A declaração é de Frauzo Ruiz Sanches, coordenador técnico da Comissão Especial de Citricultura da FAESP, que afirma: “a citricultura vem se descapitalizando nas últimas décadas por sucessivos problemas estruturais, principalmente pelo fato das indústrias se transformarem em produtoras. Isso é o que nós, da FAESP e a própria SOCITRUS debatemos por todos esses anos, pois não é possível que continue dessa forma.”

Comenta que, no momento, a situação do setor é muito difícil. “As indústrias continuam controlando esse mercado e a FAESP, em conjunto com a SOCITRUS, os Sindicatos e a Comissão de Citricultura, têm realizado um trabalho árduo para que esse setor tenha equilíbrio e condições concorrenciais, para virar um livre mercado – algo que, ainda hoje, não é. Tivemos, recentemente, reunião na FAESP com o Presidente Fábio Meirelles, os integrantes da Comissão, a diretoria para definir novas ações que devem ser deflagradas para que essa situação mude ou verta pelo menos em parte”.

Ações

Comenta que o ocorrido no setor da citricultura foi uma concentração de indústrias e verticalização da produção – que causou um estrago social gigantesco no setor. Outro fator foi a formação de cartéis, fazendo com que, em 1994, as indústrias fossem condenadas e assinassem um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta); em 2006, a “Operação Fanta” da Polícia Federal fez apreensões por suposta formação de cartel que, em novembro de 2016, culminaram na condenação das indústrias com um novo TCC (Termo de Cessação de Conduta) e o pagamento de 301 milhões de reais de multa ao CAD. “Cerca de vinte dias atrás, a Receita Federal, na Operação Citros, investigou empresas e determinou um prazo de 30 a 40 dias para regularizar a sonegação fiscal na exportação.”, diz .

Prossegue: o setor é extremamente concentrado na mão de três grandes indústrias que, ao longo de todos esses anos, compraram as outras e foram reduzindo (o número de indústrias). Chegamos a ter 16 empresas no estado e hoje essas três grandes detêm 90% da produção. “Hoje somos sete mil citricultores. O que aconteceu para essa redução drástica foi a transferência de patrimônio, de renda, dos pequenos e dos médios produtores às grandes (empresas) que compraram muitas áreas e plantaram muita laranja.”, conclui.

Fonte: FAESP