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outubro 2, 2025
Pecuária

Consumo em alta leva preço do boi gordo a patamar recorde

Indicador Cepea/B3 bateu recorde nesta semana, quando o valor nominal do gado chegou a R$ 352,65 por arroba

O preço da arroba do boi gordo atingiu nova máxima histórica nesta semana no Brasil, puxado pela forte demanda por carne bovina nos mercados interno e externo. O consumo em alta já havia feito os abates de bovinos baterem recorde no primeiro semestre.

O indicador do boi gordo Cepea/B3 bateu recorde na terça-feira (26), quando o valor nominal chegou a R$ 352,65 por arroba. Ontem, o índice fechou a R$ 352,10 por arroba.

A última vez em que o preço do gado chegou a esse nível foi após o auge da pandemia de covid-19, em março de 2022, quando a cotação foi a R$ 352,05 por arroba. “Realmente, é a maior alta da série histórica de preço do boi no Brasil, e as razões disso são demandas no mercado interno e externo bastante aquecidas”, disse João Figueiredo, analista da Datagro Pecuária.

O especialista lembra que, apesar dos sinais de início da virada de ciclo pecuário na oferta de gado, o quadro é diferente do que se viu em 2022. Naquele ano, a oferta de animais estava mais restrita e o ciclo era de baixa.

“Estamos com mais de 30 milhões de bois abatidos até setembro, um patamar de abates recorde, e o boi subindo desse jeito. É muito impressionante”, avalia.

De acordo com a Datagro, em alguma medida, a valorização da arroba já foi repassada ao preço da carne bovina no atacado, que também está em suas máximas históricas, em torno de R$ 23 por quilo. No entanto, não se sabe até que ponto o consumidor doméstico conseguirá absorver os produtos nesses valores no médio e longo prazos, diz a consultoria.

Sobre a demanda do mercado externo, Lygia Pimentel, diretora da consultoria Agrifatto, disse que as exportações de carne bovina já bateram recorde antes mesmo de o Brasil encerrar o ano de 2024.

No acumulado entre janeiro e outubro, os embarques da proteína alcançaram 2,4 milhões de toneladas, conforme dados do governo federal compilados pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec). Em todo o ano passado, o Brasil exportou 2,29 milhões de toneladas de carne bovina.

“Até agora, a gente está falando de vendas com preço em dólares mais alto e a cotação do dólar também mais alta. Quando convertemos para reais, o preço da tonelada atingiu recorde”, afirmou.

Além das compras da China, os exportadores brasileiros beneficiam-se do declínio da produção americana de gado — tanto de forma direta, como fornecedores, quanto indireta, com a perda de espaço dos EUA no mercado global. Um exemplo disso são os novos mercados em ascensão para embarques brasileiros, como é o caso do México.

Pimentel acredita que, daqui para a frente, a tendência é de ajuste nos preços do gado. Ela argumenta que o consumidor deverá ter dificuldade para absorver os altos valores da carne e que as indústrias frigoríficas também precisarão buscar estratégias para lidar com o aumento de custo.

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