POR JOSÉ BRAZ MATIELLO
A cultivar de cafeeiros azulão, pertencente ao grupo catucaí, vem se destacando pelas características de boa produtividade e resistência.
As cultivares de cafeeiros catucaí, material híbrido entre icatu e catuaí, foram oriundas da seleção inicial, a partir de 1985, em campo de cerca de 4 mil cafeeiros da cultivar icatu vermelho. Foram identificadas 35 plantas de porte baixo, as quais foram selecionadas individualmente, sendo plantadas na Fazenda Experimental de Varginha (MG) para continuidade de seu melhoramento.
Depois de derivadas várias gerações, seguidas de testagem em experimentos em várias regiões e por diversas safras, sempre em comparação com o padrão catuaí, foram sendo liberadas pela pesquisa, sendo registradas diversas cultivares para plantio comercial, como os catucaís 24/137, 2SL, 20-15, etc.
A planta original 36/6, de catucaí vermelho, deu origem à seleção de cova 366, que foi nomeada como azulão, pela sua característica de folhagem escura, verde-azulada, e pelo seu alto vigor.
Os ensaios mais recentes, onde cafeeiros da cultivar azulão vêm sendo testados, mostram que as últimas gerações desse material genético possuem boas características produtivas, sempre se posicionando entre os primeiros colocados em produtividade.
Na tabela 1, podem ser observados comparativos de produtividade em três ensaios, envolvendo grande número de safras controladas, verificando-se um acréscimo médio de 30,6% sobre o padrão catuaí.
Os cafeeiros da cultivar azulão têm porte baixo, cor verde na brotação nova, alto vigor, frutos vermelhos e de maturação média. Possuem boa resistência à ferrugem e se mostram mais tolerantes ao estresse hídrico.
Destaca-se, ainda, resultados de avaliação da qualidade de bebida dos cafés da cultivar azulão, em estudos realizados pelo setor especializado do IFES Muzambinho (MG), onde, na comparação com cafés de outras variedades, os cafés do azulão foram os de melhor pontuação.
A cultivar azulão foi registrada no MAPA pela Fundação Procafé e o pedido de sementes pode ser feito por lá. Ela se adapta às condições das principais regiões de cultivo de C. arábica no país, sendo uma das mais recomendadas para plantio em condições de clima mais quente e seco.