A preocupação com o meio ambiente requer cuidados que envolvem todas as áreas, entre elas, a agricultura.
A busca pela sustentabilidade nos sistemas de produção de hortaliças, como o morangueiro, resultou em um estudo do acadêmico do curso de Agronomia da Universidade de Passo Fundo (UPF), Thomas Trentin.
A pesquisa consistiu em proporcionar aos produtores de morango a adoção de ferramentas biotecnológicas sustentáveis que possibilitam reduzir o fornecimento de insumos químicos e de água durante o cultivo do morangueiro.
Dessa forma, além de reduzir os gastos com a aquisição de fertilizantes, os impactos gerados ao agroecossistema de cultivo também são minimizados.
A pesquisa foi realizada pelo acadêmico, juntamente com a equipe do Laboratório de Olericultura da UPF, onde ele é bolsista de iniciação científica, sob orientação do professor Dr. José Luís Trevizan Chiomento.
Para a realização do estudo, Trentin utilizou fungos micorrízicos arbusculares (que penetram na raiz das plantas) e biocarvão no cultivo do morangueiro.
“Cultivamos as plantas com uma redução na fertilização química e não observamos redução na produtividade da cultura quando usamos as duas biotecnologias no substrato de cultivo. Então, o estudo vem, justamente, para agregar nesse sistema de cultivo hidropônico”, afirma Trentin.
Prática sustentável que melhora a qualidade do morango
Avaliações feitas e dados coletados, hora de submeter à análise estatística e discutir com a literatura já existente. O resultado apontou um maior acúmulo de fósforo e potássio para as plantas de morangueiro.
“Introduzimos essas biotecnologias para diminuir a entrada de fertilizantes químicos no sistema, já que eles vão para o solo, quando são drenados para fora do recipiente de cultivo, e têm a possibilidade de contaminar o meio ambiente. Com isso, observamos um aumento na rentabilidade ao produtor porque mesmo que a produtividade seja igual, o custo dele pode ser reduzido ao diminuir a introdução de fertilizantes químicos”, disse o acadêmico, ao pontuar que o processo da fertilidade e introdução de adubos é um dos pilares mais onerosos na horticultura.
Além de gerar benefícios ao meio ambiente e aos produtores, o uso das biotecnologias sustentáveis no cultivo do morangueiro também resultou em morangos mais nutritivos e saborosos.
“O uso das biotecnologias melhora a qualidade fitoquímica dos morangos. Isso significa que quando as plantas são cultivadas com essas bioferramentas elas produzem morangos com maiores quantidades de substâncias com atividades promotoras à saúde, a exemplo de antocianinas, polifenois e ácidos fenólicos. Esses compostos bioativos apresentam ações anti inflamatórias, anti-hipertensivas e anticancerígenas. Além de mais nutritivos, os morangos produzidos são mais saborosos”, analisa o professor Dr. José Luís Trevizan Chiomento, orientador da pesquisa.
Curso de Agronomia da UPF incentiva pesquisas na área
O estudo resultou no Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) do acadêmico e foi publicado no Journal of Soil Science and Plant Nutrition.
Para Chiomento, isso evidencia que o curso de Agronomia da UPF contribui para o desenvolvimento contínuo da ciência na agricultura e se preocupa em subsidiar outras pesquisas por meio do alcance da divulgação do artigo publicado.
“A ideia foi lançada pelo Thomas, lapidada por meio de orientações e, dentro das nossas disponibilidades de recursos humanos e financeiros, foi conduzida por dois anos. Ao final desse período obtivemos resultados bastante promissores e fizemos sua divulgação por meio de artigo científico publicado em revista internacional. Isso permite que cientistas no mundo inteiro tenham acesso às informações do estudo e que possam usar nossos resultados para aprofundar cada vez mais a temática abordada”, observa o professor, ao destacar que assim como a pesquisa do Thomas, outros estudos estão sendo desenvolvidos pelo Laboratório de Olericultura da UPF com a participação de bolsistas de iniciação científica.
“Estamos conduzindo outros estudos para contribuirmos com a solução de algumas situações-problemas que detectamos no dia-a-dia dos produtores de morango em nossa região e, em breve, estaremos planejando a continuidade da pesquisa desenvolvida pelo Thomas”, comenta o professor.