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novembro 25, 2024
Agricultura

Cafeeiros da cultivar arara com alta produtividade na cafeicultura de montanha.

POR JOSÉ BRAZ MATIELLO – via CaféPoint

FOLHA PROCAFÉ

A cultivar arara tem apresentado bom desempenho produtivo na condição de cafeicultura de montanha, mostrando, também, boa resistência. Por isso, vem sendo muito plantada nos últimos anos nessas regiões.A cafeicultura de montanha é composta pelas regiões e lavouras cultivadas em terrenos declivosos, onde a mecanização fica difícil e as lavouras são conduzidas, quase que exclusivamente, com tratos manuais. No Brasil, ela abrange as regiões das Matas de Minas, Serranas do Espírito Santo, o Noroeste e a região Serrana do estado do Rio de Janeiro e a parte do Sul de Minas e São Paulo, na divisa com Minas Gerais. No total, a área de café nessa região é estimada em cerca de 600 mil hectares de cafeeiros arábicas.

A variedade de café tradicionalmente mais plantada na cafeicultura de montanha é a catuaí, que possui boas características produtivas e porte baixo, o que é vantajoso por facilitar os tratos. Porém, pela condição de ambiente úmido e sombrio da região, com agravamento por lavouras mais adensadas, a ferrugem ataca fortemente essa variedade suscetível à doença, provocando desfolhas prejudiciais. Por sua vez, o controle químico, com pulverizações de fungicidas, é difícil e oneroso, devido à topografia acidentada nos cafezais. Por essa razão, essa variedade vem sendo, gradativamente, substituída por outras novas com tolerância ou resistência à ferrugem.

Uma das novas variedades de cafeeiros que tem se destacado, a nível nacional, é a arara, que se mostra muito produtiva em diversas regiões, sendo altamente resistente à ferrugem. Os resultados de pesquisas conduzidas em áreas de cafeicultura de montanha, na Zona da Mata de Minas e no Espírito Santo, também indicam essa variedade como de boa adaptação nessa condição. Pode-se observar os resultados de três ensaios realizados na região, conforme as tabelas 1 e 2. Em Marechal Floriano (ES), foram colhidas 6 safras, isto depois de recepar os cafeeiros do ensaio que já haviam produzido dez safras, portanto, agora, com mais 6 safras, possuem 19 anos de idade. O bom desempenho produtivo dos cafeeiros arara mostra, assim, boa recuperação do material depois da poda drástica, evidenciando, também, seu bom vigor a longo prazo. Na Zona da Mata dois ensaios, instalados em Martins Soares, mostraram, em 7 e 9 safras, respectivamente, acréscimo médio produtivo de 42% nos cafeeiros arara em relação à variedade padrão usada no estudo, o catuaí IAC 44.

A princípio pensava-se que os cafeeiros arara não se adaptariam bem ao cultivo em espaçamentos mais adensados e, também, havia dúvidas sobre seu comportamento em áreas de altitude um pouco mais baixas e em áreas com o nematoide exígua. Os experimentos realizados e as observações em plantios comerciais mostram que a cultivar se adapta sim a essas condições. Os ensaios em Marechal Floriano e Martins Soares foram conduzidos em altitudes na faixa de 600-750 m, os espaçamentos foram de 3 x 0,7 m e, na área de Marechal Floriano, ocorre forte infestação de M. exígua.

Sabe-se que a cultivar arara é suscetível a esse nematoide, mas, mesmo com o ataque, foi capaz de produzir mais do que os demais materiais, incluindo um resistente a essa praga, o 785-15. Sabe-se que os cafeeiros arara possuem um diâmetro de saia maior, o que não seria muito adequado nos casos de plantios adensados, porém, a sua alta capacidade produtiva, sua resistência à ferrugem e a sua boa resposta a podas, especialmente no sistema safra zero, compensam. Um exemplo dessa boa adaptação foi observado, em recente visita, em plantio efetuado no município de Ibatiba-ES, no espaçamento de 2,5 x 0,6 m. Nessa área, aos 2,5 anos, as plantas de Arara produziram, em média, 8,5 litros de frutos, o que correspondeu a uma safra de 113 scs/ha, isto sendo a primeira safra. Observando a plantação, depois da colheita, pode-se estimar que a próxima safra deverá ser semelhante.

Pelos bons resultados obtidos e pelas observações de campo pode-se concluir pela indicação da cultivar Arara, para plantios em condições de cafeicultura de montanha e, mesmo, para plantios semiadensados, nessa condição aproveitando safras iniciais altas e depois manejando-se com poda no sistema safra zero.

Tabela 1- Produtividade média, de 6 safras, colhidas após recepa, em cafeeiros de diferentes cultivares, em ensaio conduzido em região de cafeicultura de montanha – Marechal Floriano (ES), 2022

Tabela 2 – Produtividade média, de 7 e 9 safras, colhidas em cafeeiros da cultivar arara, em comparação com o padrão catuaí, em dois ensaios conduzidos em região de cafeicultura de montanha – Martins Soares (ES), 2018


Aspecto da propriedade e dos cafeeiros plantados com a cultivar arara, em Ibatiba (ES). Plantas com 2 anos e 5 meses de idade


Aspecto da frutificação de cafeeiros da cultivar arara, plantados no espaçamento de 2,5 x 0,6 m, na 1ª safra, aos 2,5 anos, com safra de 113 scs/ha, em Ibatiba (ES) – junho/2022
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