O pecuarista José Varella, de Ribeirão Preto, disse que leu matéria sobre o uso de cloro para o tratamento de água para o gado no site do Giro do Boi e ficou com dúvida sobre o uso das pastilhas com o produto no reservatório. “Tenho um bebedouro australiano de mil litros e vou colocar as planilhas de cloro a cada 7 dias em flutuadores de piscina. Devo colocar 3 gramas em pastilha ou colocar 21 gramas( 3 gramas X 7 dias)?”.
Em trecho de uma resposta que foi ao ar no programa de 27 de novembro de 2020, o médico veterinário especialista no tema Fernando Loureiro havia informado que “quanto a essas pastilhas de cloro, existem à venda no mercado produtos específicos para você colocar várias pastilhas e ir liberando o elemento ao longo do tempo, usando uma a cada cinco dias ou uma vez por semana, por exemplo. E existem os flutuadores, como são os flutuadores de piscina, peças próprias para se colocar a pastilha e deixar flutuando sobre a água do bebedouro, sem risco nenhum para os animais ingerirem aquela pastilha ou uma grande quantidade”.
Flutuador para pastilha de cloro caseiro, feito com o famoso macarrão de piscina.
Nesta sexta, dia 19, o veterinário trouxe mais detalhes sobre o assunto. “A gente tem que entender como o cloro funciona. Eu fui buscar orientação em uma palestra do professor João Luís Santos, da Unicamp, que é um especialista em tratamento de água para animais, tanto na avicultura, suinocultura e na bovinocultura também. Ele entende bastante, já trabalha com isso há tempos e eu tive oportunidade de assistir uma apresentação e acompanho os trabalhos dele pelo Youtube e o que ele tem apresentado no site dele”, comentou Fernando.
“O cloro não vai ficar disponível na água por um período muito longo. Esse cloro que a gente adiciona para tratar a água vai ser rapidamente utilizado num período de 30 minutos a uma hora. Depois ele sofre reações químicas e não vai ser mais o cloro ativo, vai se transformar em outro elemento e não estará mais executando a sua função”, explicou.
“O cloro tem duas funções: o efeito germicida, que mata bactérias e protozoários, mas outra função do cloro […] é a de oxidar a matéria orgânica, ou seja, neutralizar a matéria orgânica presente na água. Matéria orgânica, a gente já falou bastante disso aqui, são as folhas de capim, os farelos presentes no proteinado e na ração, o crescimento de algas e plantas aquáticas e o lodo. Essas matérias orgânicas são elementos com nitrogênio em sua composição e esse cloro vai fazer ligação para poder combater o crescimento desses compostos nitrogenados. Então as bactérias protegem isso”, apontou.
“Conforme maior for a incidência do teor de matéria orgânica na água, seria melhor ajustado ter um teor maior de cloro. E o cloro vai oxidando essa matéria orgânica e eliminando bactérias e protozoários também. Por isso é interessante utilizar aquelas pedras, as pastilhas de cloro, que vão ter uma lenta liberação, vão ter um efeito duradouro, um efeito maior. As pastilhas vão liberando aos poucos o cloro na água e ele vai oxidando a matéria orgânica, também fazendo o seu efeito germicida sobre bactérias e protozoários, combatendo esses agentes microbianos na água, que causam danos à saúde dos animais”, confirmou.
“Você pode utilizar, sim, um volume maior de cloro, desde que você assegure essa lenta liberação nos flutuadores com a pastilha e também os cloradores, que são uma forma de utilizar várias pastilhas que vão liberando gradualmente em tempo constante o cloro na água. Seria interessante para isso mensurar tanto a taxa de entrada de água, a vazão de chegada de água no seu reservatório ou no seus bebedouros e também mensurar a taxa média de saída para que o cloro tenha tempo mínimo de 30 minutos até uma hora de ação de cloro em toda essa água para que ela possa estar tratada. Senão toda água que entra logo vai sair e a gente vai servir uma água sem o tratamento necessário para que o cloro faça sua ação”, observou.
“Por outro lado, oferecer uma quantidade muito grande de cloro, visando que ele atue por toda uma semana, não é interessante porque ele vai ter o seu período de ação no decorrer de uma hora, não mais do que duas horas. E, se colocar em excesso, esse cloro não estará mais presente na água e vai se transformar em outro elemento, em outros compostos químicos, e já não vai ter a mesma ação bactericida, que é o que a gente deseja”, explanou.