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novembro 25, 2024
Agroindustria

Costumo dizer que quando você conhece os cafés especiais, é um caminho sem volta

Cafeicultor e influencer, Rafael Mendes criou o podcast PodCafé para abordar temas sobre cafeicultura

Nelise Luques

O cafeicultor e também influencer Rafael Stefani Mendes, de 35 anos, que possui propriedade rural em Ribeirão Corrente, tem se destacado no setor com a produção de conteúdo digital sobre o setor cafeeiro.

De forma despretensiosa, ele conquistou seguidores no Instagram (@cafenobrasil) – hoje são mais de 90 mil – e, a partir do crescente interesse do público nas redes sociais, abraçou outra ideia para difundir informações sobre cafeicultura. Rafael Mendes se rendeu à uma das principais ferramentas de comunicação e criou o podcast Podcafé no Youtube.

Em entrevista ao Verdade, Rafael fala sobre sua experiência com a cafeicultura e redes sociais, a expansão e paixão por cafés especiais no mundo todo e outros temas. Confira!

Rafael, como nasceu sua relação com a cafeicultura?

Bom, minha família não tinha um histórico de cafeicultores, quem começou foi meu pai e meus tios com um pequeno plantio de 3 mil plantas, isso em 1979, e nasci em 1986, 6 anos após o início deles na cafeicultura. Então, desde criança passei a conviver e estar no meio da lavoura, desde criança meu pai sempre me levou pra roça seja para estar com eles ou então para ajudar de alguma forma.

Atualmente, você é cafeicultor em Ribeirão Corrente. Qual a média de produção na propriedade, quantos funcionários possuem?

Nossas propriedades, sejam próprias e algumas parcelas arrendadas, ficam todas em Ribeirão Corrente, temos uma média de produção em torno de 40 sacas por hectare e os serviços feitos com trator praticamente nós mesmos que fazemos, mas temos ainda nove funcionários que trabalham o ano todo com a gente.

A região de Franca, incluindo Ribeirão Corrente – Alta Mogiana, é tida como excelente para a produção de cafés. Você que atua na área destaca quais características como favoráveis à produção dos grãos?

Realmente, estamos em uma região muito privilegiada, com um relevo muito bom para se trabalhar de forma mecanizada, mas sobretudo a região se destaca sempre por produzir cafés de altíssima qualidade acredito que pelo solo, o clima e altitude, que são fatores importantes para garantir essa qualidade dos nossos cafés.

Os cafés especiais conquistaram o paladar dos brasileiros e estrangeiros também. Como você avalia a consolidação desses produtos e o que é preciso para que sejam ainda mais valorizados?

Com certeza os cafés especiais são uma realidade cada vez mais presente na mesa dos brasileiros e como você mesma disse no exterior também. No Brasil, o consumo desses cafés tem aumentado 15% ao ano, acredito que isso está muito ligado a questão do consumidor estar cada vez mais exigente e preocupado com o que consome, e costumo dizer que quando você conhece os cafés especiais acaba sendo um caminho sem volta, com uma bebida mais suave, enaltecendo as notas sensoriais do café, uma bebida mais doce e equilibrada. Os cafés especiais têm ganhado cada vez mais o gosto dos brasileiros.

Notamos que os eventos segmentados para o setor cafeeiro em Franca se expandiram. Tivemos mais recentemente a feira Alta Café, Encontro de Qualidade de Campo, Fórum de Qualidade do Café da Região da Alta Mogiana, com a participação de convidados de renome do setor. No seu ponto de vista, qual a importância dessas iniciativas?

Realmente, Franca tem recebido e produzido grandes eventos do setor cafeeiro e esses eventos são importantíssimos não só para os cafeicultores, mas também para toda a cadeia produtiva no geral. Para os cafeicultores, é uma forma de conhecer novas tecnologias, novas ferramentas e, claro, se tem sempre um grande aprendizado e trocas de experiências nesses eventos, com palestras e demonstrações de resultados. Para as empresas, é uma forma de estar mais próximo dos cafeicultores mostrando suas inovações e ferramentas que vão auxiliar o produtor na busca por uma produção mais eficiente e de qualidade.

Você se tornou influencer do café e já tem mais de 90 mil seguidores no Instagram. Qual o seu propósito e metas de expansão tendo as redes sociais como um canal para falar sobre cafeicultura?

Nossa, nunca imaginei chegar onde cheguei, nem mesmo de ser chamado um dia como Influencer do café, aconteceu naturalmente. Quando comecei no Instagram em 2014, a intenção era levar informação e mostrar a beleza da cafeicultura brasileira através de fotos e vídeos que os próprios seguidores enviavam, no entanto com o passar dos anos foi se criando a curiosidade em saber o que estava por trás do Café no Brasil, comecei a aparecer por lá algumas vezes e foi um caminho sem volta. Hoje converso e mostro o meu dia a dia por lá todos os dias, e é muito gratificante quando recebo mensagens ou encontro pessoalmente seguidores em eventos e eles dizem que se inspiram e que eu ajudo de alguma forma! Como falei, tudo aconteceu naturalmente, nunca tracei uma meta, e para o futuro também não tenho nenhum objetivo traçado, quero continuar a ajudar os cafeicultores de alguma forma, levando informação e conhecimento, hoje, mais do nunca, sei da minha responsabilidade em tudo que falo e mostro, acho que minha simplicidade e a forma que converso com meu público de forma natural, espontânea, sem mascarar a realidade, fez com que eu conquistasse a confiança do público e pretendo continuar assim!

Outra ferramenta em alta na área da comunicação é o podcast. Você também criou o PodCafé, nome bastante sugestivo, aliás. Como tem sido a utilização dessa ferramenta?

O Podcafé nasceu da ideia de levar as lives que eu já fazia no Instagram para o Youtube, trazendo mais qualidade de som e imagem, e introduzindo também nas plataformas de podcast. Foi um pedido dos próprios seguidores que eu levasse as lives para o Youtube, sempre fiz essas lives com convidados importantes, trazendo muita informação de qualidade para os seguidores, e como o formato podcast está em alta, decidi juntar as duas ferramentas, e claro com os convidados presenciais, frente a frente o bate papo fica mais interativo e mais dinâmico!

Rafael, um dos temas que você abordou no PodCafé foi sobre a mecanização das colheitas. Como está esse processo na região? É algo necessário?

Ótima pergunta! Porque no início, quando se falava em mecanização, logo se falava na questão de tirar a mão de obra, porém hoje em dia nós cafeicultores sabemos que seria impossível a região produzir a quantidade de café que produz se não houvesse a mecanização. Sem falar na mão de obra que está cada vez mais escassa, não é o nosso caso aqui, por conta da mecanização, mas no Espírito Santo por exemplo, onde a mecanização da colheita do café conilon ainda é um desafio, se tem relatos de cafés perdendo na lavoura por falta de mão de obra. Então a mecanização foi um fator importantíssimo para o desenvolvimento da cafeicultura aqui na Alta Mogiana e em outras regiões produtoras.

Você pode nos dar um spoiler sobre os próximos temas a serem abordados?

Claro! Um dos temas que tratamos é sobre comercialização de café! O produtor tem muitas dúvidas a respeito de como conseguir vender seu café melhor, de como conseguir um preço que ele acha justo no seu café. E também abri uma enquete para meu seguidores no Instagram e eles sugeriram vários temas e sugestões de convidados, acho isso importante, afinal é pra eles que o Podcafé foi criado.

No ano passado, a região foi castigada pela seca e geadas. Como vocês têm trabalhado para tentar reduzir os prejuízos com situações como essas, fora do controle humano?

Realmente passamos por dois anos bem desafiadores, que comprometeu e muito a produção da região e também de outras regiões produtoras. Quanto à seca, temos o uso de tecnologias como a irrigação que se tem mostrado bem eficiente e que diminui bastante os danos causados pela seca. Quanto à geada não se tem muito o que fazer, o que aconselho é sempre evitar plantar em áreas mais baixas e com histórico de geadas anteriores, porque não existe um meio eficaz de diminuir significativamente os danos causados por ela.

Rafael, tem mais alguma informação que gostaria de acrescentar?

Só quero agradecer pela oportunidade de estar falando com o Jornal Verdade e seus leitores, e aproveitar a oportunidade para convidar quem ainda não me acompanha nas redes sociais para seguir lá, meu Instagram é o @cafenobrasil e acompanhar também o Podcafé pelo Youtube Café no Brasil ou através de seu player de áudio favorito. O conteúdo está bem legal, trazendo muita informação de qualidade. Muito obrigado.

Fonte: Verdade ON

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