Comemoradas em todo o Brasil no mês de junho, a origem das festas juninas remonta às celebrações de antigos povos da Europa ao início do verão, em rituais que festejavam a fartura das colheitas.
Com o passar do tempo, as festividades, que eram consideradas pagãs pela Igreja, foram incorporadas ao calendário, celebrando os santos católicos: Santo Antônio (13/06), São João (24/06) e São Pedro (29/06). Mas no Brasil, trazidas pelos portugueses, as festas juninas foram reinventadas, transcendendo o campo e a religiosidade. A festa popular passou a exaltar a cultura caipira brasileira, valorizando as tradições e, principalmente, os sabores do campo.
As comemorações em torno dos santos juninos, que engloba comidas regionais, danças, brincadeiras e roupas típicas, aquecem a economia. Pra se ter uma ideia do quanto as festas juninas cresceram, no ano passado, os arraiais movimentaram cerca de R$ 6 bilhões pelo país, segundo dados do Ministério do Turismo.
E nesse grande negócio, a agricultura paulista é protagonista, produzindo ingredientes essenciais para os pratos típicos juninos. O milho, o amendoim e a batata doce são alguns dos alimentos que sempre estão nas mesas dos arraiás, pois fazem parte das receitas mais tradicionais da época: como paçocas, pamonhas, pipoca, curau, canjica e pé de moleque. Tem ainda o vinho e a cachaça, que também fazem parte dessa grande festa.
Desde a década de 1940, o Estado de São Paulo é o maior produtor brasileiro de amendoim, ingrediente indispensável na festa junina. Em 2023, a produção paulista totalizou 736,3 mil toneladas, representando 85% do total nacional. SP também é o responsável por quase 100% da exportação dos derivados do grão, que somaram US$ 642 milhões, segundo o Instituto de Economia Agrícola (IEA-Apta).
A produção paulista de milho também se destaca. O Estado de São Paulo teve a safra de 2023/24 avaliada em 4,08 milhões de toneladas, segundo relatório da FAESP a partir de dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Não podemos esquecer da cachaça, utilizada no tradicional quentão, bebida típica junina, servida quente para espantar o frio do inverno. São Paulo é o maior produtor de cachaça no Brasil, são mais de 400 estabelecimentos que produzem a bebida, o que representa 45% da produção nacional, segundo estimativas da Secretaria de Agricultura de São Paulo. A força do setor alavancou até um concurso para eleger a melhor bebida derivada de cana do Estado. O Cachaça.SP, que resgata a identidade cultural e sustentabilidade da cadeia, é iniciativa do Grupo de Estudos da Cadeia da Cachaça (Gecca), atendendo à demanda da cadeia produtiva, realizado por meio da Secretaria de Agricultura.
Vale lembrar, que na receita do quentão, além da cachaça, também é adicionado outro produto agrícola de suma importância para dar sabor à bebida: o gengibre, cultivado predominantemente por pequenos produtores. Das mãos de agricultores familiares paulistas chega ao paladar de quem festeja Santos Antonio, São João e São Pedro. Em 2023, São Paulo produziu 5,4 mil toneladas de gengibre, segundo o IEA.
E festa junina que se preze, tem que ter vinho quente, que espanta o frio nos arraiais e aquece a cadeia produtiva da uva, setor que também tem crescido, incentivada pela Secretaria de Agricultura e sua Câmara Setorial de Viticultura, Vinhos e Derivados. Já são 321 vinícolas paulistas cadastradas, que produzem entre dois e cinco hectares de uvas viníferas.
Já a versátil batata doce, presente em docinhos, aperitivos e chips, totalizou 187 mil toneladas produzidas em São Paulo, cerca de 20% da produção nacional, segundo dados do IEA. A Secretaria de Agricultura, por meio da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócio (APTA), desenvolve cultivares de batata-doce coloridas, que são mais produtivas e com características que agradam o mercado consumidor.
Considerada por muitos brasileiros como a melhor época do ano, a festa junina agrada a todos os públicos: as brincadeiras e jogos divertem as crianças, a quadrilha aproxima aqueles que gostam de dançar e a fogueira traz o aconchego para os mais quietinhos. Os pratos típicos, entretanto, são capazes de unir todas as pessoas, que mantêm a Festa Junina como uma grande celebração à fartura.