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novembro 25, 2024
Agricultura

Conab aponta forte atraso no plantio de soja no Brasil

Condições climáticas devem beneficiar o andamento da semeadura na próxima semana

O plantio da safra de soja no Brasil no ciclo 2024/25 alcançou 9,1% da área até o último dia 13 de outubro, disse a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Nessa mesma data do ano passado, a semeadura alcançava 19%.

Em análise sobre as condições de clima em algumas regiões produtoras, a Conab disse que em Mato Grosso – principal Estado produtor – a irregularidade das chuvas motivou o atraso nos trabalhos.

Já no Paraná, as chuvas beneficiaram o plantio na última semana, além do desenvolvimento vegetativo, especialmente em áreas do oeste do Estado. Já no Rio Grande do Sul as chuvas impediram o início da semeadura, mas os produtores estão realizando o preparo do solo.

Ainda segundo boletim da Conab, as condições climáticas devem beneficiar o andamento do plantio na próxima semana. Segundo a estatal, para o Centro-Oeste, onde está concentrada grande parte da produção, são esperadas chuvas bem distribuídas que deverão elevar a umidade do solo. Os maiores acumulados deverão ocorrer em Goiás, no nordeste de Mato Grosso e sudoeste de Mato Grosso do Sul.

Para Daniele Siqueira, analista da AgRural, a previsão de chuvas para a segunda quinzena do mês deve anular o atraso no plantio da safra de soja brasileira.

“Em Mato Grosso, o plantio é o mais atrasado desde a safra 2020/21. Caso chova bem nos próximos dias, o atraso pode ser revertido, pois os produtores de Mato Grosso são extremamente tecnificados, e conseguem plantar muito rapidamente assim que as condições climáticas e do solo permitam”, destaca a analista.

Na manhã desta terça-feira (15/10), a Conab divulgou sua primeira previsão oficial para a safra de grãos 2024/25. Para a soja, a estimativa é de um crescimento de 2,8% na área semeada, mesmo com o atraso no plantio devido ao tempo seco. Ainda assim, a produção da oleaginosa deve aumentar 12,7%, para 166,05 milhões de toneladas.

“Esse percentual de crescimento de área da oleaginosa está arrefecido nesta safra, sendo este o terceiro menor percentual de incremento registrado desde o ciclo 2009/10. O atraso do início das chuvas, sobretudo nos Estados da região Centro-Oeste, vem atrapalhando os trabalhos de preparo do solo e do plantio”, diz o relatório da Conab.

Consultorias

A consultoria Safras & Mercado acreditam que as estimativas da Conab são “conservadoras” e espera uma produção maior do grão. “Nossa estimativa é maior, de 171,8 milhões de toneladas de soja, com produtividade maior para a soja. Mas concordamos que o país deve ter uma safra recorde”, afirmou o analista Luiz Fernando Roque.

O analista ponderou que a perspectiva de clima é de um La Niña mais fraco e de curta duração, o que deve favorecer o desenvolvimento das lavouras. “Os dados para outubro e novembro indicam chuva regular, se for confirmado o país terá seu potencial produtivo pleno”, disse Roque. Ele considera que a fase de seca ficou para trás e o cenário está mais positivo para o desenvolvimento das lavouras.

O analista considerou “muito conservadores” os números previstos para o Rio Grande do Sul. No caso da soja, a previsão da Conab é de colheita de 20,3 milhões de toneladas. “A gente vê potencial para o Rio Grande do Sul colher de 22 milhões a 23 milhões de toneladas”, disse. Segundo o analista, o impacto das enchentes de maio para a safra atual é muito pequeno, praticamente nulo.

Já a StoneX prevê produção de 165 milhões de toneladas, com avanço na área plantada abaixo de 1%. A consultoria também destacou que a estimativa da Conab de exportações de soja é de 105,5 milhões de toneladas na safra 2024/25, ante 92,4 milhões no ciclo 2023/24. A StoneX prevê embarques de 102 milhões de toneladas.

“Muita coisa ainda pode mudar, dependendo do clima. Mas o fato é que o Brasil, se produzir uma safra cheia, tem potencial para voltar a exportar mais de 100 milhões de toneladas no ano que vem”, afirmou Ana Luiza Lodi, especialista de inteligência de mercado de grãos da StoneX.

Trigo

Para analista, Conab fez estimativas otimistas demais para a produção de trigo, sobretudo na região Sudeste — Foto: Embrapa/Divulação
Para analista, Conab fez estimativas otimistas demais para a produção de trigo, sobretudo na região Sudeste — Foto: Embrapa/Divulação


A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) reduziu em 6,2% a estimativa para a produção de trigo em 2024, para 8,26 milhões de toneladas, mas o número ainda foi considerado alto pelo analista sênior Luiz Carlos Pacheco, da T&F Consultoria Agroeconômica.

“Nossa estimativa nunca ultrapassou 7,89 milhões de toneladas. A safra deve ser 377 mil toneladas a menos do que a Conab está reportando”, disse Pacheco.

O analista acrescentou que a Conab fez estimativas muito otimistas para a produção de trigo, sobretudo na região Sudeste.

A Conab estima a produção de trigo em Minas em 405,8 mil toneladas, queda de 13,3% em relação ao ciclo anterior. A T&F estima a produção em 230 mil toneladas. “Falei com muitos produtores e não tem esse trigo todo. Em São Paulo também, a Conab fala em 358,3 mil toneladas, não será mais do que 250 mil toneladas”, acrescentou o analista.

Para o Rio Grande do Sul, a T&F estima produção de 4,05 milhões de toneladas, contra 4,19 milhões de toneladas previstas pela Conab.

O analista diz que a projeção da Conab de quebra de 29,7% na produção do Paraná, para 2,53 milhões de toneladas, está em linha com as estimativas da consultoria, assim como a previsão de 423,5 mil toneladas de produção de trigo em Santa Catarina.

“As safras em Santa Catarina e Rio Grande do Sul começam a ser colhidas agora e há previsão de fortes chuvas no Sul do país. Se chover agora isso pode estragar a qualidade da safra”, acrescentou.

Uma das consequências da safra menor de trigo, disse Pacheco, é o aumento das importações. “Paraná e Santa Catarina aumentaram em 300% as importações e isso está mantendo altos os preços do trigo na Argentina. Quando acabar a colheita no Brasil, o preço do trigo no país vai ser regulado pela cotação do grão importado”, afirmou.

O analista sênior estima que o preço da tonelada do trigo pode subir até R$ 600 reais entre janeiro e julho do ano que vem. Segundo o indicador do Cepea/Esalq, o trigo no Paraná registrou ontem R$ 1.431,78 a tonelada, queda de 1,21% no acumulado do mês.

A T&F estima que a Argentina exportará para o Brasil em torno de 1 milhão de toneladas para atender o Sul do país entre agosto deste ano e julho do ano que vem.

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