Projeto é denominado ‘Pacote Agronômico’ e envolverá produtores que já fornecem o grão à multinacional
A Nespresso anunciou investimento de R$ 5 milhões para realizar seu novo projeto, o Pacote Agronômico, que foi pensado para desenvolver práticas regenerativas em fazendas de café que são fornecedoras brasileiras da multinacional. O recurso será aplicado nesta safra 2024/25, informou a empresa por comunicado.
“Inicialmente, apoiaremos o produtor com o teste de novas práticas regenerativas em um talhão da fazenda. Para compreender a evolução e comprovar os benefícios em custo e produtividade, a Nespresso fará análises de solo ao longo de três anos, comparando a performance do talhão regenerativo ao restante da fazenda”, explica Daniel Motyl, gerente regional de Café Verde no Brasil.
O objetivo é assegurar a qualidade dos grãos que irão para processamento e que as fazendas consigam manter a produtividade, tendo “resiliência” às adversidades de clima, de solo, ou mesmo econômicas.
Em um momento de exigências ambientais e dúvidas sobre a oferta global, o projeto da Nespresso beneficia diretamente 130 fazendas do Programa Nespresso AAA de Qualidade Sustentável.
As principais práticas regenerativas impulsionadas pelo pacote incluem: uso de fertilizantes orgânicos, uso de biológicos, aplicação de plantas de cobertura e biochar – carvão vegetal que é obtido a partir do aquecimento de altas temperaturas e sem oxigênio da matéria-prima que tem biomassa.
De acordo com a empresa, o biochar será utilizado no plantio de novos cafés ou para renovação dos cafezais por ajudar na retenção de água e nutrientes no solo, ajudando na redução da pegada de carbono no campo.
“Nesse primeiro momento, 14 fazendas optaram pela implementação do biochar em seus talhões regenerativos. Isso representa uma aplicação de 100 toneladas do material e a captura de cerca de 150 toneladas de CO2 da atmosfera”, conta Daniel.
O programa da Nespresso também incluirá monitoramento das condições de trabalho a fim de que sejam “dignas nas fazendas de café”.
“A empresa adota uma variedade de estratégias para garantir os direitos humanos, que incluem treinamentos, verificação, assistência para certificações e a utilização de ferramentas de análise”, afirma o comunicado. Atualmente, o programa conta com a participação de 22 consultores, dos quais oito são especializados em direitos humanos.
Programa AAA
As 133 fazendas selecionadas para o projeto fazem parte do Programa Nespresso AAA de Qualidade Sustentável, criado em 2003, em parceria com a Rainforest Alliance.
A iniciativa começou com 300 produtores inscritos na Costa Rica e atualmente são mais de 150 mil produtores no programa, em 18 países. São mais de 345 mil hectares gerenciados de forma sustentável.
Segundo a Nespresso, globalmente, 94% do café verde da empresa vem do Programa AAA, sendo que 85% do café AAA é proveniente de fazendas com práticas regenerativas.
No Brasil, são mais de 900 fazendas fornecedoras de café para a Nespresso, todas certificadas pelo programa, “tornando o país o principal fornecedor de cafés verdes à empresa no mundo, responsável por 25% do volume global”, destaca o comunicado.
A empresa garante que paga um preço premium para o café de qualidade superior cultivado pelos agricultores do Programa AAA, “melhorando os seus rendimentos à medida que a produtividade aumenta ano após ano, ao mesmo tempo que protege os recursos ambientais e sociais para construir um futuro mais sustentável”.