Diferentemente das CPR tradicionais, usadas para financiar a atividade no campo e que têm como garantia a produção futura, o lastro das CPRs verdes é a floresta em pé
O Banco do Brasil acertou uma parceria com a Bayer para dar escala às operações de emissão de Cédulas de Produto Rural (CPRs) ‘verdes’, que no banco foram batizadas de CPR Preservação. O braço de negócios sustentáveis da multinacional alemã, o programa Pro Carbono, vai atuar como terceira parte na certificação dos imóveis que quiserem captar recursos com esse instrumento.
As CPR verdes têm o objetivo de garantir a preservação das vegetações nativas nas propriedades rurais e funcionam como uma remuneração por serviços ambientais. Diferentemente das CPR tradicionais, usadas para financiar a atividade no campo e que têm como garantia a produção futura, o lastro das CPRs verdes é a floresta em pé, o que interessa a investidores que têm metas ESG a cumprir.
BB e Bayer criaram uma metodologia que atribui um valor financeiro à mata em pé, seja ela preservada por força da lei ou de forma voluntária. São considerados 13 parâmetros, incluindo o cumprimento da lei ambiental e trabalhista, diz Fabio Passos, diretor do Negócio de Carbono da Bayer para a América Latina.
A parceria começará com um projeto-piloto no qual 60 produtores, que já participam do PRO Carbono, deverão emitir as CPRs. Os produtores são majoritariamente voltados para o cultivo de grãos na região de Rio Verde (GO), onde a Bayer já tem uma loja física. “A expectativa é nos próximos meses realizar essa emissão”, diz João Fruet, diretor de Corporate and Investment Bank do Banco do Brasil.
O BB vai oferecer os títulos como parte de sua estratégia de atingir a meta de ampliação de sua carteira de negócios sustentáveis. A instituição tem como meta alcançar uma carteira de crédito de agricultura sustentável de R$ 200 bilhões até 2030. Até junho deste ano, essa carteira estava em R$ 155 bilhões.
O banco já participou da emissão de 11 CPRs Preservação com outros parceiros que atuaram como verificadores dos projetos ambientais, num valor total de mais de R$ 30 milhões.
“Queremos trazer a CPR Preservação para outra escala. Por isso o Banco do Brasil procura parcerias com empresas que têm no DNA a sustentabilidade. Precisamos levar esse negócio para o maior número de produtores.”, afirma João Luis Avancini Farinha, executivo de agronegócios do BB, responsável por finanças sustentáveis no setor.
“A CPR é uma garantia. E o produtor que não tem mais como dar em garantia a área produtiva pode, [com a CPR verde], dar em garantia a área verde”, ressalta Passos. Para fomentar o instrumento, o Banco do Brasil isenta o custo de análise do projeto, que é de 0,5% do valor da emissão.
O programa PRO Carbono da Bayer promete agilizar a certificação das propriedades elegíveis para a emissão das CPRS Preservação. Com um sistema próprio de monitoramento, Passos afirma que é possível certificar uma propriedade em até 72 horas.