A fazenda Roncador no município de Querência (MT), foi fundada pelo saudoso pecuarista Pelerson Soares Penido em 1978. Pode parecer incrível, mas, segundo o neto dele, Pelerson Penido, hoje, presidente do Grupo Roncador, a trajetória da propriedade tinha tudo para ser um grande desastre. No entanto, hoje, a fazenda colhe três safras, aumentou 16 vezes sua produção e é uma grande fixadora de gás carbônico no solo.
A reportagem do Giro do Boi conversou com Penido, durante o Fórum Metano na Pecuária. O evento foi realizado no início de maio na capital paulista. Foram discutidas as estratégias para a redução das emissões dos gases de efeito estufa (GEE) relacionados à produção de bovinos no País.
A história de sucesso da Roncador não poderia ficar de fora. Os fazendeiros conseguiram reverter um processo de degradação que estava consumindo com os ganhos da propriedade.
A produção de gado era baseada no ciclo completo e passou a registrar cada vez mais altos níveis de degradação Além disso, eram baixos os índices de produtividade.
“Quando os trabalhos começaram em 1978, tínhamos a informação que 10% da área de pasto da fazenda precisava de recuperação. Por volta dos anos 2000, a gente estava com 80% da fazenda degradada. A degradação vem porque estamos extraindo mais do que estamos produzindo. Então a busca pelo equilíbrio é o que deve ser feito”, diz Pelerson.
Integração
Além de implementar estratégias de melhoria do rebanho com genética e melhoria dos pastos, a produção da fazenda incluiu a agricultura. Hoje, ao invés de colher apenas uma safra, a de carne, a Roncador passou a colher também a soja e o milho, com a adoção do sistema de integração lavoura-pecuária (ILP).
A fazenda conta atualmente com um rebanho de cerca de 60 mil bovinos com suplementação alimentar e curto período em confinamento. As pastagens integram um sistema rotativo entre plantio de soja e pastagem, que auxilia na nutrição do solo e intensificam a produção de alimento dentro de uma mesma área.
Salto de produção
A fazenda deixou para trás os dados de baixa produtividade para elevar a sua produção. O salto foi de 16 vezes na produção de alimentos. Na safra 2007/2008, entre carne, milho e soja, Roncador produziu 9,6 mil toneladas. Nos dados de 2019/2020, a quantidade produzida foi de 158,7 mil toneladas.
O melhor dessa história foi que, produzindo mais e integrando os sistemas de produção da propriedade, essa prática passou a ser uma grande aliada do meio ambiente.
Nesse mesmo período das safras 2007/2008 a 2019/2020, a fazenda saiu de emissora para sequestradora de GEEs. Ela emitiu 17,5 mil toneladas de CO2 equivalente para -231,6 mil toneladas de CO2 equivalente.
“A curva do balanço de carbono versus a nossa produção de alimentos são inversamente proporcionais. Na safra 2007/2008 nós emitimos muito carbono e produzimos pouco alimento. Essa curva se inverteu ao longo dos anos. Entre 2014 e 2015, já éramos fixadores de carbono e a produção de alimentos tinha aumentado bastante”, diz Pelerson.
Na evolução pecuária, a era de abate dos animais mudou bastante. Antes, os animais eram terminados em 36 meses. Atualmente a idade de abate é aos 15 meses. “Tiramos uma categoria da fazenda. Hoje só temos a cria e a engorda. Isso é menos emissão e mais produção”, diz o pecuarista.