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novembro 25, 2024
Agricultura

“Travar ou não travar vendas futuras??”

Fechamentos – Mês de Janeiro/2022 

DESCRIÇÃO 

Café CD, B/C, bebida mole, tipo 6 (R$/sc)
Café B/C, bebida dura p/ melhor, tipo 6/7 (R$/sc) Café B/C, bebida rio, tipo 6/7 (R$/sc)
Café Conilon, B/C, tipo 7 (R$/sc)
Bolsa NY – ICE US (cents/lb)*
Bolsa SP – [B]3 – tipo 4/5 (USD/saca)*
Bolsa Londres – ICE Europe – Conilon (USD/ton)* Câmbio – PTAX – USD/R$ 

MÍNIMA 

R$1.500,00 R$1.430,00 R$1.300,00 R$800,00 223,30 267,55 2175,00 R$5,3574 

MÁXIMA 

R$1.620,00 R$1.530,00 R$1.380,00 R$830,00 244,45 296,05 2349,00 R$5,7042 

ÚLTIMO DIA DO MÊS 

R$1.560,00 R$1.480,00 R$1.340,00 R$800,00 235,10 288,25 2175,00 R$5,3574 

Fontes: Principais praças de café, [B]3, ICE Futures US, ICE Future Europe, BCB. *Contrato/Mês: Março/2022 

1. No primeiro mês de ano de 2022, é possível perceber no gráfico, com os preços do café na Bolsa de Nova Iorque (ICE Futures US), que as cotações para o arábica se recuperaram parcialmente das perdas do último mês de 2021, se estabelecendo entre o intervalo de 230,00 cents/lb (suporte) e 245,00 cents/lb (resistência). Para aqueles que não sabem, suporte é o nível de preços em que o mercado considera interessante e há a entrada de 

força compradora, dando sustentação aos preços, podendo ser oportunidade de compra. Já resistência é o nível de preço onde o mercado considera caro e há a entrada de força vendedora, podendo ser uma oportunidade de venda. 

2. Apesar da volatilidade, os fundamentos seguem mantendo as cotações do café firmes na Bolsa de Nova Iorque. No que tange aos fundamentos, tiveram destaque no mês de janeiro: 

  • ✓  A estimativa de safra 2022 divulgada pela Conab, que prevê uma produção de 38,78 

milhões de sacas para o Arábica e 16,96 milhões de sacas para o Conilon, totalizando 55,74 milhões de sacas de café que, segundo a Entidade, deverão ser colhidas no Brasil este ano. Esta previsão para o ano de 2022, quando comparada à safra brasileira de café do ano de 2021, isto é, 47,72 milhões de sacas, projeta um acréscimo de aproximadamente 8 milhões de sacas da safra passada para a deste ano. Este acréscimo, que equivale a um incremento de 16,8%, vem sendo extremamente contestado por inúmeros cafeicultores e técnicos que estão no dia a dia do campo; 

  • ✓  Segundo o Pesquisador da Fundação Procafé, Alysson Vilela Fagundes, a atual safra já vem consolidando suas perdas de produtividade, sendo que em dadas localidades, chegam a 40%. Apesar disso, de acordo com o Pesquisador, após a perda da florada, devido aos problemas de frio, de seca e de baixo crescimento, não há novos fatores negativos intensificando as perdas já consubstanciadas. Atualmente, o clima vem se comportando muito bem, o que pode pesar positivamente para a safra 2023, no entanto, sem muitos reflexos para a atual safra cuja situação segue imensamente frustrante para os produtores e seriamente alarmante para o setor. 
  • ✓  As exportações de café do ano de 2021, divulgadas pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil apontaram um decréscimo de 9,7% quando comparadas às exportações de ano de 2020. No ano civil de 2021, o relatório do mês de dezembro/2021 do Cecafé aponta que foram exportadas 40,372 milhões de sacas de 60 kg de café em 2021; 
  • ✓  Considerando os números acima, apenas para se ter uma melhor noção do balanço relacionado ao maior produtor do mundo, o Brasil, ao somar o consumo interno, que atualmente gira em torno de 22 milhões de sacas, às exportações brasileiras de 2021, chega-se a um número próximo de 62 milhões de sacas. Ao entrelaçar este número com a estimativa de produção da Conab, publicada em janeiro de 2022, para este ano, de 55,74 milhões de sacas, é possível perceber que haverá um déficit de aproximadamente 7 milhões de sacas de café. Ao considerar este mesmo raciocínio, com os números destas mesmas Entidades, porém para o ciclo anterior, em que a produção foi de 47,72, é possível concluir claramente que o déficit foi ainda maior, se aproximando de 15 milhões de sacas, o que evidencia o fato de que níveis de estoques estão profundamente reduzidos; 
  • ✓  O quadro de aperto no balanço se estende ainda a outras importantes origens, tais como Vietnã e Colômbia. Esta última, a propósito, divulgou uma redução aproximada de 9% em sua safra de 2021, cujo ciclo se encerrou em setembro/2021 e uma redução 

de quase 20%, já nos três primeiros meses de produção para o seu atual ciclo 

(outubro, novembro e dezembro). 

  • Atrelado aos problemas climáticos dos dois últimos anos, em pleno período de forte 

demanda em função ao inverno do Hemisfério Norte, as questões logísticas seguem dificultando o acesso, de importantes destinos e consumidores, ao café. Segundo Nicolas Rueda, Presidente do Cecafé, no ano de 2021, o Brasil deixou de exportar cerca de 3 milhões de sacas. Ainda, segundo Rueda, estes números poderiam ter sido menores se não fosse a melhora no fluxo dos embarques em dezembro, motivada pelas remessas via ‘break bulk’ (sem o uso de contêineres). Frente à falta de contêineres, o formato de exportação via Break Bulk já vem sendo estudado e, já, utilizado por alguns exportadores. Este formato, que consiste em colocar a mercadoria, sem o uso de contêiner, diretamente nos porões de navios, segue gerando desconfiança entre alguns haja vista o fato de que o café é um produto extremamente sensível ao ambiente em que fica armazenado, podendo sofrer alterações de aspecto, aroma e sabor. Segundo representantes da empresa Unuslog, é possível colocar a carga em big bags com o porão do navio forrado com papel craft, de modo a manter o porão limpo e não interferir no odor da carga. Mas, o receio segue com questões relacionadas à umidade e temperatura do ambiente e, por isso, muitos preferem aguardar para conseguir dados mais concretos a respeito. 

  • Também, no curto prazo, a oferta segue sendo ainda mais reduzida devido à cautela de produtores em vender seu saldo final de café diante um cenário tão desafiador, com a elevação exacerbada dos custos. Desta forma, no mês de janeiro, os produtores seguiram segurando o que lhes resta de café, na expectativa de bases melhores. Em relação à possibilidade de elevação ou declínio das atuais bases, os produtores devem permanecer atentos à flutuação do câmbio e à consolidação dos números da safra 2022, o que pode impactar positivamente ou negativamente nas atuais bases de preço. Por isso, muita atenção em números que devem começar a surgir de entidades e empresas que, até o momento, não soltaram suas estimativas. 

Fatores de pressão ao mercado: 

1. Dentre os fatores que, em determinadas ocasiões do mês de janeiro, pesaram sobre as cotações do café: 

  • ✓  Na ausência de novidades relacionadas aos fundamentos, o mercado financeiro assumiu o papel de gerar volatilidade nas cotações de diversos ativos e commodities do mundo inteiro, dentre eles, o café. 
  • ✓  Com destaque para a política de aperto monetário para contenção da inflação dos EUA, com aumento da taxa de juros, que pressionou as cotações; 
  • ✓  A apreensão gerada pela desavença entre Rússia e Ucrânia, com possibilidade de ação militar, gera aversão ao risco com impacto direto, no petróleo e no Índice CRB, com consequente efeito sob as cotações do café; 
  • ✓  Fatores técnicos: o café se assentou dentro do intervalo de 230,00 cents/lb e 245,00 cents/lb. Naturalmente, ao não ter força para romper da resistência de 245,00 

cents/lb, as cotações sofreram um recuo diante de ajustes técnicos e realização de 

lucros por parte de fundos de investimentos e especuladores;
✓ Nas ocasiões de fortalecimento do Real, o enfraquecimento do Dólar pressionou as 

bases do mercado interno, fazendo com os produtores recuassem, travando assim as comercializações. 

Mensagem aos leitores: 

Vender ou não vender futuro? O produtor deve, antes de mais nada, ter plena ciência de seus custos de produção e de seu potencial produtivo para, posteriormente, formar uma melhor opinião a respeito desta questão, do contrário, qualquer estratégia se torna um tiro no escuro. Cientes destes pontos primordiais, o produtor deve analisar as atuais evidências e possibilidades. Dentre as atuais evidências, sugerimos que o produtor se atente: 

  • ✓  À curva de preços na Bolsa de Nova Iorque, pois este é um importante indicador para uma análise de probabilidades futuras. Na atual situação, o mercado de café encontra-se em Backwardation (mercado invertido). Isso significa que o preço à vista e os contratos de vencimento mais próximo estão mais valorizados do que os contratos de vencimento distante. Este cenário pode ocorrer por vários motivos, incluindo uma oferta reduzida no fornecimento de curto prazo (safra 2022, já certa) com possível elevação da oferta em um médio a longo prazo (safra 2023, possível, mas não certo); 
  • ✓  Ao clima que, conforme exposto no decorrer da presente Síntese, vem se comportando muito bem até o momento para a safra 2023. 

Dentre as possibilidades, apesar da situação traumática vivenciada pelos cafeicultores, que seguem entregando cafés em cumprimento de vendas fixadas no passado a preços extremamente menores do que os atuais e com custo extremamente maiores, o produtor, após ponderar sobre os pontos acima, ele pode buscar uma alternativa para travar futuro sem assumir o risco de passar pelo que está passando novamente. Neste sentido, uma alternativa para aqueles que seguem receosos é a venda futura, com o resguardo de um seguro para o caso de elevação dos custos de produção e dos preços de venda. Muitas cooperativas e tradings já estão estruturando este tipo de alternativa, com operações casadas, amparadas pelo mercado de opções da ICE Futures US. Apesar de ainda não ser tão comum aos ouvidos de inúmeros produtores, é essencial que comecem a pensar a respeito e buscar este tipo de alternativa, da qual, inclusive, frente ao grande aprendizado destes últimos dois anos, deve se tornar algo comum nos próximos anos no mercado de café.” 

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