Além de rentável, cultivo é adequado a pequenas propriedades
O agricultor Deraldo Adelto de Araújo, que há 18 anos trocou o Paraná por Minas Gerais, encontrou uma nova oportunidade no Triângulo Mineiro. Em Araguari, onde predominam a produção de café, soja, milho, pastagem e tomate, Deraldo apostou na cultura da goiaba, uma atividade pouco comum na região.
Atualmente, Deraldo cultiva goiaba em quatro hectares de terra locada, com 2.500 pés que produzem cerca de 50 toneladas por hectare a cada ciclo de oito meses. A variedade cultivada é a goiaba tailandesa, com menos sementes e maior aceitação no mercado, segundo a Emater.
A escolha pela goiaba se deve, principalmente, à percepção de rentabilidade, além de ser adequada para pequenos espaços, como o senhor Deraldo, que é agricultor familiar.
Para o manejo das pragas, Deraldo adota práticas agroecológicas, como o ensacamento dos frutos para proteção e redução de danos, conforme orientação dos técnicos da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG).
“Os pomares dele são livres de agrotóxicos. Quando a goiaba está com dois a quatro centímetros, nós indicamos que façam o ensacamento dos frutos. Isso reduz a incidência de luz, minimizando danos na casca, além de proteger da mosca-das-frutas”, explica o técnico da empresa, André Luiz Figueiredo.
Além do suporte técnico, a Emater-MG auxilia na intermediação para as goiabas serem comercializadas. Deraldo foi incluído no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que exige que pelo menos 30% dos recursos destinados à merenda escolar sejam usados para comprar produtos da agricultura familiar, onde se agrega um pouco mais de valor ao produto, segundo o produtor.
Nas escolas de Araguari, as goiabas de Deraldo são bem aceitas pelos alunos. A secretária de Educação de Araguari, Cristiane Nery Pereira, destaca que “os produtos da época e frescos proporcionam uma alimentação saudável para muitos estudantes” com alimentos provenientes de produtores da região.
Os três filhos de Deraldo trabalham com ele na lavoura, cada um desempenhando uma função específica. “A família veio junto. A esposa sempre lutando ombro a ombro, os filhos cresceram, mas tomaram gosto, continuam trabalhando aqui”, comenta orgulhoso.
O agricultor relata que a família, com a prática, aprimorou a técnica, e que tem dificuldades para encontrar mão de obra fora do grupo familiar. “Eu cheguei a trabalhar fora, mas vendo a dificuldade do meu pai, voltei. Trabalhar aqui é uma paixão. Meu pai é um exemplo pra mim”, diz Luiz Henrique de Araújo, um dos filhos do senhor.