Expansão da economia nacional é a maior desde o quarto trimestre de 2020
O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro avançou 1,4% no segundo trimestre, ante o primeiro, na série com ajuste sazonal, divulgou nesta terça-feira (3/9) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na comparação com o segundo trimestre de 2023, o PIB teve expansão de 3,3%.
O IBGE também revisou o PIB do primeiro trimestre, que cresceu 1% frente ao terceiro trimestre, ante alta de 0,8% divulgada anteriormente.
A alta de 1,4% do PIB no segundo trimestre é a maior expansão, na série com ajuste sazonal, desde o quarto trimestre de 2020, quando foi de 3,7%, mostram os dados divulgados pelo IBGE. Naquele momento, a economia avançou após as quedas intensas do primeiro e segundo trimestres, em função do momento inicial da pandemia.
De 2021 até agora, a maior alta para um trimestre foi de 1,2%, no segundo trimestre de 2022.
Agropecuária recua
Enquanto o PIB nacional subiu, o do setor agropecuário teve queda de 2,3% no segundo trimestre, na comparação com o primeiro trimestre. A queda do segundo trimestre foi um pouco maior do que a expectativa de recuo de 2% segundo a mediana de consultorias e instituições financeiras ouvidas pelo Valor.
Em comparação ao segundo trimestre de 2023, o PIB agro caiu 2,9%. A expectativa mediana pelo Valor era de retração de 2,4%.
Ao comentar o desempenho da agropecuária, a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, falou sobre o fim do protagonismo do setor para o resultado do PIB no segundo trimestre do ano.
“Com o fim do protagonismo da agropecuária, a indústria se destacou nesse trimestre, em especial na eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e na construção”, afirmou Palis.
Na comparação anual, o IBGE destacou que o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola apontou que as condições climáticas adversas ocasionaram um recuo na produção esperada de soja e milho, apesar do bom desempenho da pecuária e de outras culturas importantes, como o café e o algodão.
Os problemas climáticos no Rio Grande do Sul, que passou por fortes enchentes em maio, ajudaram a derrubar a agropecuária no segundo trimestre de 2024, afirmou Rebeca Palis. No entanto, mesmo sem o desastre, a atividade já não enfrentava um bom ano.
Um exemplo dado foi a soja, cuja produção já sinalizava recuos em estimativas de produção no início do ano. “Estimativas especialmente de soja tiveram “aumento de queda” [recuo mais forte] de produção”, lembrou.
“Esse dado do segundo trimestre já está com incorporação de efeitos da agropecuária do Rio Grande do Sul. Mas, de qualquer maneira, [o PIB agropecuário] no primeiro trimestre já estava abaixo do primeiro trimestre de 2023”, disse. “Já não era esperado um bom ano para agropecuária, de qualquer jeito. Claro que as questões do Rio Grande do Sul pioraram a situação”, afirmou.
Crescimento
Houve crescimento nos setores de indústria, serviços e investimentos e dos consumos das famílias e do governo.
Pelo lado da oferta, a indústria cresceu 1,8% no segundo trimestre deste ano, em comparação com o primeiro trimestre. Frente ao segundo trimestre de 2023, a indústria avançou 3,9%.
O setor de serviços teve expansão de 1% no segundo trimestre do ano, ante o primeiro trimestre. Na comparação com o segundo trimestre de 2023, houve alta de 3,5%.
Pelo lado da demanda, o consumo das famílias cresceu 1,3% no segundo trimestre, ante o primeiro trimestre. Frente ao segundo trimestre de 2023, o indicador teve alta de 4,9%.
A demanda do governo, por sua vez, aumentou 1,3% e a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, medida das contas nacionais do que se investe em máquinas, construção civil e pesquisa) subiu 2,1% no segundo trimestre, frente ao primeiro trimestre.
Na comparação com o segundo trimestre de 2023, houve alta de 3,1% no consumo do governo e avanço de 5,7% na FBCF.
Por fim, a taxa de investimento foi de 16,8% do PIB no segundo trimestre.
Segundo o IBGE, as exportações cresceram 1,4%, enquanto as importações tiveram alta de 7,6% no segundo trimestre, ante o primeiro trimestre.