Citros australiano não possui sementes e não pode ser utilizado para a produção de suco
Você sabe o que é limão-caviar? Nunca viu, nem comeu? Mas ouviu falar? A fruta cítrica conhecida internacionalmente como finger lemon é considerada exótica no Brasil, com o quilo variando entre R$ 800 e R$ 2 mil.
De acordo com Luana Aparecida Castilho Maro, engenheira agrônoma e pesquisadora da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), ele pertence à família rutaceae e é uma das sete espécies nativas originárias da Austrália.
Em razão da distância entre a Oceania e os outros continentes, evoluiu separadamente dos outros citros e, por isso, apresenta características morfológicas únicas, como o formato, que não é arredondado.
“É um fruto alongado com contorno ovoide que remete a um dedo. Há uma grande variedade de cores de casca, que vai do preto ao amarelo ou verde. Além disso, o albedo ou mesocarpo – parte branca e fibrosa – são quase inexistentes quando comparado com mais espécies”, afirma a especialista.
Por que o limão-caviar é tão caro?
Recentemente, uma embalagem de 30 gramas com duas unidades de limão-caviar a R$ 71,76 – o equivalente a R$ 2.392 o quilo – voltou a viralizar nas redes sociais, levantando questionamentos sobre o fruto pouco conhecido. O preço mais alto em relação a outras variedades de citros está ligado à baixa disponibilidade e ao caráter de novidade sobre algo que ainda não é de conhecimento geral da população, diz a engenheira da Epagri.
Outro motivo é a pequena produção da árvore, explica o agricutor Tarcísio Mattos, que cultiva citros exóticos na propriedade localizada em Alfredo Wagner (SC). Diferente das outras variedades, como limão siciliano, cravo, galego e tahiti, o pé de limão-caviar não dá frutos em grande quantidade.
“Esse ano, colhemos em torno de 50 frutas em 10 pés. A média não é de dividir por 10, pois poucas árvores produziram. Ainda é um aprendizado aqui no sítio. E também podemos considerar pela dificuldade de manejo, pois é uma árvore muito espinhenta e que machuca mesmo”.
O nome limão-caviar
A explicação está nas vesículas, que são apresentadas em bolhas esféricas independentes e parecidas com o caviar (ovas de esturjão consumidas frescas ou pasteurizadas), mas em cores diferentes, dependendo das cultivares. Além da semelhança com a iguaria de luxo, o limão não possui sementes nem pode ser utilizado para a produção de suco.
“Ele é ácido e com um sabor bem marcante. Ele tem o sabor plausível de um limão, circulando entre o meyer e o siciliano, talvez. Não é como o siciliano ou o meyer e nem mais adocicado como o cravo”, diz Mattos, que, antes de pensar na comercialização regular do limão-caviar, busca entender as características do fruto raro.
O uso culinário
Na alta gastronomia, limão-caviar é usado para finalizar pratos, por causa da textura diferenciada. Julia Bottan conheceu o fruto na Europa e o utiliza em diversas preparações da culinária brasileira. A ideia é manter as particularidades para proporcionar uma “experiência única”. Considerado versátil, combina com carnes, peixes, cogumelos, ostras, o doce das sobremesas e também com ingredientes mais simples para as entradas, garante Bottan.
“Gastronomicamente falando, ele tem um valor comercial altíssimo e é mais utilizado para finalizar pratos mesmo. Quando falamos em finalização, é que a gente não cozinha, apenas aquece. Usamos só no fim para não perder as características”.