Grupo de produtores ligados à Cooxupé irão utilizar a inovação, que promete reduzir em 41% a pegada de carbono do café
A cafeicultora Juliana Paulino Mello começou a usar fertilizantes de baixo carbono desenvolvido pela Yara em parte dos 150 hectares da Fazenda Nova Aliança, em Monte Santo (MG). Ela faz parte de um grupo de nove produtores ligados à Cooxupé, maior cooperativa de produtores de café da América Latina, escolhidos para testar a inovação, que promete reduzir em 41% a pegada de carbono do café.
A iniciativa é somada a uma série de medidas adotadas pela produtora para tornar a sua produção mais sustentável, como a substituição de fungicidas e inseticidas por produtos biológicos, como tomilho, melaleuca, óleo de neem e alecrim.
“São elementos naturais que combatem as pragas do café. Isso permite que a gente tenha um solo melhor. E além de tudo isso vamos ter um adubo que emite menos carbono e com gente remunerando essa produção. É o reconhecimento de que a gente está fazendo bem para o planeta”, afirmou Mello.
A Cooxupé já negociou a venda antecipada de 2,5 mil sacas do café que será produzido pelos cooperados com os fertilizantes de baixo carbono para um comprador do Japão. A cooperativa não divulga o valor do prêmio a ser pago pelo café.
Guilherme Schmitz, vice-presidente de agronomia da Yara Brasil, diz que a Yara trouxe para o Brasil em outubro 260 toneladas dos produtos YaraLiva e YaraMila, produzidos na Noruega. Os produtos foram distribuídos para nove produtores ligados à Cooxupé para experimentar os fertilizantes em 120 hectares de cafezais.
“O fertilizante nitrogenado responde por 67% da pegada de carbono do café. A empresa tem trabalhado em tecnologias para reduzir as emissões de carbono. As novas linhas reduzem em até 90% a pegada de carbono na produção de fertilizante e de 41% na produção de café”, afirmou Schmitz.
A produção de cada um quilo de café gera 3,45 quilos de emissão de gases de efeito estufa na atmosfera, em média, com o uso de fertilizantes convencionais. Com a linha de fertilizantes de baixo carbono da Yara, as emissões baixam para 2,03 quilos por quilo de café.
Para produzir o fertilizante nitrogenado, a Yara sintetiza o nitrogênio do ar, com uso de energia — neste caso, foi adotada a eletrólise da água.
Para reduzir a pegada de carbono na produção dos fertilizantes, a Yara usa catalisadores nas chaminés da fábrica que sequestram o óxido nitroso, um gás gerador de efeito estufa Schmitz diz que um quilo do óxido nitroso tem o mesmo efeito na atmosfera de 300 quilos de carbono.
Além do uso dos catalisadores, a empresa adota fontes de energia renováveis, como biometano, energia eólica e hidrelétrica.
Schmitz diz que a linha de baixo carbono foi bem recebida por produtores no Brasil. A Yara avalia ampliar os embarques desses fertilizantes no próximo ano. “Tudo indica que teremos aumento da demanda no Brasil, mas ainda estamos avaliando como será a próxima safra”, afirma. Schmitz acrescentou que a Yara estuda oferecer o produto para outras culturas além do café, começando pela cana-de-açúcar.
Globalmente, a Yara tem a meta de se tornar neutra em emissões de carbono até 2050. Desde 2005, a empresa já reduziu suas emissões em 50%.
No Brasil, a companhia começou a produzir em outubro na fábrica de Cubatão (SP) amônia de baixo carbono. A empresa substituiu o gás natural na produção por biometano produzido pela Raízen a partir da vinhaça. A previsão é produzir 15 mil toneladas de amônia verde, o equivalente a 2,5% da sua produção anual.