Na maior parte de 2021, a viticultura do Vale do São Francisco (PE/BA) foi agraciada por um clima favorável ao desempenho da temporada, com destaque para a produtividade e a qualidade. Em 2022, ao contrário do ano passado – cuja rentabilidade da cultura não foi uma preocupação alarmante, principalmente a exportadores, favorecidos pelo câmbio –, o primeiro semestre já propõe desafios relacionados às margens da nova safra. Ainda que os preços estejam bastante positivos, o problema decorre das frequentes chuvas na região, já que os custos de produção devem ser ainda maiores, na tentativa de minimizar as perdas nos parreirais.
Com registros de precipitação ultrapassando a marca de 150 mm em um único dia em determinadas áreas, os gastos advêm da necessidade de repoda (em razão de prejuízos na floração e frutificação de videiras), da intensificação de pulverizações e do reforço da adubação potássica (para aumentar o °brix da uva). Apesar dos esforços para contornar a situação, produtores consultados pelo Hortifruti/Cepea já preveem uma redução na produtividade de todo o primeiro semestre deste ano, principalmente considerando fatores como perdas de florada, incidência de míldio e rachamento de bagas.
As consequências das chuvas já estão afetando as negociações nacionais e internacionais, visto que a menor oferta provocou elevação dos preços de todas as variedades no mercado interno ao longo de janeiro/22, e o estoque e a qualidade dos cachos não têm sido suficientes para atender às exigências internacionais, reduzindo os envios do período.