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novembro 25, 2024
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Café amazônico avança em solos degradados

Em Apuí (AM), no sul do Amazonas, um dos poucos municípios do Estado que não é banhado por rios e que tem a logística a seu favor, 115 famílias produzem um café da espécie robusta que promete alcançar altos níveis de qualidade num futuro próximo. O Café Apuí Agroflorestal vai receber, ao longo de quatro anos, um aporte de R$ 6 milhões do Carrefour que permitirá a expansão das áreas de plantio em mais de 70%, em solos hoje degradados.

Os recursos foram captados pela ONG Idesam, que dá apoio técnico à iniciativa. O operacional fica a cargo da empresa Amazônia Agroflorestal, que fornece mudas vindas de Rondônia e insumos para que as famílias produzam o café em consórcio com outras culturas. Em troca, a companhia recebe o café colhido, em um sistema de integração com os pequenos produtores, e faz o beneficiamento e a comercialização.

“Atuamos com 231 hectares em sistemas agroflorestais. Em 2026, a meta é atingir 400 hectares”, estimou a diretora executiva da Amazônia Agroflorestal, Sarah Sampaio. Até lá, ela espera que mais 50 a 60 famílias produtoras passem a fazer parte da iniciativa.

Isso só será possível devido aos investimentos que vão sair do papel. Segundo o diretor comercial da Amazônia Agroflorestal, Jônatas Machado, os recursos do Carrefour chegarão anualmente, em quatro etapas, e o primeiro R$ 1 milhão já foi recebido em 2024. “É um recurso que será todo investido na cadeia do café da região.”

A primeira parte do investimento será destinada à construção de um viveiro de mudas. Machado avalia que será muito importante ter essa estrutura, pois hoje as mudas passam por uma longa viagem rodoviária de Rondônia até Apuí e alguns municípios vizinhos onde o café é produzido, o que causa estresse na planta.

“Com o viveiro, vamos conseguir fornecer mudas mais saudáveis aos produtores, e assim também vamos ter um café de melhor qualidade”, disse ele.

Uma segunda parte dos recursos será destinada a um galpão para beneficiamento do café, melhorias operacionais e de maquinário. A expectativa é que essa estrutura comece a operar em 2026.

O projeto também contratou uma consultoria que atenderá os produtores rurais durante o período de três anos para dar capacitação e ensinar técnicas de manejo que ajudem a elevar a qualidade da produção até o patamar dos cafés especiais. Isso permitirá elevar o nível de renda das comunidades.

De acordo com Machado, a iniciativa está em franco de crescimento. Neste ano, o valor total pago aos produtores deve somar de R$ 550 mil a R$ 600 mil — foram R$ 278,4 mil em 2023. “Temos mais famílias entrando, um aumento na produção e o preço do café robusta também avançou”, disse.

A expectativa é produzir de 550 a 600 sacas de 60 quilos em 2024 — no ano passado, foram 406 sacas. Até 30% da produção é exportada como café verde para a Holanda e a Inglaterra, depois de passar pelo centro de distribuição da Amazônia Agroflorestal em São Paulo.

“No mercado interno, fornecemos o produto processado, com maior valor agregado, diretamente para lojas dos públicos A e B, revendas, hotéis e mais recentemente para o Carrefour”, acrescentou.

O projeto de produção do Café Apuí começou em 2012, com sistemas agroflorestais desde o início, mas só tomou proporção maior em meados de 2019, com a criação da empresa. Hoje, o cultivo extrapola os limites do município que deu nome à marca e parte da produção tem certificação orgânica.

A expansão de áreas de plantio prevista no plano de investimentos não envolve nenhum desmatamento, pelo contrário. “Nosso objetivo é avançar em solos degradados. Aqui temos muita pecuária extensiva, com pastagens degradadas. Com o café, queremos ter uma alternativa para regenerar o solo”, disse Sarah Sampaio.

Os solos da Amazônia, em geral, são menos férteis e passam por um processo de correção com calcário e adubo para que possam receber os cafezais. As culturas que dividem espaço com o café são as mais diversas: abacaxi, batata, melancia, cacau, buriti e outras.

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