A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) realizou, na terça (21), um debate ao vivo com especialistas sobre uma proposta do Ministério da Agricultura para regulamentar, em todo o País, boas práticas agropecuárias e de fabricação na produção artesanal de produtos cárneos (derivados de carne) para concessão do Selo Arte.
“Esse debate faz parte das ações do Programa de Produtos Artesanais e Tradicionais do Sistema CNA /Senar. Fizemos uma primeira live sobre Selo Arte e agora sobre produtos cárneos, que foi bastante demandado pelos produtores rurais atendidos pela Confederação”, afirmou Marina Zimmermann, assessora técnica da Comissão Nacional de Empreendedores Familiares Rurais da CNA, que conduziu a discussão.
O Mapa, por meio da Portaria nº 79, colocou em consulta pública, por 45 dias, uma instrução normativa voltada aos produtores rurais que fornecem animais para abate, abatedouros frigoríficos e estabelecimentos fabricantes de produtos derivados de carne produzidos de forma artesanal.
O vice-presidente executivo da Associação dos Produtores de Socol de Venda Nova do Imigrante (Assocol), no Espírito Santo, Leandro Carnielli, contou as dificuldades da associação para o reconhecimento do socol, embutido de origem europeia feito com lombo de porco. O produto tem Indicação Geográfica de Procedência concedido pelo Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI).
“Conquistamos o Selo Arte ao capacitar as pessoas e preparar os estabelecimentos porque a grande questão hoje é a segurança alimentar. O estado, através do Idaf (Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo), foi muito parceiro. Acredito que o produtor tem que estar informado, envolver os mais jovens da família e trabalhar com parcerias, porque sozinho você não faz nada.”
De acordo com a proposta, os produtores devem cumprir determinadas ações direcionadas à saúde e bem-estar animal, alimentação, ambiente destinado aos animais na propriedade, treinamento de colaboradores e transporte dos animais para o estabelecimento de abate.
A CNA também ouviu o produtor Paulo Paiva, representante da agroindústria familiar Sopaiva. Segundo ele, a empresa tem a produção consolidada, mas enfrenta entraves com o abate e o processamento dos suínos.
“O abate é um processo delicado, tanto na questão ambiental quanto em relação ao bem-estar animal. Deve ser feito um investimento alto, mas para nós, que somos produtores familiares e temos uma escala de produção pequena, vira um gargalo”, disse.
Para resolver a questão, a família fez uma parceria privada com um frigorífico local que faz o abate de acordo com a legislação. “Isso aumento em 15% o custo da carcaça e temos perda de 2,5 kg do animal que vai para o frigorífico. Estamos buscando nos aperfeiçoar para dar continuidade ao nosso negócio e vejo com bons olhos o Selo Arte e essa discussão, porque me permitiria vender meu produto regional de forma mais tranquila”, ressaltou Paiva.
A consultora do Instituto Senai de Tecnologia de Santa Catarina, Ivana Prá, afirmou que a entidade trabalha com o processamento industrial do produto cárneo e recebe grande demanda dos produtores, preocupados com a segurança dos alimentos sobre a aplicação das normas de boas práticas de fabricação baseando em segurança do alimento.
“Ajudamos o produtor a desenvolver melhor seu produto, fazendo a análise química e biológica. Porém, a proposta que está em consulta pública não contempla o item boas práticas na fabricação. Isso é algo que teremos que propor,” explicou.
Ivana destacou a importância da rastreabilidade desses produtos e ressaltou que outras questões precisam ficar mais claras na norma, como a embalagem adequada, como manter a segurança do alimento, além de especificar melhor a manipulação correta desses alimentos.
Clique no link e assista o debate na íntegra: https://www.youtube.com/watch?v=01Aw2h31MT0
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