Cultivares de tomateiro de hábito determinado

O tomate (Solanum lycopersicum) é a hortaliça mais consumida no mercado brasileiro e possui duas cadeias produtivas distintas compostas pelo cultivo para indústria e consumo “in natura”.

As cultivares destinadas ao cultivo de tomate de mesa são, em sua maioria, de hábito indeterminado, o que implica em aumento da necessidade de mão de obra para poda e tutoramento das plantas.

A planta, por apresentar crescimento contínuo, tem a presença de flores, frutos imaturos e maduros ao mesmo tempo, o que dificulta o manejo de pragas, pois o produtor, ao realizar as pulverizações, incorre no risco de contaminar os frutos que estão em ponto de colheita.

Investimento

O custo de um hectare de tomate ultrapassa R$ 100 mil, sendo caracterizado como uma cultura de alto investimento. Com isso, tem-se buscado reduzir os custos com mão de obra no cultivo de tomate de mesa e também os riscos de contaminação por agrotóxicos.

Desta forma, várias cultivares de tomate de hábito determinado têm sido testadas para o consumo “in natura”.

Cultivares de hábito determinado

Como vantagens do tomate de hábito determinado para mesa, podemos destacar a produção concentrada e padronizada de frutos, o que permite ao produtor o planejamento da lavoura.

Os frutos apresentam elevada qualidade e podem ser colhidos maduros, o que não prejudica a pós-colheita, pois são frutos que apresentam maior resistência ao transporte. O tempo de prateleira de frutos de tomate colhidos no estádio VI de maturação mantidos em temperatura ambiente varia entre 13 a 15 dias.

Por serem colhidos maduros, os frutos de tomate de hábito determinado apresentam maior qualidade quanto à coloração, sabor e compostos bioativos, como licopeno e vitamina C. Os frutos podem ser utilizados em saladas ou na produção caseira de molhos, sendo muito apreciados devido ao sabor mais adocicado e acidez.

Outra vantagem diz respeito à redução de mão de obra, pois o tomateiro de hábito determinado não requer poda, um dos grandes gargalos do cultivo de tomate. Além disso, o tutoramento pode ou não ser realizado, a depender da forma de condução adotada pelo produtor.

Formas de condução

O tomate determinado pode ser cultivado com ou sem tutoramento, em que o tipo de condução ‘meia estaca’ e mulching plástico são algumas das opções que têm apresentado melhores resultados para o cultivo.

Mesmo que seja realizado o tutoramento das plantas de tomateiro, a necessidade de fitilhamento é menor que a observada no cultivo de tomate de hábito indeterminado.

O tutoramento ‘meia estaca’ é realizado utilizando-se mourões, os quais são utilizados para condução das plantas com fitilhos plásticos. Para dar maior sustentação, são utilizadas estacas de bambu entre os mourões.

O cultivo pode ser realizado em campo aberto em períodos secos do ano e em casa de vegetação durante a época chuvosa. O sistema meia estaca proporciona maior luminosidade às plantas, o que resulta em maior produtividade e frutos de melhor qualidade.

O sistema de condução sobre mulching dispensa o tutoramento – as plantas de tomate são transplantadas em fileira única a 20 centímetros da borda do canteiro recoberto com a manta plástica.

As plantas são conduzidas sobre a manta de mulching, que deve ser instalada de forma a não ocorrer acúmulo de água. O cultivo sobre mulching reduz os custos de condução do tomateiro, sendo uma opção bastante vantajosa, principalmente quando conduzido em campo aberto.

O cultivo de tomate em campo aberto é possível apenas em período de seca, devido à cultura não tolerar molhamento foliar. Em locais com altas temperaturas, o mulching de coloração branca/preta é o mais adequado e deve ser instalado com a parte branca voltada para cima, refletindo a maior parte da luz que recebe, evitando o aquecimento da superfície.

Aptidão para o mercado de mesa

Além do modo de condução, a cultivar a ser utilizada é bastante importante, pois precisa apresentar características desejáveis de formato de fruto, tamanho adequado, coloração e sabor para atender o mercado ‘in natura’.

Estimativa de produção e qualidade

A produtividade do tomate de hábito determinado pode atingir 186,1 t ha-1, dependendo do híbrido utilizado e da forma de condução, que normalmente é maior em sistema de ‘meia estaca’. Recomenda-se que a adubação adotada para produção de cultivares de hábito determinado para produção de frutos de mesa seja a mesma para tomate estaqueado, garantindo assim elevada produção.

A condução sobre mulching plástico apresenta menor custo e proporciona uma produção elevada, mesmo na entressafra (69 t/ha-1), com índice elevado de lucratividade acima de 55%. Lembrando que no período de entressafra (chuvoso) o cultivo é realizado em ambiente protegido, o que incorre ao produtor o investimento no ambiente de cultivo.

O cultivo de tomate de hábito determinado representa um avanço para a atividade, uma vez que há a possibilidade de reduzir os custos com mão de obra e aumento da qualidade. A aceitação dos frutos de cultivares de hábito determinado é alta. Além disso, o produtor tem maior facilidade no manejo de pragas. Devido à frutificação concentrada e amadurecimento uniforme, é possível remover e destruir as plantas das lavouras em final de ciclo em menor tempo, evitando a migração das pragas para os novos talhões.

O teor de compostos bioativos em frutos de tomate determinado é elevado, sendo ricos em vitamina C (45,31 mg/100 g), licopeno (8,9 mg/100 g), com teor de °Brix acima de 3,5 tornando o fruto bastante adocicado e apreciado.

O maior receio do produtor é em relação à adaptação ao novo sistema de cultivo, a duração do ciclo e disponibilidade de frutos para a comercialização. Em média, o cultivo de tomate determinado para mesa fica em torno de 120±10 dias, com colheita de 30±5 dias, auxiliando no planejamento do produtor.

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