Segundo a ONG chinesa Global Enviromental Institute, os primeiros embarques de carne 100% rastreada já devem ocorrer em 2025
Principal destino das exportações brasileiras de carne bovina, a China sinalizou em sua última visita técnica ao Brasil, em dezembro do ano passado, que também demandará a rastreabilidade de ponta a ponta da cadeia, isto é, desde o nascimento do animal, nos próximos anos.
A exigência já está presente nos protocolos comerciais assinado entre os dois países, mas nunca foi efetivamente cobrada pelos importadores chineses.
“O que o Ministério da Agricultura nos informou é que foi uma missão positiva, mas o ponto focal destacado foi de que a rastreabilidade vai ser cobrada, sim, pela China”, afirmou a coordenadora de rastreabilidade da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Danielle Schneider, durante evento promovido pelo Imaflora em Cuiabá.
Segundo a executiva, essas mudanças devem ocorrer ao longo dos próximos dois anos, com o estabelecimento de protocolos próprios de rastreabilidade. “Diferentemente da Europa, a China não está cobrando informação referente a desmatamento, somente rastreabilidade. Mas, ao fazer isso, sabemos que o próximo passo é entrar na mesma linha”, reconheceu Schneider.
Segundo estudo da Academia Chinesa de Ciências Sociais e da Fundação Getúlio Vargas realizado com o apoio da ONG americana The Nature Conservancy, os consumidores chineses pagariam até 22,5% a mais do que pagam hoje pela carne do Brasil se ela viesse com alguma garantia de que é de criações de gado em áreas de desmatamento zero.
De acordo com o gerente de projetos da ONG chinesa Global Enviromental Institute, Peng Ren, os dois países iniciarão as discussões para criar soluções de rastreabilidade a partir do próximo mês, com a perspectiva de iniciar os primeiros embarques de carne 100% rastreada já a partir do ano que vem. “Estamos no começo dessa negociação”, afirmou o executivo.
Após as auditorias realizadas em dezembro de 2023, a China anunciou a habilitação para exportação de 38 novas plantas frigoríficas no Brasil, sendo 24 delas de carne bovina. Segundo o Ministério da Agricultura, foi o maior número de habilitações concedidas de uma só vez na história das relações comerciais entre os dois países.