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novembro 25, 2024
Agricultura

BORRACHA NATURAL: REPRESENTANTES DO SETOR AVALIAM OS PROBLEMAS E DISCUTEM SOLUÇÕES EM REUNIÃO NA FAESP

por FAESP

Federação quer ampliar as ações para contribuir com soluções para o setor produtivo


Está havendo um importante movimento na heveicultura. A atividade está em crise devido aos preços pagos terem chegado a um valor inviável para a manutenção da produção. Isso ocorre em nível nacional e atinge particularmente o estado de São Paulo, que detém cerca de 70% da produção.

A FAESP reuniu representantes do segmento para avaliar as dificuldades e as demandas, a fim de viabilizar soluções e delinear ações conjuntas de apoio aos heveicultores paulistas. Foram recebidos, pela Diretoria da FAESP, Roberto Quartim Barbosa, Presidente da Câmara Setorial da Borracha do Estado de São Paulo, Antonio Ginack Junior, Presidente do Sindicato Rural de Monte Aprazível e Coordenador Adjunto da Comissão Técnica de Silvicultura da FAESP, e Angelo Morales, do Sindicato Rural de Inúbia Paulista.

Uma das medidas discutidas envolve o apoio da FAESP à manutenção do contrato e publicação do Preço de Referência de Importação da Borracha Natural, calculado pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA) da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo, a partir de parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

“Os produtores e sangradores podem contar com o apoio irrestrito da FAESP às demandas apresentadas por seus representantes. Iremos trabalhar prontamente no encaminhamento das ações emergenciais, para evitar uma intensificação da crise, sem deixar de buscar medidas mais estruturantes, que serão estudadas pelo nosso corpo técnico. O objetivo é estimular um ambiente de mercado mais harmônico e estável para todos os elos da cadeia produtiva. Sobre o preço de referência, do IEA/CNA, ele é um importante parâmetro aos produtores e não deixaremos esse trabalho imparcial e de excelência técnica se encerrar”, comentou Tirso Meirelles.

Os produtores defendem a elevação do imposto de importação da borracha natural e derivados, além de ajuste nas alíquotas de importação de borracha sintética, a fim de garantir uma maior competitividade do produto brasileiro. Outra demanda é a busca de convergência entre as metodologias dos levantamentos de custos de produção publicados. Importante também se faz comparar as metodologias de cálculo do preço de paridade internacional, buscando sanar questionamentos do mercado e apontar claramente o preço mínimo que os produtores deveriam estar auferindo, com base na internalização do preço internacional da commodity.

“O preço que está sendo praticado hoje não remunera o sangrador e nem o produtor, que fez o investimento no plantio, formou sua lavoura, e só começa a obter produção de borracha depois de 8 anos, tendo algum retorno econômico apenas depois de dez anos, se o preço estiver condizente”, revela Angelo Morales, do Sindicato Rural de Inúbia Paulista.

“No momento atual, o preço da borracha é desolador. Já estamos começando a ver eliminação de seringais. A seringueira é um fixador de mão de obra no campo. Sem essa atividade, o sangrador, que mora na zona rural para trabalhar, acaba tendo de voltar para a cidade. A seringueira tem de ser olhada como um projeto social, além do fator econômico, para dar condições dignas de vida para o trabalhador rural”, ressalta Morales.

A extração da borracha é feita no modelo de parceria entre o produtor/proprietário dos seringais e os sangradores. Os baixos preços pagos pelas usinas de transformação da borracha são inferiores aos custos de produção. “Com o preço de mercado entre R$ 2,75 e R$ 3,00, o sangrador não consegue se manter”, diz Antonio Ginack Junior, presidente do Sindicato Rural de Monte Aprazível. Nesta matéria de agosto do ano passado, a FAESP já apontava para a queda nos preços e outros desafios do setor – à época o quilo do látex estava em torno de R$ 4,25. Ginack explica que o produtor tem outras atividades agrícolas, mas, mesmo assim, não vê na borracha vantagens econômicas que sustentem a produção. “Esperamos que ocorra um movimento forte para reavaliar os preços, de modo que todos sejam beneficiados: a indústria, as beneficiadoras, o produtor rural e, principalmente, o seu parceiro, o sangrador, que é uma das partes que mais sofre com essa situação”, aponta Ginack.

Segundo o presidente da Câmara Setorial da Borracha do Estado de São Paulo, Roberto Quartim Barbosa, está sendo feito um levantamento de todos os custos operacionais, baseados em índices fidedignos, para poder tirar a produção de borracha dessa situação em que está hoje. Os preços pagos aos produtores estão atrelados ao valor pago na importação (o Brasil importa 60% da borracha que consome), por isso, segundo Barbosa, o imposto de importação que foi reduzido precisa voltar. “Todas essas questões precisam ser administradas com clareza, transparência e índices realmente verdadeiros”.

Estiveram presentes à reunião, representando a FAESP, o vice-presidente, Tirso Meirelles; o diretor 2º tesoureiro, Pedro Lucchesi; o gerente do Departamento Econômico, Cláudio Brisolara; e Érica Monteiro de Barros, assessora técnica do mesmo Departamento.

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