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novembro 25, 2024
Agricultura

Fertilizantes inteligentes em soja

Os fertilizantes inteligentes são o elemento-chave da agricultura moderna e tecnificada, que busca aumentar a produtividade e a sustentabilidade dos sistemas produtivos sem que haja aumento na quantidade de aplicação de insumos. 

Cada vez mais vem sendo intensificado o uso deste tipo de fertilizante em campo aberto, sendo utilizado já há algum tempo em viveiros de mudas ornamentais, onde apresenta-se promissor.

Com uma abordagem mais sustentável e possibilidade de aplicação de forma mais precisa, o uso desses fertilizantes contribui para uma agricultura de precisão, o que permite melhorar o rendimento das culturas por meio da combinação de análise de dados e inteligência artificial. 

Soma de tecnologias

Esses fertilizantes chegam para somar aos pacotes tecnológicos já existentes, como o uso de sensores de aplicação, que determinam o volume de fertilizantes e de água que as plantas precisam em um determinado momento, nas quantidades de nutrientes e locais certos.

Essa tecnologia chega ao mercado com a ideia de aumentar a eficiência do uso dos nutrientes, reduzir a perda por lixiviação e aumentar o aproveitamento de determinados nutrientes pelas plantas. Com isso, reduzirá a necessidade de aplicar doses exorbitantes de fertilizantes para suprir as necessidades das plantas, preenchendo todos os pré-requisitos exigidos para o “Manejo 4C”, que consiste das quatro escolhas certas, como: fonte, dose, época e localização. 

Garante, assim, o uso eficiente do fertilizante, além de propiciar as condições adequadas para o suprimento de nutrientes para a cultura.

Culturas beneficiadas

Projetados para permanecer nas lavouras por mais tempo, os fertilizantes inteligentes (de liberação lenta ou controlada) beneficiam as plantações aumentando o tempo de disponibilidade dos nutrientes para serem absorvidos. 

Para que isso ocorra, primeiro é preciso revestir o fertilizante com polímeros que são decompostos ao longo do tempo – esta camada é que garante o controle de liberação durante todo o ciclo da cultura. E, também, evitar que o fertilizante seja dissolvido assim que entrar em contato com a umidade do solo e os nutrientes contidos nele disponibilizados de uma só vez, podendo ser facilmente lavados para fora do sistema. 

Recomendações

O fertilizante inteligente pode ser aplicado manualmente, direto no solo, ou por ação mecanizada. O início da liberação dos nutrientes ocorre quando o fertilizante revestido com o polímero entra em contato com a umidade do solo, mas é a temperatura que controla a velocidade de liberação, sendo a responsável pelo tempo de permanência, ou seja, quanto mais alta a temperatura do solo, maior será a velocidade de liberação e menor será a longevidade do fertilizante. 

As longevidades podem de variar de dois a 12 meses e podem ter tempos de liberação diferentes para cada nutriente, ajustando com maior precisão à curva de demanda da cultura. 

Com a elevação dos custos com a adubação, e principalmente em razão do custo mais elevado na compra de fertilizantes, a busca por fertilizantes que garanta alta eficiência, máximo aproveitamento, reduzido desperdícios e que assegure o potencial de produção da cultura vem sendo cada vez mais apontada pelos agricultores. 

Viabilidade

Os fertilizantes inteligentes são relativamente mais caros, por ser uma tecnologia de linha de frente que ajudaria os agricultores a aumentar de forma sustentável a produção agrícola e reduzir o impacto ao meio ambiente.

A técnica de revestimento acaba elevando os custos de produção dos fertilizantes inteligentes, quando comparado com a produção dos tradicionais/convencionais. No entanto, o uso de fertilizantes inteligentes pode promover uma expressiva economia para o agricultor, pela diminuição de trabalhos extras, como o parcelamento de nutrientes e atividades de recuperação ambiental, e das perdas de insumos. 

Também pode favorecer a redução dos custos de armazenagem, transporte e redistribuição. 

Bom para todos

Evitar perdas do insumo traz ganhos ambientais e financeiros. Os fertilizantes representam de 25 a 40% do custo variável dos principais sistemas de produção agrícolas do País, e uma das mais importantes variáveis desse custo é decorrente da perda de grandes quantidades de nutrientes aplicadas via fertilizantes.

A qualidade da adubação é uma das principais responsáveis pelo aumento da produtividade de uma cultura. Por isso, deve-se analisar criteriosamente não apenas as técnicas e a eficiência dos insumos, mas também os gastos desprendidos em todas as etapas do sistema de produção. 

A alta produtividade na cultura da soja é fruto de uma série de investimentos, que busca propiciar uma nutrição equilibrada para que as plantas obtenham crescimento e desenvolvimento ideais, entre as quais estão a boa qualidade do solo, manejo cultural adequado e níveis de fertilidade equilibrados. 

A fertilidade do solo adequada desde o primeiro dia após a semeadura até a maturidade da planta é necessária para se obter o máximo potencial produtivo da cultura. Somente com a quantidade de nutrientes essenciais às plantas elas conseguem fechar seu ciclo.

A hora da decisão

Com base nos resultados da análise de solo e expectativa de produção que se deseja alcançar, deve-se tomar as decisões de recomendações mais adequadas para a manejo da adubação, evitando que ocorra desbalanço nutricional da cultura. 

O manejo de adubação eficiente para a cultura da soja é alcançado seguindo quatro medidas: tipo de fertilizante; dose do fertilizante; época e local de aplicação dos fertilizantes e corretivos.

Tudo em equilíbrio

A escolha da fonte e da dose certa de fertilizante consiste da combinação entre a necessidade da cultura e as propriedades do solo. Uma boa interpretação de análise de solo é imprescindível para a tomada de decisão dessas escolhas. O ajuste na quantidade de fertilizante a ser aplicada evita o desperdício causado pelo excesso, como também o desbalanço nutricional causado pela falta. 

A época certa de aplicação dos fertilizantes está relacionada com o período de necessidade de nutrientes pela planta. Quando a disponibilidade é sincronizada com a demanda da cultura, a sua absorção e, consequentemente, a nutrição, ocorrem de forma mais eficiente. 

Geralmente, a tomada de decisão para a aplicação depende da data de plantio, das características de crescimento das plantas e da sensibilidade às deficiências nas fases particulares de crescimento. 

Deve-se sempre evitar a aplicação só após a visualização de manchas foliares, que geralmente estão associadas à deficiência nutricional. Isso pode comprometer o desempenho da planta. Por isso, aplicações de nutrientes não devem atrasar, e a logística de operações no campo deve estar bem alinhada, priorizando a aplicação de fertilizantes.

O local de aplicação de fertilizante é decisivo para a sua absorção, sendo indicado colocar na zona de crescimento radicular das plantas, onde possam ser mais facilmente absorvidos, quando dissolvidos, evitando a perda por lixiviação. 

Práticas de gestão da aplicação de fertilizantes devem ser adequadas para aumentar a eficiência e minimizar os efeitos negativos dos excessos de nutrientes. O sistema radicular, em geral, explora apenas 20 a 25% do volume de solo disponível. 

Consequentemente, a quantidade de nutrientes disponíveis no solo não depende da fase de crescimento e da necessidade da planta, mas também da velocidade de liberação destes para a raiz através do fluxo de massa e da difusão.

Eficiência

Os fertilizantes inteligentes que temos hoje no mercado apresentam mais eficiência e consistência nos resultados nas culturas perenes/semi-perenes, onde a planta permanece por mais tempo no campo de produção, e a suas fases fenológicas são mais amplas, admitindo-se um pequeno “delay’ na liberação dos nutrientes, sem que gere uma deficiência nutricional que comprometa o desempenho da cultura. 

Para que esses fertilizantes sejam eficientes em culturas de ciclo curto, como é a soja, a liberação dos nutrientes deve estar bem sincronizada com a demanda da cultura. E até que chegue a esse ponto, muita coisa ainda tem que ser estudada na aplicação desta tecnologia.

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