microbacias II, projeto apoiado pelo Banco Mundial, que levou centenas de associações e cooperativas de produtores rurais a um novo patamar de desenvolvimento, permitindo que se organizassem, com infraestrutura e gestão, para poderem participar ativamente do mercado, ofertando produtos com melhor qualidade e valor agregado.
Não se trata de corporativismo, mas do reconhecimento de uma política pública que deu certo. Ouçam os beneficiários, consultem as quase 300 associações e cooperativas que participaram do projeto, sintam como cresceu a autoestima desses grupos de produtores rurais, que hoje caminham pelas próprias pernas e servem de exemplo até para outros países.
A atual gestão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento se recusa a reconhecer tal sucesso e coloca todas essas organizações de pequenos produtores rurais no esquecimento, chegando a impedir a divulgação desses resultados para a sociedade, talvez por não poder assumir a paternidade, talvez para justificar as propostas de desmonte da extensão rural em curso.
A agricultura paulista não pode ser resumida a atendimento de balcão, somente com a emissão de documentos, atestados e certidões. A extensão rural, principal instrumento de implantação de políticas públicas efetivas, seja por conta de sua capilaridade, seja por conta do perfil dos técnicos que a comungam, precisa ser não só preservada, mas fortalecida em seus quadros. Agrônomos, veterinários, zootecnistas, sociólogos e outros profissionais da extensão rural proporcionam ações concretas de conservação de solo, adequação ambiental das propriedades, boas práticas de produção agropecuária, melhoria de gestão das organizações de produtores, enfim, colocam a mão na terra e pegam na mão do produtor rural.
As atuais propostas de reforma, decididas em gabinetes e sem nenhuma participação, feita por pessoas sem nenhum conhecimento das reais demandas da agricultura paulista, sinalizam a transferência paulatina de todas as Casas de Agricultura para os municípios, além da redução dos escritórios regionais de desenvolvimento rural, tudo em nome da redução de despesas, porém a um custo social enorme que, infelizmente, a sociedade só irá perceber muito tarde. Já que mudaram o nome da CATI, agora estão caminhando a passos firmes para a extinção da extensão rural paulista.
A agricultura familiar paulista, representada por quase 300 mil propriedades rurais, e a extensão rural pedem socorro. Nossos produtores rurais precisam saber que esse serviço vai desaparecer rapidamente se nada for feito para barrar essa diretriz única de economia dos recursos públicos a qualquer custo!

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