As observações em campo, em lavouras de café robusta/conilon, mostram forte ataque de ferrugem em clones susceptíveis à doença, revelando a grande importância de utilizar clones com resistência, os quais ainda são pouco disponíveis.
Os cafeeiros conilon, da espécie Coffea canephora, são, no geral, susceptíveis à ferrugem, sendo incluídos no grupo E, ou seja, no grupo de cafeeiros susceptíveis à maioria das raças do fungo Hemileia vastarix, causador da doença. Poucas são as plantas que se mostram imunes à ferrugem, com resistência do tipo vertical ou completa, existindo algumas que mostram resistência horizontal, ou incompleta, com folhas apresentando menor número de pústulas. Cafeeiros da variedade robusta, por sua vez, podem apresentar maior resistência à ferrugem, sendo fonte para a produção de híbridos ou clones resistentes.
As lavouras de café de C. canephora são formadas a partir de mudas clonais, ou seja, por reprodução vegetativa, visto que as plantas são de fecundação cruzada e, assim, as sementes não reproduzem fielmente as características das plantas mães. No desenvolvimento dos diferentes clones foi dada prioridade aos aspectos de produtividade, sem a preocupação com aspecto de resistência à ferrugem. Deste modo, são disponíveis poucos clones que apresentam resistência à doença. Pode-se citar como resistentes o clone A1 e o PR6, mais alguns clones da variedade robusta, estes com a desvantagem de serem muito susceptíveis à seca e terem menor rendimento na transformação de frutos secos para grãos beneficiados.
Na prática tem sido difícil o controle químico da ferrugem em cafeeiros robusta/conilon, por duas razões principais. As plantas são conduzidas com multi-caules, tombam e fecham rapidamente a lavoura, tornando o meio sombrio, favorecendo a doença e dificultando as pulverizações. Também, pelo cultivo em regiões de baixa altitude, a temperatura é favorável ao desenvolvimento da doença por longo período do ano, só dependendo da umidade. O tratamento via fungicidas de solo, que antes facilitava o controle, agora não é mais eficiente e, deste modo, torna-se prioridade contar com clones resistentes à ferrugem, para evitar prejuízos com essa doença.
J.B. Matiello – Eng Agr Fundação Procafé e Hugo V. A. Siqueira – Eng Agr do Sistema FAERJ-SENAR e Cassio Vittorazzi – Eng Agr do programa AT e G, do Senar-RJ.