Com US$ 43 milhões exportados durante os cinco primeiros meses de 2022, o café lidera a disputa com o setor calçadista, que foi responsável por US$ 37 milhões em exportações.Em um início de ano histórico, as exportações de café superaram as de calçados, pela segunda vez desde 1997, em Franca, quando a série histórica do Ministério da Economia se iniciou. De acordo com dados da plataforma ComexStat – estatísticas do comércio exterior –, a indústria cafeeira francana exportou um total de US$ 43.535.355, entre janeiro e maio deste ano. Os calçados, por sua vez, atingiram US$ 37.449.708 nas vendas internacionais.A última vez que as negociações de café superaram as de calçados, durante este período de cinco meses, aconteceu em 2020, com o setor calçadista fortemente atingido pelas medidas de combate a pandemia, que se iniciaram em março daquele ano. Na época, US$ 28.039.192 foram exportados em café, enquanto US$ 16.780.864 em calçados.
A explicação para essa superação do setor cafeeiro pode ser a alta no valor da saca do café, segundo o economista Deyvid Silveira. “O preço da saca vem tendo uma valorização significativa e isso fortalece o aumento no volume em dólares”, disse o economista.De acordo com a Cocapec (Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuaristas), uma saca tem custado, em média, US$ 232,91. O valor é superior a superior a outros períodos, como há um ano, quando a saca custava, mais ou menos, US$ 152,6.Além da elevação no preço médio do café, outra explicação é dada por Deyvid: a subnotificação das exportações. “O que podemos levantar é que muito do que se produzia em volume de sacas e se exportava não estava sendo devidamente registrado. E, até 2018, tínhamos os números muito defasados”, analisa o economista.
A análise do economista bate com os dados fornecidos pela plataforma estadual. Entre 2016 e 2018, nos meses de janeiro a maio, Franca não ultrapassou a casa de US$ 1,4 milhão exportados em café. O aumento aconteceu a partir de 2019, que alcançou US$ 14.772.383 nos primeiros cinco meses do ano.
Apesar de todos esses fatores que colaboraram para a elevação nos números de exportações de café, o economista não projeta um resto de ano muito positivo, prevendo até a retorno da indústria calçadista à liderança. “Não há grandes expectativas de especialistas, em razão da estiagem que tivemos ao longo de 2020. A produção ainda vai ser expressiva, mas, talvez, não chegaremos na proporção de 2020 e do que o calçado pode chegar”, projetou.
Sobre as estatísticas citadas pelo economista, o café fechou 2020 com US$ 61.784.370 exportados, enquanto que a projeção para o setor industrial é de, aproximadamente, US$ 84 milhões exportados durante 2022.
Por Higor Goulart