Segundo Olivier Leducq, impactos nos setores de açúcar e etanol seriam significativos
O diretor-presidente do grupo sucroalcooleiro francês Tereos, Olivier Leducq, se posicionou contra a provação do acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul nos termos atuais, afirmando que os impactos nos setores de açúcar e etanol seriam significativos.
“Em um momento em que nossos cooperados estão focados na implementação de práticas agrícolas regenerativas, como nossas fazendas poderão enfrentar a concorrência desleal de produtos importados que não respeitam os mesmos padrões ambientais e sociais?”, questionou Leducq, em publicação no LinkedIn.
Segundo ele, as preocupações são grandes com o futuro dos agricultores franceses se o acordo for ratificado como está. “Somos firmemente contra a assinatura do acordo do Mercosul em seu estado atual.”
Leducq disse que a produção agrícola francesa deve ser capaz de permanecer competitiva diante dos atuais desafios agronômicos e ambientais, ao mesmo tempo em que implementa gradualmente os fundamentos da agricultura de baixo carbono. “O acordo UE-Mercosul, como está hoje, colocaria em risco essa ambição.”
A Tereos Açúcar & Energia Brasil, controlada do grupo francês Tereos, disse em nota que o comentário de seu presidente global se refere exclusivamente à necessidade de uma discussão mais aprofundada sobre as diferenças regulatórias que impactam a competitividade econômica entre os dois blocos comerciais.
“Sob nenhuma hipótese trata-se de um questionamento à qualidade dos produtos ou comprometimento do Brasil e do Mercosul com práticas sustentáveis”, afirma. A nota diz ainda que o grupo Tereos tem orgulho de suas operações no Brasil e que mais de 60% da produção no país é exportada, respaldada por rigorosas certificações internacionais de qualidade e sustentabilidade socioambiental.
A França é o principal foco de resistência à aprovação do acordo entre os dois blocos, devido aos possíveis impactos negativos sobre seus produtores rurais. Ao Valor, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, afirmou que a expectativa é que o acordo seja anunciado na reunião de cúpula do Mercosul, que será realizada nos dias 5 e 6 de dezembro, no Uruguai.